Missa da Ascensão do Senhor. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 1,1-11; Efésios 1,17-23; Lucas 24,46-53.
“Vencendo o pecado e a morte, vosso
Filho, Jesus, rei da glória, subiu hoje ante os anjos maravilhados ao mais alto
dos céus. E tornou-se o mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade
redimida, juiz do mundo e Senhor do universo. Ele, nossa cabeça e princípio,
subiu aos céus, não para afastar-se de nossa humildade, mas para dar-nos a certeza de
que nos conduzirá à glória da imortalidade” (Prefácio da Ascensão I).
Essas palavras a respeito da Ascensão
de Jesus nos recordam que, ao subir para o céu e sentar-se à direita de Deus
Pai, Cristo Jesus se tornou mediador, juiz e Senhor. Enquanto mediador, ele é a
ponte que liga o céu à terra e a terra ao céu, de modo que, “por meio dele,
todos nós temos acesso ao Pai” (cf. Ef 2,18). Essa mediação também significa
que “Cristo entrou no céu, a fim de comparecer, agora, diante da face de Deus a
nosso favor” (Hb 9,24). Enquanto juiz, Cristo Jesus virá do céu um dia para
julgar os vivos e os mortos (cf. Mt 25,31-32): “Eis que ele vem com as nuvens,
e todos os olhos o verão” (Ap 1,7). Enquanto Senhor, Jesus recebeu do Pai todo
o poder no céu e sobre a terra: “Ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que
está acima de tudo, a Cabeça da Igreja” (Ef 1,22). Enfim, a presença de Jesus
no céu, junto ao Pai, nos dá a certeza de que estamos destinados a participar
da sua glória: “Dos céus aguardamos como Salvador o Senhor Jesus Cristo, que
transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl
3,20-21).
Crer no céu significa nos lembrar de
que “nós não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que
está para vir” (Hb 13,14). Isso significa que qualquer situação que vivamos
neste mundo é transitória e não definitiva. Estamos aqui apenas de passagem. Crer
no céu também significa crer na recompensa que toda pessoa receberá por ser
justa e por ser solidária com quem sofre: “Tu receberás a recompensa na
ressurreição dos justos” (cf. Lc 14,14; 16,9). Pelo contrário, aqueles que não
creem no céu não veem sentido em serem bons, justos e solidários: “Sua maldade
os cega. Eles não esperam prêmio pela santidade, não creem na recompensa das
almas puras” (Sb 2,21-22).
Uma vez que nós somos “cidadãos do
céu” (Fl 3,20), nossa missão é ser o céu na terra. Essa missão foi anunciada
por Jesus aos apóstolos antes de ele subir para o céu: “Recebereis o poder do
Espírito Santo que descerá sobre vós, para serdes minhas testemunhas” (At 1,8).
Sentado à direita do Pai, Jesus derrama constantemente o Espírito Santo sobre
cada discípulo seu, para que este seja a Sua presença junto às pessoas,
especialmente as que sofrem. Enquanto estava na terra, Jesus era o “Deus conosco”.
Agora que ele está no céu, nos envia o Espírito Santo para ser “Deus em nós”. E
a presença do Espírito Santo nos revela duas verdades: 1) “Jesus Cristo é o
Senhor” (1Cor 12,3), aquele a quem o Pai concedeu o poder de julgar e salvar
todo ser humano; 2) Não somos órfãos, mas recebemos o Espírito do Filho que
clama em nós: “Abbá, ó Pai” (Rm 8,15). Nossa vida neste mundo deve ser vivida
na consciência de que estamos debaixo do poder salvífico de Jesus e de que somos
cuidados pelo Pai.
O último gesto de Jesus, antes de
subir para o céu, foi erguer as mãos e abençoar seus discípulos: “Ali ergueu as
mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se deles e foi levado
para o céu” (Lc 24,50-51). “Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, Israel
vencia a luta” (Ex 17,11). As mãos erguidas de Jesus sobre nós são a garantia
de que venceremos nossas lutas; venceremos principalmente os obstáculos que nos
impedem de anunciar o Evangelho e viver a nossa fé com fidelidade. No entanto,
precisamos todos os dias nos colocar debaixo das mãos do Senhor Jesus, imitando
a atitude do salmista: “Piedade de mim, ó Deus, tem piedade de mim, pois eu me
abrigo à sombra de tuas asas, até que passe o perigo. Clamo ao Deus Altíssimo,
ao Deus que faz tudo por mim: que do céu ele mande salvar-me, confundindo os
que me atormentam. Que Deus envie seu amor e verdade!” (Sl 57,2-4).
Sigamos confiantes na missão que o
Ressuscitado nos confiou, certos de que sua bênção nos acompanha, e nos preparemos
para receber a renovação do dom do Espírito Santo em nós, confiando na sua promessa: “Eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu” (Lc 24,48).
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
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