quinta-feira, 24 de maio de 2012

A FORÇA TRANSFORMADORA DO ESPÍRITO

Missa de Pentecostes - Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 2,1-11; 1Coríntios 12,3b-7.12-13; João 20,19-23.
           
            No dia de Pentecostes, Deus derramou sobre os apóstolos o dom do Espírito Santo, mas o Espírito Santo foi concedido não somente no dia de Pentecostes. Ele também foi derramado em outros momentos, ora sobre os apóstolos (cf. At 4,31), ora sobre os samaritanos (cf. At 8,17), ora sobre os pagãos (cf. At 10,4). O próprio Jesus, ao ensinar a oração do Pai Nosso, disse que o Pai nos daria o Espírito Santo sempre que o pedíssemos (cf. Lc 11,13). Portanto, hoje nós podemos pedir ao Pai que novamente infunda em nós o seu Espírito de amor.
            A palavra “Pentecostes” está ligada ao número “cinquenta”, e cinquenta significa “plenitude”. O Espírito Santo sempre parte de onde nós estamos, daquilo que somos, para nos levar aonde Deus quer que estejamos, para nos conduzir à nossa plenitude como pessoas e filhos de Seus. Porém, essa plenitude só é alcançada quando aceitamos que o Espírito de Deus nos exponha a provações, desafios e dificuldades que irão nos conduzir à verdade plena, pois ele é o Espírito da Verdade (cf. Jo 16,13).
            O Espírito Santo foi descrito no evento de Pentecostes por meio das imagens do vento e das línguas de fogo (cf. At 2,2-3). De muitas maneiras, o Espírito de Deus procura soprar sobre nós, para remover as cinzas de uma fé, de uma esperança e de um amor que se apagaram dentro de nós, para reacender em nós a chama da fé, da esperança e do amor. Como fez por duas vezes com os discípulos (cf. At 2,2; 4,31), o Espírito Santo algumas vezes nos sacode fortemente com o Seu vento para nos despertar, para nos desacomodar, para nos impulsionar a enfrentar os desafios ao invés de fugirmos deles.
            O nosso grande desafio é acolher o vento do Espírito, que “sopra onde quer” (Jo 3,8) e nos leva para onde devemos ir, não para onde gostaríamos de ir, como disse o apóstolo Paulo: “Agora, acorrentado pelo Espírito, dirijo-me a Jerusalém, sem saber o que lá me sucederá. Senão que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte dizendo que me aguardam cadeias e tribulações” (At 20,22-23). Se queremos experimentar a força transformadora do Espírito Santo, precisamos nos deixar “agarrar” por Ele e aceitar que Ele nos conduza para onde Ele quer, da forma como Ele quer.
            Consideremos a expressão “força transformadora do Espírito”. Ela aparece na imagem das línguas de fogo que desceram sobre os apóstolos. Conhecemos a força transformadora do fogo: ele endurece o barro, purifica o metal, funde o ferro. Da mesma forma como o Espírito Santo transformou uma comunidade amedrontada, ameaçada de morte, triste e cheia de incompreensões (cf. Jo 20,19), numa comunidade de pessoas capazes de testemunhar Jesus Cristo para o mundo (cf. At 1,8; 4,31), pedimos que o fogo do Espírito Santo queime o nosso medo, a nossa covardia e o nosso comodismo em anunciar o Evangelho; que Ele queime em nós tudo aquilo que é estranho, tudo aquilo que é contrário a Deus.
            Quando as línguas de fogo desceram sobre os apóstolos, eles começaram a falar de Deus de modo que todas as pessoas, independente da sua nacionalidade, podiam entender (cf. At 2,4.6.8.11). Diante da “Torre de Babel” em que às vezes se transforma a nossa casa, o nosso ambiente de trabalho, a nossa comunidade de fé, o nosso relacionamento com os outros – sabendo que essa confusão nos divide e nos impede de construir qualquer coisa juntos (cf. Gn 11,7.9) – precisamos silenciar, acolher e obedecer à voz do Espírito, que sempre se manifesta a cada um em vista do bem comum, em vista de restaurar a unidade do Corpo (cf. 1Cor 12,7), lembrando a oração da Igreja: “Vosso Espírito Santo move os corações, de modo que os inimigos voltem à amizade, os adversários se deem as mãos e os povos procurem reencontrar a paz” (Oração sobre a Reconciliação II).
            Especialmente neste dia de Pentecostes, clamemos o Espírito Santo de Deus. Que Ele venha sobre os nossos ossos secos e nos devolva a vida e a esperança (cf. Ez 37,9-14); que Ele renove a face de toda a Terra (cf. Sl 104,30); que Ele sopre onde quer e como quer, em favor do Reino de Deus, da redenção da humanidade, testemunhando no coração de cada ser humano a sua filiação divina (cf. Rm 8,16; Gl 4,6-7) e a sua submissão ao poder salvador de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1Cor 12,3; Jo 17,2). 

                                                                                Pe. Paulo Cezar Mazzi 

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