Diante do desejo de acomodação (estar
enraizado, estabelecido) e da exigência de garantias (Onde é? Como é? O que me
espera?), “sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a
terra que eu te mostrarei... Seja uma bênção” (Gn 12,1.2). Reconstrói a minha
Igreja!
Talvez você pergunte: “Quem sou
eu...?” (Ex 3,11), para assumir tal missão, para abraçar tal risco? “Eis que
não acreditarão em mim, nem ouvirão a minha voz” (Ex 4,1). “Perdão, meu Senhor,
eu não sou homem de falar... Envia o intermediário que quiseres” (Ex 4,10.13),
mas Eu te digo: “Eu estarei contigo” (Ex 3,12); “Eu estarei em tua boca, e te
indicarei o que você deverá falar” (Ex 4,12). Mesmo com a tua limitação,
reconstrói a minha Igreja!
Numa época em que se perdeu a
perspectiva de futuro, onde tudo se reduziu ao aqui e agora, onde o anseio pelo
Reino se fragmentou em desejos de mercado – bem estar, sucesso, vitória,
conquista, felicidade – “seja forte e corajoso, pois você deverá fazer entrar
este povo na terra que o Senhor jurou dar aos seus pais... O próprio Senhor irá
à tua frente, Ele estará com você! Nunca te deixará, jamais te abandonará! Não tenha
medo, nem se apavore” (Dt 31,7-8). Reconstrói a minha Igreja!
Ainda que você tenha plena
consciência da sua pequenez – e é bom mesmo que tenha – e diga “Como posso
salvar (um povo)? Meu clã é o mais fraco... e eu sou o último na casa de meu
pai” (Jz 6,15), Eu te digo: “Vai com a força que está em ti...” (Jz 16,14).
Lembre-se de que você não recebeu “um espírito de medo, mas um espírito de
força, de amor e de autodomínio” (2Tm 1,7). A partir desse espírito que te
anima, reconstrói, pois, a minha Igreja!
Diante de um mundo cada vez mais
secularizado, com famílias desestruturadas, adolescentes e jovens mergulhando
de cabeça nas drogas, a violência crescente, as injustiças se tornando parte do
cotidiano, as religiões e as igrejas se vendo como “empresas” concorrentes, pergunto-Me:
“Quem eu vou enviar? Quem irá por nós?” (Is 6,8). Há alguém que se apresente
para reconstruir a minha Igreja?
Sim! Você dirá: “Ah! Senhor
Deus, eis que eu não sei falar, porque sou ainda criança!” (Jr 1,6). Sim!
Quando você se colocar a Meu serviço, viverá momentos de profunda crise, de
grande arrependimento, chegando até ao ponto de desejar não ter nascido
(“maldito o dia em que nasci!” – Jr 20,14), porque sua missão será ingrata: antes
de construir e plantar, você deverá primeiro arrancar e destruir, exterminar e
demolir, e as pessoas o odiarão por isso. Mas “a quem eu te enviar, você irá, e
o que eu te ordenar, você falará. Não tema diante deles, porque eu estou com
você para te salvar” (Jr 1,7-8). Nunca se esqueça disso: “Eu estou vigiando sobre
minha palavra para realizá-la” (Jr 1,12). Portanto, vai e reconstrói a minha
Igreja!
Cuidado com a busca por
resultados! A cultura em que você vive visa exatamente isso: resultados,
eficiência, metas atingidas. Mas isso nada mais é do que casa construída sobre
a areia. Construa a sua sobre a rocha. Eu te enviarei a pessoas que precisam te
ouvir, mas que não vão querer te ouvir. Porém, “quer te escutem, quer deixem de
escutar..., saberão, ao menos, que um profeta esteve com eles” (Ez 2,5).
Independentemente dos resultados, reconstrói a minha Igreja!
Minha Igreja necessita de
reformas profundas. Os remendos, sempre tímidos, não têm funcionado (cf. Mt
9,16). Em muitos lugares está faltando vinho (cf. Jo 2,3), alegria, entusiasmo,
vida, porque a lei passou a ser mais consultada do que o Espírito; o serviço
passou a ser entendido como cargo; acostumaram-se a falar de Mim sem falar
antes comigo, por meio da oração e da escuta da minha Palavra; aquela que meu
Filho banhou e purificou, para ser Sua esposa imaculada (cf. Ef 5,26-27),
carrega consigo manchas de prostituição, tanto no campo sexual quanto financeiro...
É hora de reconstruir a minha Igreja, lembrando que tal reconstrução se dará “não
pelo poder, nem pela força, mas por meu espírito, diz o Senhor dos Exércitos”
(Zc 4,6).
Eu
te escolhi “como um instrumento para levar o meu nome diante das nações” (At
9,16); separei você desde o seio materno e te chamei por minha graça (cf. Gl
1,15). Aos olhos do mundo, seria muito mais lógico que Eu ou escolhesse outra pessoa
– quem sabe mais madura e capacitada do que você, para reconstruir a minha
Igreja –, ou então que removesse de você todo tipo de limitação, fraqueza ou
imperfeição. Mas, não vou fazer isso. Você carregará o tesouro da sua vocação
em vaso de barro, para que fique claro aos demais que se trata de um dom meu e
não de uma qualidade sua (cf. 2Cor 4,7). Você levará consigo uma espécie de
espinho na carne, para que não se encha de soberba, nem se torne arrogante (cf.
2Cor 12,7). Porém, tenha a certeza de uma coisa: sempre que se sentir fraco,
poderá experimentar a minha força (cf. 2Cor 12,9). Vamos! Reconstrói a minha Igreja!
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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