Missa da Ascensão do Senhor. Palavra de Deus: Atos 1,1-11; Efésios
1,17-23; Mt 28,16-20.
Ascensão: subir,
elevar-se, estar por cima, estar em alta. Quem está em alta? Quem está em
baixa? Para o nosso mundo, nada é mais importante do que estar em ascensão,
estar em alta. Por isso, se para você subir, estar em alta, for preciso mentir,
minta; se for preciso prejudicar pessoas, prejudique; se for preciso
corromper-se, corrompa-se. Os fins justificam os meios.
A elevação de Jesus
ao céu é bem diferente daquilo que o mundo entende por ascensão. Jesus subiu
porque primeiro desceu. “Deus soberanamente o elevou” (Fl 2,9) porque primeiro
Jesus “abaixou-se, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8).
Muitos não admitem descer. Muitos não suportam se humilhar. Muitos procuram por
igrejas que ofereçam o “culto da vitória”, a “noite dos vencedores”. Muitos só
conseguem enxergar Deus quando estão em alta, quando estão subindo, e nunca quando
estão em baixa, quando estão descendo. Se esquecem das palavras do Salmo 139,8:
“Se eu subo aos céus, tu lá estás; se desço ao abismo, aí também te encontro”. Deus
não está conosco somente nas nossas subidas, mas também nas nossas descidas...
Segundo o
evangelista Lucas, quarenta dias após a ressurreição Jesus “foi levado para o
céu” (At 1,2). Mas, o que é o céu? O que entendemos por “céu”? O céu não é um
lugar; o céu é uma Pessoa; o céu é o Pai. Ser levado para o céu é ser introduzido
na plena comunhão com Deus. “Agora vemos Deus em espelho e de maneira confusa,
mas, no céu, O veremos face a face; agora nosso conhecimento é limitado, mas,
no céu, conheceremos como somos conhecidos por Deus” (citação livre de 1Cor
13,12). Agora não entendemos por que nossa vida é feita de subidas e descidas,
de altos e baixos, mas, no céu, compreenderemos o porquê de cada coisa, de cada
acontecimento que marcou a nossa história.
Hoje há uma
preocupação no coração de muitos pais quanto ao futuro de seus filhos. Eles trabalham
e ao mesmo tempo enchem o dia a dia de seus filhos de atividades para que eles
se tornem pessoas capazes de subir, de vencer. Será que no coração desses pais
também existe a preocupação e o esforço em preparar seus filhos para o céu? O
apóstolo Paulo nos pergunta: “Então vocês não sabem que os injustos não
herdarão o Reino de Deus? Não se iludam! Nem os devassos, nem os idólatras, nem
os adúlteros, nem os depravados, nem os pedófilos, nem os ladrões, nem os gananciosos,
nem os bêbados, nem os que ofendem e afrontam herdarão o Reino de Deus” (1Cor
6,9-10).
Antes de subir ao
céu, Jesus fez uma promessa e confiou uma missão aos seus discípulos de ontem e
de hoje: “Recebereis o poder do Espírito Santo, que descerá sobre vós para
serdes minhas testemunhas...” (At 1,8). “Portanto, ide e fazei discípulos meus
todos os povos...” (Mt 28,19). O que significa “ser testemunha” de Jesus? Significa
viver como ele viveu; comportar-se como ele se comportou; perguntar-se, diante
de cada situação: o que Jesus faria se estivesse no meu lugar?
As pessoas não escutam o que
nós falamos, mas elas veem a maneira como nos comportamos. Isso significa que
nós só podemos fazer com que as pessoas se tornem discípulas de Jesus Cristo se
nós vivermos como verdadeiros discípulos seus. As pessoas só se encantarão com
Jesus Cristo se virem esse encanto em nós. Ao comentar este Evangelho, o Papa
Francisco destacou que, se Jesus usou o imperativo “Ide” é porque a
evangelização é uma tarefa urgente e necessária. Se Jesus disse para fazer
discípulos seus “todos os povos” é porque “o Evangelho é para todos, e não apenas
para alguns. Não é apenas para aqueles que parecem a nós mais próximos, mais
abertos, mais acolhedores. É para todas as pessoas” (Papa Francisco, no
encerramento da JMJ).
Neste dia das comunicações sociais, nos
perguntemos se as coisas que lemos e os vídeos que assistimos nos aproximam ou
nos distanciam do céu; se aquilo que postamos nas redes sociais ajudam a
despertar nas pessoas o desejo de procurar “as coisas do alto, onde Cristo está
sentado à direita de Deus” (Cl 3,1). O Papa Francisco nos pede para usarmos a
comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro, de modo que não
haja isolamento, mas proximidade entre as pessoas, não o fechamento em si, mas
a abertura ao outro.
Pe. Paulo Cezar Mazzi