sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

SENTIR-SE TENTADO NÃO SIGNIFICA CONSENTIR NO PECADO

Missa do 1º. dom. da quaresma. Palavra de Deus: Deuteronômio 26,4-10; Romanos 10,8-13; Lucas 4,1-13.

               Talvez você tenha feito um propósito de mudança, de santificação ou de conversão para esta quaresma. Talvez você tenha colocado diante de Deus a sua necessidade de fazer a páscoa, isto é, a passagem de uma situação de morte para uma situação de vida. Seja qual for o seu propósito de mudança ou a sua necessidade de fazer uma determinada passagem, as tentações de Jesus querem lembrar você de que sempre há um confronto a ser enfrentado, um confronto espiritual.
              Como acontece com todo ser humano, Jesus foi tentado durante toda a sua vida terrena – este é o significado dos “quarenta dias” (Lc 4,2) e, sobretudo, da expressão “no tempo oportuno” (Lc 4,13). Aliás, aqui já podemos adiantar uma reflexão: qual é o “tempo oportuno” para o mau espírito nos tentar? A tentação sempre fala mais forte conosco nos períodos de crise ou de desolação, nos prometendo soluções rápidas, receitas miraculosas, alívio imediato para a nossa dor. É principalmente quando você não está bem que o mau espírito fala com você.
             De maneira geral, como é que nós somos tentados? Nós somos tentados a não cumprir com nossas obrigações; a abandonar compromissos; a buscar caminhos mais fáceis e rápidos, ainda que não sejam corretos, nem justos. Nós somos tentados a dar livre curso à nossa agressividade; a não esperar em Deus, mas a fazer justiça com nossas próprias mãos. Nós também somos tentados a desistir de lutar e mesmo de viver; a eliminar todas as nossas fraquezas e sermos revestidos unicamente do poder de Deus. Enfim, nós somos tentados a eliminar para sempre o mal do meio de nós e também dentro de nós, como se isso fosse possível.  
             As tentações de Jesus revelam-me uma verdade difícil de aceitar: o mal que eu vejo nos outros também mora em mim. Sim, o mal também habita em mim. Eu o percebo claramente na perversão da minha sexualidade, na minha agressividade (sentimento de vingança), no meu egoísmo, na minha ambição pelo dinheiro (pequenos atos de corrupção), no meu desejo de poder etc. Assim como fez com Jesus, o mau espírito também me diz que eu não preciso sofrer privação de nada; que, se eu servi-lo, ele me fará prosperar grandemente; enfim, que eu não preciso abrir mão de Deus, mas, se quiser, posso usá-Lo na minha fé unicamente para meu proveito próprio.           
               Jesus conseguiu resistir às propostas do tentador porque ele tinha intimidade com a palavra de Deus: “A Escritura diz” (Lc 4,4.8.12). O apóstolo Paulo nos lembra que a palavra de Deus deve se tornar para nós “palavra da fé”, e assim ela será nossa defesa contra o tentador. Em que sentido “palavra da fé”? Uma palavra que esteja em nossa boca (confessar Jesus como Senhor) e em nosso coração (crer que Deus o ressuscitou). Essa mesma palavra nos oferece uma indicação importante sobre como podemos lidar com as tentações: “Sujeitem-se a Deus; resistam ao diabo e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus e ele se aproximará de vocês” (Tg 4,7-8).
              Eu não posso ficar passivo diante do mau espírito. Preciso opor-lhe resistência, e a melhor resistência é sujeitar-me a Deus: eu reconheço meus sentimentos, os acolho e decido livremente sujeitá-los a Deus, ao Seu querer. Em outras palavras, se eu nem sempre escolho me sentir tentado, sempre posso escolher entre consentir ou não àquela tentação. Portanto, assim como Jesus fez, eu posso escolher sujeitar-me ao querer de Deus. É d’Ele que eu devo me aproximar mais ainda, principalmente quando me sinto tentado. Desse modo, o mau espírito se afasta de mim, porque escolhi livremente sujeitar a minha vida ao senhorio de Deus.
                Eis uma oração que pode lhe ajudar:
               A cruz sagrada seja minha luz. Não seja o dragão meu guia. Que seja Jesus. A cruz sagrada seja minha luz. Não seja o dragão meu guia, não. Seja expulso, inimigo de meu Deus! Bebe tu mesmo os venenos teus! Não me oferece coisas vãs não, não. É mal o que me oferece. Desaparece! Não me oferece coisas vãs não, não. É mal o que me oferece. Seja expulso inimigo de meu Deus! Bebe tu mesmo os venenos teus! Então, vem, Senhor Jesus, vem com tua cruz. Salvador, seja minha luz! Então, vem, Senhor Jesus, luta em meu lugar. Redentor, vem me libertar! (Anjos de Resgate, A cruz sagrada) 

                                                                     Pe. Paulo Cezar Mazzi

3 comentários:

  1. Até onde conseguimos discernir quais as tentações que mais nos sufocam? Uma caminhada difícil de ser feita, cheia de tropeços e dificuldades, porém é no Pai que encontraremos a luz que clareia nosso entendimento.

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  2. Até onde conseguimos discernir quais as tentações que mais nos sufocam? Uma caminhada difícil de ser feita, cheia de tropeços e dificuldades, porém é no Pai que encontraremos a luz que clareia nosso entendimento.

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  3. Oi não é o Matheus Angelo, mas sim a sua mãe Sebastiana. Quanto as reflexões são ótimas, passei a conhecer agora é já me identifiquei com algumas leituras que já fiz. Está esclarecendo muitas dúvidas que eu tenho, sei que vai me ajudar muito com minha maneira de ser cristã. Obrigada Pe. Paulo Cezar Mazzi, que DEUS na sua infinita misericórdia o abençoe e abençoe sua vocação e sua missão. Um abraço Sebastiana Pinheiro Ventura

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