Missa
do 9º. dom. comum. Palavra de Deus: 1Reis 8,41-43; Gálatas 1,1-2.6-10; Lucas
7,1-10.
Você
é levado a sério pelos outros quando fala? Sua palavra tem autoridade? Você
costuma sustentar aquilo que diz? Sua palavra é respeitada? Você vive de acordo
com aquilo que fala aos outros? Pais que não sustentam aquilo que falam aos
filhos perdem a autoridade diante dos mesmos. Líderes religiosos que pregam uma
coisa e vivem outra perdem a credibilidade diante de seus fiéis. Personalidades
do mundo político, jurídico e econômico que falaram uma coisa ontem e sustentam
outra coisa hoje perdem o respeito do povo. O fato é que a palavra humana hoje
tem perdido sua autoridade, sua credibilidade, sua força.
Mas
aquilo que semanalmente nos traz aqui, aquilo que nos reúne, que nos congrega
como Igreja, não é uma palavra humana e sim a Palavra de Deus, uma Palavra que
tem autoridade, que é sustentada pelo próprio Deus que disse: “O que sai da
minha boca é a verdade, uma palavra que não voltará atrás” (Is 45,23); “(...) tal
ocorre com a palavra que sai da minha boca: ela não volta a mim sem efeito; sem
ter... realizado o objetivo de sua missão” (Is 55,11).
Jesus
não é apenas alguém portador da Palavra de Deus, mas ele é a própria Palavra.
Porque todos os dias, por meio da oração, Jesus se colocava debaixo da
autoridade do Pai, “ele falava como quem tem autoridade” (cf. Mt 7,29; Mc
1,27). Por causa disso, a sua Palavra tinha força suficiente para curar o
doente, ressuscitar o morto, reanimar o abatido, reconduzir o extraviado,
libertar o oprimido, trazer para a luz aquele que estava na escuridão...
Não
somente ontem, mas também hoje, muitos já ouviram Jesus, muitos já receberam a sua
Palavra, mas nem todos foram curados, ressuscitados, reanimados; nem todos se
deixaram reconduzir, libertar, vir à luz. E por que não? Por falta de fé na
força da Palavra de Jesus. O que o Evangelho de hoje está nos dizendo é que a
Palavra de Jesus não é mágica, não age sozinha; ela precisa da nossa fé para se
cumprir em nossa vida.
A
fé que Jesus não encontrou no meio do povo de Israel, encontrou num oficial
romano, um estrangeiro, que mandou seus amigos dizerem a Jesus: “Senhor, ...
não sou digno de que entres em minha casa... nem de ir pessoalmente ao teu
encontro. Mas ordena com a tua palavra,
e o meu empregado ficará curado. Eu também estou debaixo de autoridade...” (Lc
7,6-8). Assim como este oficial romano, a Palavra de Deus basta para alimentar
a sua fé, ou você fica exigindo que Ele se manifeste pessoalmente numa determinada situação da sua vida para
modificá-la?
Com
outras palavras, aquele homem disse a Jesus: ‘Eu creio no poder da tua Palavra.
Sei que ela tem autoridade. Se a minha palavra humana é obedecida pelos meus
soldados, muito mais a tua Palavra será obedecida, até mesmo por este mal que
aflige o meu empregado’. Quantos rejeitam a Palavra de Jesus porque não é a
Palavra que queriam ouvir, e vão atrás de uma outra palavra, de “um outro
evangelho”, um evangelho falsificado para agradá-las (cf. Gl 1,6)? Da mesma
forma como todo pregador que manipula a Palavra para agradar aos seus ouvintes
deixa de ser um servo de Cristo (cf. Gl 1,10), assim aquele que rejeita a
verdade da Palavra não pode ser por ela curado e salvo.
“Ordena
com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado” (Lc 7,7). Qual é o lugar da
Palavra no seu dia a dia? Quando você faz a sua oração, deixa espaço para que
Deus lhe fale por meio da Palavra? Você consulta a Palavra apenas para nela
encontrar solução para os seus problemas, ou a consulta para encontrar nela a
vontade de Deus para a sua vida? O salmista diz: “Eu espero, Senhor, eu espero
com toda a minha alma, esperando tua palavra” (Sl 130,5). Você sabe esperar na Palavra (até que ela se cumpra), e
sabe esperar pela Palavra (até que
Deus a envie a você)?
Neste Ano da Fé, peçamos ao Senhor que aumente a
nossa fé no poder da sua Palavra. Que a nossa vida não aceite viver sob as
ordens da palavra do mercado, da moda, dos amigos, dos ídolos do mundo moderno,
dos meios de comunicação, mas se coloque docilmente sob aquilo que a Palavra
nos ordena como caminho de salvação para nós e para a humanidade. Que a nossa
alma encontre na Palavra de Jesus a direção; que a nossa doença encontre nela a
cura; que a nossa escuridão encontre nela a luz; que o nosso conflito encontre
nela a paz...
Pe. Paulo Cezar Mazzi