Missa
do 17º. dom. comum. Palavra de Deus: Gênesis 18,20-32; Colossenses 2,12-14;
Lucas 11,1-13.
Como
anda a sua vida de oração? Quais as alegrias que você já experimentou na sua
oração? Quais as decepções? Nós podemos comparar a oração como um rio. Você é
convidado(a) a entrar neste rio e flutuar nele, deixando-se conduzir pelo
Espírito Santo até a presença de Deus. Mas, quantas vezes você entra neste rio,
entra em oração, e ao invés de se deixar conduzir pelo Espírito, abraçando a
vontade de Deus, você começa a nadar contra a corrente, opondo resistência ao
Espírito, porque quer que prevaleça a sua vontade e não a vontade de Deus?
Quando você faz isso, acaba por transformar a sua oração num tormento. Isso
distancia você da oração.
O
texto de Gn 18,20-32 nos coloca diante da oração de Abraão, uma oração que revela
três atitudes importantes: humildade, “atrevimento” e insistência: “Estou sendo
atrevido em falar ao meu Senhor” (Gn 18,27)... “Abraão tornou a insistir...”
(Gn 18,30). Jesus, depois de ensinar seus discípulos a rezar, também sublinha a
importância de insistir com Deus na oração. Enquanto muitas pessoas rezam até
se cansar, ou quem sabe até se ‘decepcionar’ com Deus, Jesus nos diz que
devemos pedir até receber, buscar até
encontrar, bater até a porta se abrir (cf. Lc 11,9). Somente quando rezamos de maneira humilde, “atrevida” e
insistente é que descobrimos o quanto a força da oração pode em nossa vida.
Assim
se expressa o salmista em relação à oração: “Naquele dia em que gritei, vós me
escutastes e aumentastes o vigor da minha alma” (Sl 138,3). Quantas pessoas têm
perdido o seu vigor e definhado na sua vida espiritual porque deixaram de
gritar a Deus, deixaram de rezar? O salmista pede concretamente: “Completai em
mim a obra começada... Ó Senhor... eu vos peço: não deixeis inacabada esta obra
que fizeram vossas mãos!” (Sl 138,8). A oração é necessária para que Deus
complete a obra que começou em você. Quanto menos tempo você dedica à oração,
quanto menos você se coloca nas mãos de Deus por meio da oração, mais
inacabado(a) você se sente.
“Senhor,
ensina-nos a rezar...” (Lc 11,1). Como os discípulos, nós sentimos que nossa
vida de oração precisa melhorar. Nós necessitamos da oração porque necessitamos
de Deus, e somente na oração podemos nos abrir a Deus; somente na oração
podemos nos deixar amar e cuidar por Deus. De fato, a primeira palavra da
oração que Jesus nos ensinou é “Pai”. Nós não somos órfãos, nem estamos
sozinhos neste mundo. Deus é o Pai de cada um de nós e cuida de cada um de nós!
E a oração nada mais é do que confiar-se aos cuidados do Pai, deixar-se cuidar
por Ele!
Jesus
insiste nesta imagem de Deus como Pai, ao exemplificar que se os pais – humanos
e imperfeitos – dão coisas boas aos filhos, muito mais “o Pai do Céu dará o
Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11,13). Por que o Espírito Santo, e não
saúde, prosperidade, sucesso, vitória etc? Porque “nem só de pão vive o homem”
(Mt 4,4); porque somos cidadãos do céu e devemos buscar as coisas do alto (cf.
Fl 3,20; Cl 3,1); porque devemos pedir a Deus não ‘migalhas’, não bens
transitórios, mas o Seu maior bem, o Seu maior dom, a Sua maior bênção: o
Espírito Santo, sem O qual nada podemos.
Uma
última consideração: Sabe qual é o critério para verificar se sua oração foi
boa ou se ela atingiu o seu objetivo? A oração é boa não quando você sai dela sentindo-se
melhor – embora isso também possa acontecer –, mas quando ela ajuda você a
encontrar e abraçar a vontade do Pai a seu respeito...
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