quinta-feira, 9 de julho de 2015

REMOVER A PELÍCULA DO INDIVIDUALISMO

Missa do 15º. dom. comum. Palavra de Deus: Amós 7,12-15; Efésios 1,3-14; Marcos 6,7-13.

            Há uma diferença entre o vidro de uma janela e um espelho. O vidro da janela te dá a possibilidade de enxergar para além de você, de ver as outras pessoas e de se tornar consciente do que acontece além do seu mundo particular. O espelho, por ter uma camada fina e prateada atrás do vidro, não te deixa ver além de si mesmo(a): tudo se resume em você e as suas necessidades, você e os seus desejos; os outros não existem.
         Ao chamar os doze e enviá-los em missão, Jesus está raspando aquela camada fina e prateada, que o individualismo colocou na janela dos nossos sentidos, e nos tornando conscientes de que o mundo à nossa volta é muito mais amplo do que as nossas necessidades e os nossos desejos egocêntricos. Para além da tela da nossa TV e do nosso computador/tablet/celular, existem pessoas reais precisando de nós. Para além das nossas necessidades e dos nossos desejos particulares, existe uma missão que nos foi confiada, uma missão que somente nós podemos realizar.  
            Quando o sacerdote Amasias tentou convencer o profeta Amós a exercer seu trabalho de profeta em outro lugar, ao invés de ficar incomodando a consciência do rei com suas profecias, Amós respondeu que sua profissão nunca foi ser um profeta, mas o próprio Deus lhe deu a ordem de profetizar para Israel (cf. Am 7,12-15). Enquanto a profissão consiste em trabalhar em algo para ganhar dinheiro e me sustentar, a vocação consiste em obedecer a um chamado de Deus e a compreender que o sentido da minha vida não está em apenas ganhar dinheiro para sobreviver, mas em ser uma presença de esperança, de alegria, de amor, de justiça e de paz para as pessoas às quais Deus me enviar durante minha breve existência neste mundo.
            Através do Papa Francisco, Jesus tem proclamado em alto e bom som a cada um de nós, católicos: ‘Eu quero minha Igreja em saída! Eu quero você enxergando a vida além de si e das suas necessidades! Eu te desafio a raspar a camada prateada de individualismo dos seus sentidos e se deixar afetar pela dor das pessoas à sua volta! Quero você como presença viva do meu Evangelho junto às outras pessoas. Quero você como uma presença de paz junto a quem se “habituou” com a violência; como uma presença de verdade e de justiça junto a quem se “acostumou” com a mentira e a injustiça; como uma presença do Deus vivo e verdadeiro junto a quem só se sente seguro a partir do dinheiro; como uma presença de família e de fidelidade junto a quem nunca experimentou um amor que ama até o fim; por fim, quero você como uma presença de cruz junto a toda pessoa que não aceita ter que lidar com a renúncia, com o sacrifício e com a dor’.
            A nossa presença junto às outras pessoas deve, segundo Jesus, provocar dois efeitos: conversão e cura. Todos nós precisamos de conversão. O Espírito Santo tem provocado nossa Igreja a passar por um processo de conversão pastoral, ou seja, a superar as estruturas ultrapassadas que não estão nos ajudando a ser uma presença viva do Evangelho junto às outras pessoas, sobretudo junto aos que sofrem. Por outro lado, todos nós precisamos de cura, e a cura vem pela remoção da película do individualismo que tem nos desumanizado e nos mantido afastados uns dos outros.
          O Evangelho termina mencionando que os discípulos curavam os doentes ungindo-os com óleo. A unção com esse óleo nos remete às palavras do apóstolo Paulo, quando afirma que o Pai nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo (cf. Ef 1,3). Fortalecidos pelo Espírito Santo, somos enviados para anunciar às pessoas que, por meio de Jesus Cristo, Deus Pai nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis, e para vivermos a cada dia sob o seu olhar, no amor (cf. Ef 1,4). Cada ser humano deve se tornar consciente de que é uma pessoa redimida, absolvida, liberta e salva, pelo sangue de Cristo derramado na cruz: n’Ele as nossas faltas são perdoadas (cf. Ef 1,7). Nele também nós ouvimos a palavra da verdade, o evangelho que nos salva. Por fim, crendo no Evangelho, somos marcados com o selo do Espírito Santo, que é a garantia da nossa redenção (cf. Ef 1,13-14).
            Abracemos, portanto, a missão que o Pai confia a cada um de nós, por meio de seu Filho Jesus e na unção do Espírito Santo: CORAÇÃO ADORADOR (Banda Dom)

https://www.youtube.com/watch?v=A9dCaMwwPu4

                                                                       Pe. Paulo Cezar Mazzi

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