Missa de Nossa Senhora Aparecida. Palavra de Deus: Ester 5,1b-2;7,2b-3; Apocalipse 12,1.5.13a.15-16a; João 2,1-11.
O Evangelho escolhido pela Igreja no
Brasil, para celebrar Nossa Senhora Aparecida, é justamente o texto bíblico que
revela a força da sua intercessão. Da mesma forma como a rainha Ester intercedeu
ao seu esposo pela salvação do seu povo – “Se ganhei as tuas boas graças, ó
rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida - eis o meu pedido! - e a vida do
meu povo - eis o meu desejo!” (Est 7,3) – Nossa Senhora intercede junto ao seu
Filho pelo vinho novo, símbolo bíblico da alegria no coração humano, símbolo, sobretudo,
do Espírito Santo no coração humano, fonte de alegria.
“Peça à mãe que o Filho atende”. Ouvimos
ou falamos muito esta frase. Nossa Senhora conhece nossa falta de vinho. Quando
rezamos a ela, pedimos que interceda junto ao seu Filho, para que ele nos
socorra e nos conceda o que mais precisamos para aquele momento em nossa vida.
Porém, não basta apresentar a Nossa Senhora as nossas necessidades. Precisamos
também obedecer à sua orientação: “Façam tudo o que ele lhes disser” (Jo 2,5).
Se nos consideramos realmente filhos da Virgem Maria, precisamos seguir o
exemplo dela: “Faça-se em mim segundo a tua palavra (ou, segundo a tua vontade”
(Lc 1,38).
A intercessão de Nossa Senhora aconteceu
durante uma festa casamento, na qual acabou o vinho. Aquele casamento era
símbolo do casamento por excelência, que é a união de amor entre Deus e a
humanidade (Antigo Testamento), entre Cristo e a Igreja (Novo Testamento). A
falta do vinho, isto é, a ausência da alegria no coração humano (cf. Sl
104,15), se deve ao fato de este ter se afastado de Deus e ter se tornado como
aquelas talhas de pedra vazias (cf. Jo 2,6). Mas Deus havia feito uma promessa
ao seu povo: “Tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei coração de
carne. Porei no vosso íntimo o meu espírito...” (Ez 36,26-27).
Aqui, algumas perguntas são necessárias:
Quando foi que a alegria começou a acabar no meu relacionamento? Eu esgotei a
jarra de vinho, sem me preocupar em reabastecê-la? “Há mais alegria em dar do
que em receber” (At 20,35). Quanto eu dou de mim para que não falte alegria no
meu relacionamento? Meu coração ainda é de carne, humano, sensível, ou
endureceu como pedra, tornando-se indiferente, egoísta e individualista?
“Todo mundo serve primeiro o vinho
melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom.
Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!” (Jo 2,10). A rotina, o desencanto e
o desgaste fazem parte de qualquer relacionamento, inclusive em nossa vida
espiritual. É aqui que entra a crise. Recordemos, então, as palavras do Papa
Francisco sobre “A alegria do amor”: “Não se vive juntos para ser cada vez
menos feliz, mas para aprender a ser feliz de maneira nova, a partir das
possibilidades que abre uma nova etapa. Cada crise implica uma aprendizagem” (n.232).
O “vinho novo” surgiu depois da crise da
falta de vinho. Crise também significa “oportunidade”. A falta de vinho foi a
oportunidade para Jesus realizar o seu primeiro sinal, como Filho de Deus, e
deixar claro que ele pode transformar toda e qualquer situação que confiamos às
suas mãos, por meio de sua e nossa Mãe. Nesta Solenidade de Nossa Senhora
Aparecida, em que também celebramos o Dia das Crianças, recordemos as palavras
de Jesus: “Não impeçais as crianças de vir a mim, pois delas é o Reino dos Céus”
(Mt 19,14). Sabemos o quanto nossas crianças estão adoecidas mentalmente devido
ao vício do celular, o qual faz crescer sempre mais a ansiedade, a
irritabilidade, a falta de concentração, baixa tolerância à frustração, insônia/sono
fragmentado, e também a depressão. Não nos esqueçamos de que a plataforma digital mais usada por
crianças e adolescentes é o Tik Tok, criado pela China, mas proibido na própria
China. Pais que desejam orientar-se quanto ao cuidado e à educação dos filhos podem encontrar uma escelente ajuda no pediatra Daniel Becker, com inúmeros vídeos no You Tube.
Não nos esqueçamos de que a falta de
vinho (alegria) na vida das crianças tem como causa principal a ausência dos
pais, os quais substituem a presença por coisas materiais dadas aos filhos.
Enfim, a cor vermelha do vinho deve nos fazer recordar que o Governo de Israel,
nestes dois anos de guerra na faixa de Gaza, matou até agora 20 mil crianças! Segundo
o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o número de crianças mortas
e feridas até agora, em Gaza, é de 64 mil!
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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