Missa do 5º.
dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 6,1-2a.3-8; 1Coríntios 15,3-8.11; Lucas
5,1-11.
Dizem que a receita do sucesso
ninguém sabe, mas a receita do fracasso todos conhecem: é a decisão de não mais
lutar. Jesus encontra aqueles que se tornarão seus primeiros discípulos. Eles
estão vivendo uma experiência de fracasso: trabalharam a noite toda e nada
pescaram. Desistiram das águas mais profundas e estão agora na margem do lago
de Genesaré, lavando suas redes, enquanto interiormente lamentam a noite de
pesca fracassada.
Assim como a Palavra de Jesus penetrou
no fracasso daqueles homens e os fez enfrentar a frustração, assumindo um
comportamento ativo e transformador, assim Jesus hoje, por meio da sua Palavra,
nos convida a rever a forma como lidamos com nossos fracassos e com nossas
frustrações, nos desafiando a deixar a margem e a avançar novamente para águas
mais profundas.
“Nós trabalhamos a noite inteira e nada
pescamos” (Lc 5,5). Podemos traduzir essas palavras para a nossa própria
experiência de vida, dizendo: ‘Lutei a vida inteira por este casamento, por este relacionamento...;
lutei a vida inteira por minha família, por minha fé, pela retidão da minha
consciência...; lutei a vida inteira para tentar melhorar o mundo à minha
volta... Lutei a vida inteira..., e nada consegui. Agora chega! Deixo de
navegar em águas mais profundas e passo a viver na margem, na margem da vida,
na margem da fé, na margem de mim mesmo(a)...’.
Jesus encontrou aqueles homens na margem do lago,
onde as águas são rasas, onde nada se pesca. Eles são a nossa imagem, quando desistimos
de lutar, quando desistimos dos nossos valores, dos nossos ideais, quando nos
tornamos pessoas que escolheram sobreviver ao invés de viver, pessoas que escolheram
tornarem-se superficiais, porque enquanto procuravam ser profundas naquilo que
faziam, só encontraram decepção, frustração.
Onde você se encontra agora? Onde está a barca da
sua vida neste momento: parada na margem ou navegando em águas mais profundas? Existe
uma Palavra que hoje se dirige a você, dizendo: ‘Avance para águas mais
profundas e você encontrará o que está buscando!’ Mas é possível que você
responda: ‘Não vou avançar para águas mais profundas coisa nenhuma! Chega de
lutar! Chega de dar murro em ponta de faca! Por que avançar para águas mais
profundas, quando já fiz isso e nada resolveu?’.
Pedro, apesar de todas as razões que teria para
responder isso a Jesus, disse: “em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”
(Lc 5,5). “Em atenção à tua palavra”... Você não tem vontade de fazer isso;
você está cansado(a), desanimado(a), sem disposição, sem fé e sem esperança
para fazer isso. Mas, por causa da Palavra, daquela mesma Palavra que você sabe
que tem o poder de fazê-lo(a) passar da morte para a vida, Palavra que
questiona as razões do seu desânimo e lhe devolve as razões para lutar por
aquilo que você acredita, é por causa dessa Palavra que você decide sair da
margem e voltar a navegar em águas mais profundas...
Vivendo num mundo que ama a superficialidade, que
nos desencoraja quando buscamos ser profundos em tudo aquilo que fazemos, nós
precisamos avançar para águas mais profundas, porque é nelas que se encontram
as respostas para as nossas perguntas. Psicologicamente falando, as águas mais
profundas dizem respeito ao nosso inconsciente. Nós temos medo de ir lá, porque
é nessas águas mais profundas que se escondem as nossas feridas, os verdadeiros
motivos das nossas atitudes, os nossos traumas. Mas é também lá que se encontra
a verdade que nos liberta...
Em termos de evangelização, as águas mais profundas
representam o apelo que Deus dirigiu a Isaías e que hoje dirige a cada um de
nós: “Quem
enviarei? Quem irá por nós?” (Is 6,8). Hoje Deus nos pergunta: ‘Quem eu vou enviar junto aos jovens
envolvidos nas drogas e na violência? Quem eu vou enviar junto às famílias
desestruturadas? Quem eu vou enviar junto às pessoas que se desencantaram com
as igrejas e com qualquer religião? Quem eu vou enviar junto aos doentes, aos
idosos, às crianças pobres? Quem eu vou enviar junto aos universitários? Quem
eu vou enviar junto aos sofredores, aos oprimidos e esquecidos desta sociedade?
Quem eu vou enviar junto aos políticos, aos empresários, aos trabalhadores, aos
meios de comunicação social?’.
Deus hoje procura a quem enviar, para resgatar a
tantos que estão mergulhados nas águas mais profundas da dor, do sofrimento, da
autodestruição, da opressão, da injustiça, do esquecimento. Deus continua a procurar
“pescadores de homens”, homens e mulheres que se disponham a resgatar as vidas
que correm o risco de se perderem para sempre nas águas mais profundas do mundo
em que vivemos. Diante do apelo de Deus: “Quem enviarei? Quem irá por nós?”, o
jovem Isaías respondeu: “Aqui estou! Envia-me” (Is 6,8). E você, o que
responde?
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Bom dia, Pe Paulo! Quando a gente gosta muito de um blog e quer divulgá-lo para outros amigos presenteamos o blog com selo. Se você quiser pegá-lo é só abrir o meu blog e seguir as instruções.um abraço
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