quinta-feira, 29 de maio de 2025

SER O CÉU NA TERRA E VIVER SOB A PODEROSA MÃO DO SENHOR JESUS

 Missa da Ascensão do Senhor. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 1,1-11; Efésios 1,17-23; Lucas 24,46-53.

 

            “Vencendo o pecado e a morte, vosso Filho, Jesus, rei da glória, subiu hoje ante os anjos maravilhados ao mais alto dos céus. E tornou-se o mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa cabeça e princípio, subiu aos céus, não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade” (Prefácio da Ascensão I).

            Essas palavras a respeito da Ascensão de Jesus nos recordam que, ao subir para o céu e sentar-se à direita de Deus Pai, Cristo Jesus se tornou mediador, juiz e Senhor. Enquanto mediador, ele é a ponte que liga o céu à terra e a terra ao céu, de modo que, “por meio dele, todos nós temos acesso ao Pai” (cf. Ef 2,18). Essa mediação também significa que “Cristo entrou no céu, a fim de comparecer, agora, diante da face de Deus a nosso favor” (Hb 9,24). Enquanto juiz, Cristo Jesus virá do céu um dia para julgar os vivos e os mortos (cf. Mt 25,31-32): “Eis que ele vem com as nuvens, e todos os olhos o verão” (Ap 1,7). Enquanto Senhor, Jesus recebeu do Pai todo o poder no céu e sobre a terra: “Ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a Cabeça da Igreja” (Ef 1,22). Enfim, a presença de Jesus no céu, junto ao Pai, nos dá a certeza de que estamos destinados a participar da sua glória: “Dos céus aguardamos como Salvador o Senhor Jesus Cristo, que transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,20-21). 

            Crer no céu significa nos lembrar de que “nós não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir” (Hb 13,14). Isso significa que qualquer situação que vivamos neste mundo é transitória e não definitiva. Estamos aqui apenas de passagem. Crer no céu também significa crer na recompensa que toda pessoa receberá por ser justa e por ser solidária com quem sofre: “Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos” (cf. Lc 14,14; 16,9). Pelo contrário, aqueles que não creem no céu não veem sentido em serem bons, justos e solidários: “Sua maldade os cega. Eles não esperam prêmio pela santidade, não creem na recompensa das almas puras” (Sb 2,21-22).

            Uma vez que nós somos “cidadãos do céu” (Fl 3,20), nossa missão é ser o céu na terra. Essa missão foi anunciada por Jesus aos apóstolos antes de ele subir para o céu: “Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas” (At 1,8). Sentado à direita do Pai, Jesus derrama constantemente o Espírito Santo sobre cada discípulo seu, para que este seja a Sua presença junto às pessoas, especialmente as que sofrem. Enquanto estava na terra, Jesus era o “Deus conosco”. Agora que ele está no céu, nos envia o Espírito Santo para ser “Deus em nós”. E a presença do Espírito Santo nos revela duas verdades: 1) “Jesus Cristo é o Senhor” (1Cor 12,3), aquele a quem o Pai concedeu o poder de julgar e salvar todo ser humano; 2) Não somos órfãos, mas recebemos o Espírito do Filho que clama em nós: “Abbá, ó Pai” (Rm 8,15). Nossa vida neste mundo deve ser vivida na consciência de que estamos debaixo do poder salvífico de Jesus e de que somos cuidados pelo Pai.

            O último gesto de Jesus, antes de subir para o céu, foi erguer as mãos e abençoar seus discípulos: “Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado para o céu” (Lc 24,50-51). “Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, Israel vencia a luta” (Ex 17,11). As mãos erguidas de Jesus sobre nós são a garantia de que venceremos nossas lutas; venceremos principalmente os obstáculos que nos impedem de anunciar o Evangelho e viver a nossa fé com fidelidade. No entanto, precisamos todos os dias nos colocar debaixo das mãos do Senhor Jesus, imitando a atitude do salmista: “Piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim, pois eu me abrigo à sombra de tuas asas, até que passe o perigo. Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus que faz tudo por mim: que do céu ele mande salvar-me, confundindo os que me atormentam. Que Deus envie seu amor e verdade!” (Sl 57,2-4).

            Sigamos confiantes na missão que o Ressuscitado nos confiou, certos de que sua bênção nos acompanha, e nos preparemos para receber a renovação do dom do Espírito Santo em nós, confiando na sua promessa: “Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu” (Lc 24,48).

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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