quinta-feira, 9 de outubro de 2025

A FORÇA INTERCESSORA DE NOSSA SENHORA

 Missa de Nossa Senhora Aparecida. Palavra de Deus: Ester 5,1b-2;7,2b-3; Apocalipse 12,1.5.13a.15-16a; João 2,1-11.

 

            O Evangelho escolhido pela Igreja no Brasil, para celebrar Nossa Senhora Aparecida, é justamente o texto bíblico que revela a força da sua intercessão. Da mesma forma como a rainha Ester intercedeu ao seu esposo pela salvação do seu povo – “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do meu povo - eis o meu desejo!” (Est 7,3) – Nossa Senhora intercede junto ao seu Filho pelo vinho novo, símbolo bíblico da alegria no coração humano, símbolo, sobretudo, do Espírito Santo no coração humano, fonte de alegria.

“Peça à mãe que o Filho atende”. Ouvimos ou falamos muito esta frase. Nossa Senhora conhece nossa falta de vinho. Quando rezamos a ela, pedimos que interceda junto ao seu Filho, para que ele nos socorra e nos conceda o que mais precisamos para aquele momento em nossa vida. Porém, não basta apresentar a Nossa Senhora as nossas necessidades. Precisamos também obedecer à sua orientação: “Façam tudo o que ele lhes disser” (Jo 2,5). Se nos consideramos realmente filhos da Virgem Maria, precisamos seguir o exemplo dela: “Faça-se em mim segundo a tua palavra (ou, segundo a tua vontade” (Lc 1,38).

A intercessão de Nossa Senhora aconteceu durante uma festa casamento, na qual acabou o vinho. Aquele casamento era símbolo do casamento por excelência, que é a união de amor entre Deus e a humanidade (Antigo Testamento), entre Cristo e a Igreja (Novo Testamento). A falta do vinho, isto é, a ausência da alegria no coração humano (cf. Sl 104,15), se deve ao fato de este ter se afastado de Deus e ter se tornado como aquelas talhas de pedra vazias (cf. Jo 2,6). Mas Deus havia feito uma promessa ao seu povo: “Tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei no vosso íntimo o meu espírito...” (Ez 36,26-27).

Aqui, algumas perguntas são necessárias: Quando foi que a alegria começou a acabar no meu relacionamento? Eu esgotei a jarra de vinho, sem me preocupar em reabastecê-la? “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35). Quanto eu dou de mim para que não falte alegria no meu relacionamento? Meu coração ainda é de carne, humano, sensível, ou endureceu como pedra, tornando-se indiferente, egoísta e individualista?

“Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!” (Jo 2,10). A rotina, o desencanto e o desgaste fazem parte de qualquer relacionamento, inclusive em nossa vida espiritual. É aqui que entra a crise. Recordemos, então, as palavras do Papa Francisco sobre “A alegria do amor”: “Não se vive juntos para ser cada vez menos feliz, mas para aprender a ser feliz de maneira nova, a partir das possibilidades que abre uma nova etapa. Cada crise implica uma aprendizagem” (n.232).

O “vinho novo” surgiu depois da crise da falta de vinho. Crise também significa “oportunidade”. A falta de vinho foi a oportunidade para Jesus realizar o seu primeiro sinal, como Filho de Deus, e deixar claro que ele pode transformar toda e qualquer situação que confiamos às suas mãos, por meio de sua e nossa Mãe. Nesta Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, em que também celebramos o Dia das Crianças, recordemos as palavras de Jesus: “Não impeçais as crianças de vir a mim, pois delas é o Reino dos Céus” (Mt 19,14). Sabemos o quanto nossas crianças estão adoecidas mentalmente devido ao vício do celular, o qual faz crescer sempre mais a ansiedade, a irritabilidade, a falta de concentração, baixa tolerância à frustração, insônia/sono fragmentado, e também a depressão. Não nos esqueçamos de que a plataforma digital mais usada por crianças e adolescentes é o Tik Tok, criado pela China, mas proibido na própria China. Pais que desejam orientar-se quanto ao cuidado e à educação dos filhos podem encontrar uma escelente ajuda no pediatra Daniel Becker, com inúmeros vídeos no You Tube.

Não nos esqueçamos de que a falta de vinho (alegria) na vida das crianças tem como causa principal a ausência dos pais, os quais substituem a presença por coisas materiais dadas aos filhos. Enfim, a cor vermelha do vinho deve nos fazer recordar que o Governo de Israel, nestes dois anos de guerra na faixa de Gaza, matou até agora 20 mil crianças! Segundo o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o número de crianças mortas e feridas até agora, em Gaza, é de 64 mil!   

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi    

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