sábado, 14 de outubro de 2017

“Os que ensinam a muitos a justiça serão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3)

          Professor: chamado a ser uma referência num tempo muito pobre ou até mesmo vazio de referências para as novas gerações; desafiado a ser uma referência de pai ou de mãe para alunos sem experiências significativas de afeto familiar e sem alguém que lhes coloque disciplina e limites; chamado ainda a ter ouvidos de psicólogo, para escutar os pedidos de socorro de crianças, adolescentes e jovens necessitados de orientação para lidar com seus conflitos...
            Professor: chamado a indicar caminhos, a questionar ideias e atitudes destrutivas que colocam em risco a saúde física e emocional não só de seus alunos, mas da escola, da família e da própria sociedade; desafiado a ajudar seus alunos a compreenderem que eles não são simplesmente o “resultado” do que receberam (ou deixaram de receber) de seus pais/responsáveis ou do meio em que foram criados, mas que eles têm dentro de si a liberdade de escolher o que fazer com aquilo que receberam, abrindo-se para um futuro melhor, mais digno, mais humano e mais libertador do que o momento presente.
            Professor: educador, aquele que dialoga com a consciência e com o coração de seus alunos, convidando-os a explorarem o potencial da própria inteligência intelectual e emocional, ajudando-os a se perceberem no seu valor como pessoas humanas, independente da sua capacidade de “produção” e de obtenção de “resultados” naquilo que são chamados a fazer, principalmente diante das pressões e cobranças de uma sociedade competitiva, individualista e consumista como a nossa.   
            Professor: na maior parte das vezes, mal remunerado na sua função, consequência de um País cujo sistema político propositalmente trata com descaso a Educação porque sabe que se ela for de qualidade, impedirá que pessoas corruptas cheguem ou continuem a se manter no poder; alguém que tenta se fazer ouvir numa classe abarrotada de alunos – no caso das escolas públicas/municipais – porque o Estado/Prefeitura, endividado(a) graças a inúmeros desvios, precisa “fechar a torneira” dos gastos públicos, e o faz diminuindo o número de salas de aula e dispensando professores.   
            Numa época onde a escolha de profissões se dá, na maioria das vezes, segundo o critério financeiro (salário), escolher ser professor é algo que só pode ser entendido como vocação, como resposta a um chamado a ser uma pessoa que acredita no valor de uma semente, que entende que o sentido da vida e a realização profissional não estão nos frutos que se colhe a cada dia, mas nas sementes que se lança com suor e lágrimas no cotidiano de uma sala de aula.
            Numa época de inversão de valores como a nossa, ser professor é teimar em acender uma luz no coração de uma sociedade que se acostuma cada vez mais a viver no escuro da ignorância, da superficialidade, do conhecimento raso, do excesso de informações e do vazio de profundidade, uma sociedade onde a busca da verdade que liberta foi substituída pela satisfação egoísta do próprio bem estar, uma satisfação que aprisiona a pessoa na mentira, chegando muitas vezes a causar mal aos outros.
            Numa época onde inúmeras pessoas se sentem sem vida, sem alegria e sem esperança, como os ossos secos na visão do profeta Ezequiel (cf. Ez 37,1-14), nós, Igreja Católica, desejamos que você, caríssimo professor, seja uma pessoa revestida pelo Espírito Santo, para que continue a pronunciar a sua incansável palavra de educação, de conhecimento, de conscientização e de libertação, para que seus alunos possam renascer a partir de dentro, possam deixar vir para fora o melhor que cada um deles tem guardado dentro de si como seres humanos, e assim teremos um futuro e uma esperança para as famílias, para as cidades e para o País.

            Nossa gratidão e admiração pelo serviço que cada um de vocês, professores, tem prestado à humanidade! Deus os abençoe!    

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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