Professor:
chamado a ser uma referência num tempo muito pobre ou até mesmo vazio de
referências para as novas gerações; desafiado a ser uma referência de pai ou de
mãe para alunos sem experiências significativas de afeto familiar e sem alguém
que lhes coloque disciplina e limites; chamado ainda a ter ouvidos de
psicólogo, para escutar os pedidos de socorro de crianças, adolescentes e
jovens necessitados de orientação para lidar com seus conflitos...
Professor: chamado a indicar caminhos,
a questionar ideias e atitudes destrutivas que colocam em risco a saúde física
e emocional não só de seus alunos, mas da escola, da família e da própria
sociedade; desafiado a ajudar seus alunos a compreenderem que eles não são
simplesmente o “resultado” do que receberam (ou deixaram de receber) de seus
pais/responsáveis ou do meio em que foram criados, mas que eles têm dentro de
si a liberdade de escolher o que fazer com aquilo que receberam, abrindo-se
para um futuro melhor, mais digno, mais humano e mais libertador do que o
momento presente.
Professor: educador, aquele que dialoga
com a consciência e com o coração de seus alunos, convidando-os a explorarem o
potencial da própria inteligência intelectual e emocional, ajudando-os a se
perceberem no seu valor como pessoas humanas, independente da sua capacidade de
“produção” e de obtenção de “resultados” naquilo que são chamados a fazer,
principalmente diante das pressões e cobranças de uma sociedade competitiva,
individualista e consumista como a nossa.
Professor: na maior parte das vezes,
mal remunerado na sua função, consequência de um País cujo sistema político
propositalmente trata com descaso a Educação porque sabe que se ela for de
qualidade, impedirá que pessoas corruptas cheguem ou continuem a se manter no
poder; alguém que tenta se fazer ouvir numa classe abarrotada de alunos – no caso
das escolas públicas/municipais – porque o Estado/Prefeitura, endividado(a)
graças a inúmeros desvios, precisa “fechar a torneira” dos gastos públicos, e o
faz diminuindo o número de salas de aula e dispensando professores.
Numa
época onde a escolha de profissões se dá, na maioria das vezes, segundo o
critério financeiro (salário), escolher ser professor é algo que só pode ser
entendido como vocação, como
resposta a um chamado a ser uma pessoa que acredita no valor de uma semente,
que entende que o sentido da vida e a realização profissional não estão nos
frutos que se colhe a cada dia, mas nas sementes que se lança com suor e
lágrimas no cotidiano de uma sala de aula.
Numa
época de inversão de valores como a nossa, ser
professor é teimar em acender uma luz no coração de uma sociedade que se acostuma
cada vez mais a viver no escuro da ignorância, da superficialidade, do
conhecimento raso, do excesso de informações e do vazio de profundidade, uma
sociedade onde a busca da verdade que liberta foi substituída pela satisfação
egoísta do próprio bem estar, uma satisfação que aprisiona a pessoa na mentira,
chegando muitas vezes a causar mal aos outros.
Numa
época onde inúmeras pessoas se sentem sem vida, sem alegria e sem esperança,
como os ossos secos na visão do profeta Ezequiel (cf. Ez 37,1-14), nós, Igreja
Católica, desejamos que você, caríssimo professor, seja uma pessoa revestida
pelo Espírito Santo, para que continue a pronunciar a sua incansável palavra de
educação, de conhecimento, de conscientização e de libertação, para que seus
alunos possam renascer a partir de dentro, possam deixar vir para fora o melhor
que cada um deles tem guardado dentro de si como seres humanos, e assim teremos
um futuro e uma esperança para as famílias, para as cidades e para o País.
Nossa
gratidão e admiração pelo serviço que cada um de vocês, professores, tem
prestado à humanidade! Deus os abençoe!
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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