sexta-feira, 22 de julho de 2016

VOCÊ ACREDITA QUE AINDA VALE A PENA REZAR?

Missa do 17º. dom. comum. Palavra de Deus: Gênesis 18,20-32; Colossenses 2,12-14; Lucas 11,1-13.
           
Como anda a sua vida de oração? Quais as alegrias que você já experimentou na sua oração? Quais as decepções? Nós podemos comparar a oração como um rio. Você é convidado(a) a entrar neste rio e flutuar nele, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo até a presença de Deus. Mas, quantas vezes você entra neste rio, entra em oração, e ao invés de se deixar conduzir pelo Espírito, abraçando a vontade de Deus, você começa a nadar contra a corrente, opondo resistência ao Espírito, porque quer que prevaleça a sua vontade e não a vontade de Deus? Quando você faz isso, acaba por transformar a sua oração num tormento. Isso distancia você da oração.
O texto de Gn 18,20-32 nos coloca diante da oração de Abraão, uma oração que revela três atitudes importantes: humildade, “atrevimento” e insistência: “Estou sendo atrevido em falar ao meu Senhor” (Gn 18,27)... “Abraão tornou a insistir...” (Gn 18,30). Jesus, depois de ensinar seus discípulos a rezar, também sublinha a importância de insistir com Deus na oração. Enquanto muitas pessoas rezam até se cansar, ou quem sabe até se ‘decepcionar’ com Deus, Jesus nos diz que devemos pedir até receber, buscar até encontrar, bater até a porta se abrir (cf. Lc 11,9). Somente quando rezamos de maneira humilde, “atrevida” e insistente é que descobrimos o quanto a força da oração pode em nossa vida.
Assim se expressa o salmista em relação à oração: “Naquele dia em que gritei, vós me escutastes e aumentastes o vigor da minha alma” (Sl 138,3). Quantas pessoas têm perdido o seu vigor e definhado na sua vida espiritual porque deixaram de gritar a Deus, deixaram de rezar? O salmista pede concretamente: “Completai em mim a obra começada... Ó Senhor... eu vos peço: não deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos!” (Sl 138,8). A oração é necessária para que Deus complete a obra que começou em você. Quanto menos tempo você dedica à oração, quanto menos você se coloca nas mãos de Deus por meio da oração, mais inacabado(a) você se sente.
“Senhor, ensina-nos a rezar...” (Lc 11,1). Como os discípulos, nós sentimos que nossa vida de oração precisa melhorar. Nós necessitamos da oração porque necessitamos de Deus, e somente na oração podemos nos abrir a Deus; somente na oração podemos nos deixar amar e cuidar por Deus. De fato, a primeira palavra da oração que Jesus nos ensinou é “Pai”. Nós não somos órfãos, nem estamos sozinhos neste mundo. Deus é o Pai de cada um de nós e cuida de cada um de nós! E a oração nada mais é do que confiar-se aos cuidados do Pai, deixar-se cuidar por Ele!
Jesus insiste nesta imagem de Deus como Pai, ao exemplificar que se os pais – humanos e imperfeitos – dão coisas boas aos filhos, muito mais “o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11,13). Por que o Espírito Santo, e não saúde, prosperidade, sucesso, vitória etc? Porque “nem só de pão vive o homem” (Mt 4,4); porque somos cidadãos do céu e devemos buscar as coisas do alto (cf. Fl 3,20; Cl 3,1); porque devemos pedir a Deus não ‘migalhas’, não bens transitórios, mas o Seu maior bem, o Seu maior dom, a Sua maior bênção: o Espírito Santo, sem O qual nada podemos.
Uma última consideração: Sabe qual é o critério para verificar se sua oração foi boa ou se ela atingiu o seu objetivo? A oração é boa não quando você sai dela sentindo-se melhor – embora isso também possa acontecer –, mas quando ela ajuda você a encontrar e abraçar a vontade do Pai a seu respeito...

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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