Missa da
Santíssima Trindade. Palavra de Deus: Deuteronômio 4,32-34.39-40; Romanos
8,14-17; Mateus 28,16-20.
O
que é melhor para a nossa vida: um muro ou uma ponte? Depende da situação que
estamos vivendo. Se nos sentimos ameaçados por alguma coisa, um muro é melhor;
se temos o desejo de estreitar laços com as pessoas, uma ponte é melhor.
Algumas vezes o Papa Francisco chamou a nossa atenção para o fato de que nós
deveríamos aprender a derrubar muros e construir pontes. No entanto, a cultura
moderna, marcada por um forte individualismo, nos incentiva a fazer o
contrário: destruir pontes e, no lugar delas, levantar grandes muros que nos
mantenham distantes uns dos outros. Desse modo, nossos relacionamentos vão
sendo descuidados, machucados e até mesmo destruídos, porque usamos a nossa
energia emocional para construir muros ao invés de pontes.
Ao
nos falar de Deus como Santíssima Trindade, a celebração de hoje nos lembra que
Deus se revelou na Sagrada Escritura como um construtor de pontes e não de muros.
A primeira ponte que Deus estendeu na direção da humanidade se deu com o povo
de Israel. Moisés lembrou isso na leitura que ouvimos: Deus se fez próximo de
Israel, se fez Presença amorosa, libertadora e confortadora, para que Israel
jamais se sentisse sozinho no mundo. Através do povo de Israel, Deus começou a
Se revelar como Pai, o Pai que cuida dos Seus filhos na terra, que os acompanha
no caminho da vida e os orienta com Sua palavra.
Apesar
dessa paternidade de Deus para com Israel, sabemos que esse povo diversas vezes
levantou muros que o separaram de Deus, como o muro da infidelidade religiosa,
o muro das injustiças sociais e o muro da falta de solidariedade e de cuidado
para com o próximo, especialmente o necessitado. Mas a boa notícia é que Jesus
derrubou todos esses muros e no lugar deles construiu pontes, restabelecendo a
comunhão do ser humano com Deus e dos homens entre si (cf. Ef 2,14-18), de modo
que, por meio de Jesus Cristo, todos nós podemos ter acesso ao Pai (cf. Ef
2,18), isto é, podemos entrar em comunhão com o Pai.
A
prova de que Deus é ponte e não muro está justamente na Sua imagem de Pai. Basta
lembrarmos que a palavra “pai” fala da relação com o “filho”, assim como a
palavra “filho” fala da relação com o “pai”. O apóstolo Paulo nos dá hoje a
alegria de compreender que cada um de nós é convidado a viver na mesma relação
de comunhão e amor que existe entre Deus Pai e Seu Filho Jesus Cristo: “(...) recebestes
um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abá – ó Pai! O
próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de
Deus” (Rm 8,15-16). Se é verdade que nós às vezes levantamos muros que nos
separam de Deus, ou às vezes sentimos que Ele está distante de nós, indiferente
ao que nos acontece, precisamos silenciar e ouvir dentro de nós a voz do
Espírito Santo que clama “Abá – Papai!”. Era assim que Jesus, o Filho, se
dirigia a Deus nas suas orações.
Clamar
a Deus de “Abá – Papai” não significa clamar por alguém que está ausente e
distante e que precisamos que se faça presente e próximo de nós. Deus jamais se
faz ausente ou distante de um filho Seu! Portanto, quando clamamos a Deus de
“Abá – Papai” estamos professando nossa fé na verdade de que não somos órfãos e
não fomos abandonados às mãos do acaso neste mundo. Assim como Jesus, nós temos
Deus por Pai, e assim como Jesus, nós podemos declarar que em nenhuma situação
estamos sozinhos, mas o Pai está sempre conosco! (cf. Jo 16,32). Justamente por
isso, Paulo afirma que o Espírito Santo “atesta”, comprova, certifica, não
deixa dúvida alguma, de que somos filhos de Deus e Ele nos ama com o mesmo amor
com que ama Seu Filho Jesus.
Se
a palavra “Pai” remete ao “Filho” e se a palavra “Filho” remete ao “Pai”, o
amor, a relação, a íntima comunhão que existe entre Pai e Filho foi revelada na
Sagrada Escritura como sendo a Pessoa do Espírito Santo. Neste sentido, o
Espírito Santo é a ponte por meio da qual Pai e Filho se encontram todos os
dias. Ele é também a ponte que nos coloca em comunhão com o Pai e o Filho. Assim,
entendemos que todo ser humano que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus torna-se
um construtor de pontes neste mundo, torna-se uma pessoa capaz de curar,
recuperar e restaurar relacionamentos, diminuindo distâncias e convertendo
situações de isolamento e solidão em oportunidades de comunhão.
No
Evangelho deste domingo da Santíssima Trindade Jesus nos confia a missão de ir
pelo mundo inteiro, anunciar a verdade do Seu Evangelho a toda pessoa,
convidando-a a viver na comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Justamente
por isso, toda pessoa que é batizada o é “em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo” (Mt 20,19). O Pai enviou seu Filho como Salvador de todo ser
humano e igualmente prometeu derramar o Espírito Santo sobre todo ser humano
(cf. Jl 3,1). Jesus, por sua vez, morreu na cruz para reunir todos os filhos de
Deus dispersos (cf. Jo 11,52). Por meio d’Ele – dizendo mais uma vez – todos
nós temos acesso ao Pai (cf. Ef 2,18); todos, e não somente alguns. Por fim, o
Espírito Santo é o vento que sopra onde quer (cf. Jo 3,8); Ele é a ponte que o
Pai estende, por meio do Filho, na direção de todo ser humano que precisa ser
reencontrado e reintroduzido na comunhão com a Santíssima Trindade.
Sejamos
colaboradores na obra que o Pai, o Filho e o Espírito Santo realizam em vista
da salvação de cada ser humano. Ajudemos a derrubar os muros do individualismo,
da indiferença e da intolerância que estão nos mantendo distantes uns dos
outros e, sobretudo, das pessoas necessitadas, e construamos pontes que
devolvam humanidade, solidariedade e esperança ao nosso mundo. Oremos à
Santíssima Trindade: “Glória ao Pai que, por seu poder, me criou à sua imagem e
semelhança! Glória ao Filho que, por amor, me libertou de todas as frustrações
e me abriu a porta do céu! Glória ao Espírito Santo que, por sua misericórdia,
me santificou e, continuamente, realiza esta santificação pelas graças que
todos os dias recebo de sua infinita bondade. Glória às três adoráveis pessoas
da Trindade, como era no princípio e agora e sempre e por todos os séculos dos
séculos! Eu vos adoro, Trindade beatíssima, com devoção e profundo respeito e
Vos dou graças por nos haverdes revelado tão glorioso e inefável mistério. Humildemente
Vos suplico me concedais que, perseverando até à morte nesta crença, possa ver
e glorificar no céu o que firmemente creio na terra: um Deus em três pessoas
distintas Pai, Filho e Espírito Santo. Amém!” (Retirada do livro: Orações do Povo de Deus. Editora Vozes).
“Trindade
Santíssima – Pai, Filho, Espírito Santo – presente e agindo na Igreja e na
profundidade do meu ser. Eu vos adoro, amo e agradeço. E pelas mãos da Virgem
Maria, minha Mãe Santíssima, eu me ofereço, entrego e consagro inteiramente a
vós, nesta vida e para a eternidade.
Pai Celeste, a vós me ofereço, entrego e consagro como filho(a). Jesus Mestre, a vós me ofereço, entrego e consagro, como irmão(a) e discípulo(a). Espírito Santo, a vós me ofereço, entrego e consagro, como ‘templo vivo’ para ser santificado. Maria, Mãe da Igreja e minha Mãe, vós que estais na mais íntima união com a Santíssima Trindade, ensinai-me a viver em comunhão com as três divinas Pessoas, a fim de que a minha vida inteira seja um hino de glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém” (Pe. Tiago Alberione).
Pai Celeste, a vós me ofereço, entrego e consagro como filho(a). Jesus Mestre, a vós me ofereço, entrego e consagro, como irmão(a) e discípulo(a). Espírito Santo, a vós me ofereço, entrego e consagro, como ‘templo vivo’ para ser santificado. Maria, Mãe da Igreja e minha Mãe, vós que estais na mais íntima união com a Santíssima Trindade, ensinai-me a viver em comunhão com as três divinas Pessoas, a fim de que a minha vida inteira seja um hino de glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Amém” (Pe. Tiago Alberione).
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