quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O ADUBO


Missa do 3º. dom. da quaresma. Êxodo 3,1-8a.13-15; 1Coríntios 10,1-6.10-12; Lucas 13,1-9.  

            Como está a árvore da sua vida? Há frutos nela, ou apenas folhas? O Evangelho que acabamos de ouvir nos diz que Deus, o Jardineiro, plantou você no jardim do mundo como uma árvore capaz de produzir bons frutos. Ele tem encontrado esses frutos em você? O que estaria bloqueando a sua vida interior, impedindo você de produzir os frutos de quem tem capacidade de produzir?
            Jesus, com a sua Palavra, dá uma sacudida na árvore que cada um de nós é, para nos lembrar que não podemos nos comportar na vida como uma árvore que ocupa inutilmente um lugar neste mundo, que apenas usufrui dos benefícios, mas não está disposta a dar a sua contribuição em favor da humanidade. Se nós nos acomodamos a ser uma árvore que ocupa um espaço no mundo, mas que se nega a transformar o meio em que nos encontramos, necessitamos urgentemente de conversão.   
            Para falar da urgência da nossa conversão, Jesus menciona o exemplo das tragédias. Pessoas que morrem em acidentes, tragédias ou catástrofes são mais pecadoras do que nós? “Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13,3.5). Aquelas 239 pessoas que morreram na Boate Kiss, a maioria jovens, eram mais pecadoras do que nós? Estavam ali porque tinha chegado a hora de morrerem? Era o destino delas morrerem assim, precocemente? “Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13,3.5).
            Desde que o mundo é mundo, acontecem acidentes, tragédias e catástrofes, que arrancam precocemente a vida de inúmeras pessoas. Jesus não se preocupa em nos explicar o porquê disso, mas nos faz este alerta: se não mudarmos a nossa maneira de viver, a árvore que somos será arrancada do mesmo modo, precocemente.        
A Quaresma é um tempo favorável para a nossa conversão, tempo descrito no Evangelho que ouvimos com estas palavras: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás” (Lc 13,8-9). Deus hoje nos envia a sua Palavra não para nos ameaçar, mas para cavar em volta de nós, para chegar até as raízes do nosso coração e colocar ali o adubo do Espírito Santo, a fim de nos curar da esterilidade, para que voltemos a produzir os frutos de que somos capazes.
Como está a árvore da sua vida? A árvore dos seus relacionamentos está sem frutos? Com o quê você tem adubado esta árvore? Você tem cavado em volta dela, isto é, tem procurado ser uma pessoa profunda na maneira de se relacionar com os outros? A árvore da sua sexualidade está sem frutos? Com o quê você tem adubado esta árvore? Com pornografia, adultério, prostituição ou drogas?  A árvore da sua fé dá sinais de que está morrendo? Você tem sido profundo(a) na sua vida de oração? Tem dado ao Espírito Santo o espaço que Ele precisa para chegar às raízes da sua esterilidade e curá-la?
Contextualizando o Evangelho de hoje em sintonia com a Campanha da Fraternidade, outras perguntas também se mostram necessárias: Os jovens que passam por você encontram algum fruto que alimente neles os valores do Evangelho? Que tipo de frutos a árvore do seu Facebook produz? Que tipo de adubo você permite que seja colocado nas raízes da árvore da sua vida enquanto navega pela Internet? Como você pode usar das novas tecnologias para “cavar em volta e adubar” a árvore da vida de inúmeros jovens com a fé?
Senhor, reconheço que não poucas vezes caio na tentação de desistir de mim mesmo(a), de abandonar o tratamento médico, a terapia, a minha própria fé..., porque não vejo frutos em mim. Outras vezes, penso em desistir das pessoas, porque me canso de procurar frutos nelas inutilmente. Mas hoje, diante da tua Palavra, eu reconheço que o Senhor não desiste de mim; o Senhor não desiste de ninguém! Então, Senhor, cava em volta de mim! Aduba-me com a tua Palavra. Penetra nas minhas raízes e derrama nelas o bálsamo do teu Espírito. Não quero ocupar meu espaço na sociedade humana inutilmente, Senhor. Quero voltar a produzir os frutos de que sou capaz. Que nenhum jovem passe por mim sem encontrar o fruto da fé, da esperança e do amor. Quero também te ajudar, Senhor, a cavar em volta da árvore da vida de cada jovem, a adubá-los com a verdade do teu Evangelho, para que voltem a sentir em si mesmos a seiva do teu Espírito e possam produzir o fruto da justiça e da paz, o fruto da santidade e da solidariedade, o fruto da verdadeira alegria e da verdadeira vida onde quer que se encontrem. Amém!    
    
Pe. Paulo Cezar Mazzi

Nenhum comentário:

Postar um comentário