Jerusalém
“não confiou no Senhor, não se aproximou de seu Deus” (Sf 3,2), denunciou o
profeta Sofonias. E por isso, multiplicou seus sofrimentos; sofreu muito mais
do que deveria, porque se colocou em mãos erradas (alianças políticas), porque
achou mais fácil apoiar-se no ser humano do que em Deus. Já o profeta Jeremias
havia advertido a respeito dessa escolha errada que fazemos com tanta
frequência, dessa loucura de deixar de nos apoiar em Deus para nos apoiar no
ser humano: “Maldito (infeliz) o homem que confia no homem, que faz da carne
(fragilidade humana) a sua força, mas afasta o seu coração do Senhor!” (Jr 17,5).
Quantas decisões erradas já tomamos
na vida por não confiarmos em Deus? Quantos se desesperaram, se precipitaram e
pioraram ainda mais a sua situação de sofrimento, porque quiseram resolver as
coisas do seu jeito, com suas próprias mãos, ao invés de se submeterem debaixo
da poderosa mão de Deus, aguardando o momento certo d’Ele se manifestar (cf.
1Pd 5,6)?
Também por meio do profeta Isaías,
Deus denuncia: “Visto que rejeitastes esta palavra (a minha Palavra) e pusestes
a vossa confiança na fraude e na tortuosidade, (...) este comportamento
perverso será para vós (...) como a quebra de um vaso de oleiro, despedaçado
sem piedade: dele não se consegue encontrar um caco entre os fragmentos... Na
conversão e na calma estava a vossa salvação, na tranquilidade e na confiança
estava a vossa força, mas vós não o quisestes!” (Is 30,12.14.15).
Confiar em Deus é abrir mão do
controle das coisas, é deixar de nos guiar pela nossa própria cabeça, para
obedecer ao que Deus nos mostra na sua Palavra; é aceitar que neste momento não
há o que fazer, a não ser esperar, esperar pelo tempo de Deus, pelo Seu momento
oportuno. Confiar em Deus é reconhecer que nós não enxergamos um palmo à frente
do nosso nariz, enquanto Deus vê longe, vê o que ainda não podemos ver, e por isso
Ele está dando à nossa vida uma orientação que, por enquanto, não entendemos e
que nos parece absurda, sem sentido.
“Eis
que os olhos do Senhor estão voltados para os que o respeitam, os que confiam,
esperando em seu amor, para da morte libertar a sua vida e no tempo da fome
fazê-los viver... Nele se alegra o nosso coração, é no seu nome santo que
confiamos” (Sl 33,18.21). Neste início de ano, renovemos a nossa confiança em
Deus. Soltemos as nossas mãos das falsas seguranças humanas. Deixemos de nos apoiar
na fragilidade dos homens e entreguemos nossa frágil existência às mãos de
Deus, como nos aconselha a Sagrada Escritura: “Confie no Senhor e faça o bem...
Coloque tua alegria em Deus e ele realizará os desejos do teu coração. Entregue
teu caminho ao Senhor, confie nele e ele agirá... Descanse em Deus e nele
espere” (Sl 37,3-5).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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