sexta-feira, 23 de maio de 2014

NÃO DEFENDER-SE DO DEFENSOR

Missa do 6º. dom. da Páscoa. Palavra de Deus: Atos 8,5-8.14-17; 1Pd 3,15-18;  Jo 14,15-21.

            Jesus acabou de nos fazer uma promessa: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da verdade...” (Jo 14,16-17). Por que nós precisamos de um “defensor”? Porque o mundo em que vivemos é um mundo que se opõe ao Evangelho e ataca, de diversas formas, quem procura viver segundo o Evangelho. Existe um ataque contra a vida e contra quem procura defender a vida. Existe um ataque contra a fé e contra a Igreja. Existe um ataque contra a família, contra a fidelidade e contra a estabilidade do casamento. Existem ataques externos, como a violência social, as inimizades e os conflitos no ambiente de trabalho, a ameaça do desemprego, as doenças etc. Mas existem também ataques internos, como as tentações, o pessimismo, o desânimo, o abandono da fé e a perda da esperança...
            Enquanto Jesus estava com seus discípulos, ele os defendia, pois o verdadeiro Pastor sempre defende as suas ovelhas. Mas Jesus devia voltar para o Pai, e sabia que os seus discípulos, de todos os tempos, precisam de um defensor espiritual, para não serem vencidos pelas dificuldades que encontrarão no mundo. Por isso, ele nos prometeu enviar o Espírito Santo como nosso “outro defensor”.
            Mas, que tipo de defesa nos oferece o Espírito Santo? Não é uma defesa do tipo “blindagem”, como um carro com vidros, lataria, rodas e pneus à prova de bala. A defesa que o Espírito Santo nos oferece não é como uma redoma de vidro, colocada sobre nós para impedir que qualquer ameaça de fora nos atinja. Na verdade, a defesa do Espírito Santo é interna e não externa: “ele permanecerá junto de vós e estará dentro de vós” (Jo 14,17). A defesa do Espírito Santo não nos é dada para fugir dos conflitos da vida, sejam eles internos ou externos, mas sim para enfrentá-los, pois, como diz a Escritura, “Deus não nos deu espírito de medo, mas um espírito de força...” (2Tm 1,7). A defesa que o Espírito Santo exerce em nosso favor é uma força interior para não quebrarmos quando enfrentamos problemas, dificuldades, conflitos, ameaças, desafios. Por isso, Ele também é chamado por Jesus de “força do Alto” (Lc 24,49).
            Talvez você esteja se perguntando: ‘Por que eu não sinto a defesa do Espírito Santo em mim?’ Então, eu lhe pergunto: Será que você não está se defendo d’Ele? Embora o Espírito Santo seja a força do Alto, seja o nosso defensor, Ele sempre respeita a nossa liberdade: Ele entra onde nós permitimos; Ele conduz a vida de quem se deixa conduzir por Ele (cf. Rm 8,14); Ele desce sobre aqueles que O pedem ao Pai todos os dias na oração (cf. Lc 11,13). Se nós queremos experimentar a defesa do Espírito Santo, precisamos parar de nos defender d’Ele, parar de opor-Lhe resistência e nos tornar obedientes às Suas inspirações.     
             “Pedro e João impuseram-lhes as mãos (sobre os habitantes da Samaria), e eles receberam o Espírito Santo” (At 8,17). O gesto de imposição das mãos nos fala da necessidade de nos submeter ao Espírito Santo e permitir que Ele cubra a nossa fraqueza com a Sua força. Desse modo, quando o mundo quiser nos intimidar e nos calar, poderemos enfrentá-lo, sabendo dar razão da nossa esperança a toda pessoa que nos questionar a respeito dela (cf. 1Pd 3,15).
             Uma última palavra: embora o Espírito Santo seja o nosso defensor, algumas vezes Ele não nos defenderá do sofrimento, quando este for necessário para o nosso crescimento, nossa conversão, nossa santificação e para a redenção da humanidade. É por isso que a Escritura diz: “(...) será melhor sofrer praticando o bem, se essa for a vontade de Deus, do que praticando o mal” (1Pd 3,17). E ainda que esse sofrimento nos obrigue a morrer para algumas coisas, olhemos para Cristo: Ele “sofreu a morte na sua existência humana, mas recebeu nova vida pelo Espírito” (1Pd 3,18). Entreguemos, portanto, a nossa vida e a vida de cada ser humano às mãos do Espírito Santo, nosso defensor.    

                                                                      Pe. Paulo Cezar Mazzi

Vem, ó Espírito criador, visita as nossas mentes. Enche do teu amor os corações que criaste.

Ó doce Consolador, dom do Pai Altíssimo, água viva, fogo, amor, santo crisma da alma. Dedo da mão de Deus, promessa do Salvador, derrama os teus sete dons, suscita em nós a Palavra. Sê luz do intelecto, chama ardente no coração, sara as nossas feridas com o bálsamo do teu amor. Defende-nos do inimigo, concede o dom da paz. Que a tua guia invencível nos preserve do mal.

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