Missa do 11º. Dom. comum. Palavra de Deus: Ezequiel 17,22-24; 2Coríntios 5,6-10; Marcos 4,26-34
Como anda a nossa confiança em Deus?
No momento em que o povo de Israel está exilado na Babilônia e o rei
Nabucodonosor parece mandar no mundo, Deus promete retirar um galho do cedro
mais alto, plantá-lo e cultivá-lo, na certeza de que “ele produzirá folhagem,
dará frutos e se tornará um cedro majestoso” (Ez 17,23). Ora, plantar um galho
e cultivá-lo, até que ele se torne um “cedro majestoso” leva tempo. Deus nos
convida a confiar que Ele está agindo em nossa vida e na história do mundo. A
nossa vida não está nas mãos dos homens, mas de Deus, cuja Palavra nos devolve
confiança e esperança: “Eu sou o Senhor, que abaixo a árvore alta e elevo a
árvore baixa; faço secar a árvore verde e brotar a árvore seca. Eu, o Senhor,
digo e faço” (Ez 17,24). A árvore alta – pessoa soberba e autossuficiente (Nabucodonosor)
– será rebaixada, e a árvore baixa – pessoa humilde e pobre, que não tem em
quem se apoiar, a não ser em Deus (Israel) – será elevada – socorrida pelo
próprio Deus.
“Faço secar a árvore verde e brotar
a árvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço” (Ez 17,24). Essas palavras falam da
justiça de Deus. Se algo está verde (vivo e forte) em nós e no mundo, mas às
custas da injustiça e do sofrimento de outras pessoas, isso secará, porque as raízes
não estão firmadas na verdade e na justiça de Deus. Por outro lado, aquilo que
está seco em nós e no mundo pode voltar a brotar, desde que confiemos em Deus,
nos esforcemos em viver segundo a sua vontade e não desistamos de esperar
n’Ele, até que cumpra a sua Palavra: “Eu, o Senhor, digo e faço”.
Olhemos para a árvore que somos;
olhemos para a árvore da nossa vida: quais galhos estão secos? Quais áreas da
nossa vida aparentam estar mortas? Nós confiamos que Deus pode fazer brotar a
árvore seca? Nós esperamos em Deus, até que aquilo que aparentemente morreu
volte a viver em nós? Depois de 50 anos no exílio, Israel foi liberto e voltou
para a sua terra, e ali pôde reconstruir sua vida. Deus cumpriu sua Palavra.
Aquilo que estava seco voltou a brotar. Qualquer que seja o nosso exílio neste
momento, precisamos fortalecer nossa confiança e esperança no Senhor, que pode
transformar a morte em vida.
Jesus, através da parábola da
semente que germina por si mesma, revela que a ação de Deus se dá tanto no
silêncio da noite quanto no barulho do dia, e por mais que o mundo pareça ter
força para matar toda a nossa esperança, por fim triunfará a vontade de Deus,
vontade de salvação para a humanidade. A nossa ansiedade e o nosso imediatismo
nos fazem viver correndo de um lado para o outro e nos enchem de angústia,
porque, no fim, nos damos conta de que muitas vezes nadamos, nadamos, e
acabamos por morrer na praia. No entanto, Jesus nos garante: a semente que
lançamos no chão da nossa vida germina e cresce silenciosamente, sem o nosso
controle, sem a necessidade da alguma intervenção da nossa parte. Em outras
palavras, a nós cabe lançar a semente; o resto é por conta de Deus.
É muito comum nós reclamarmos da
falta de frutos na árvore da nossa vida. Mas a pergunta é: nós estamos lançando
as sementes dos frutos que desejamos colher? Além disso, precisamos nos
perguntar se nós respeitamos o tempo de Deus. Existe um processo a ser
respeitado, desde quando a semente começa a germinar, até a planta se formar,
crescer, para então produzir fruto. Nossa ansiedade e nosso imediatismo não têm
o poder de forçar Deus a agir ou a apressar as coisas. Tudo tem seu tempo certo
para acontecer.
Enfim, Jesus nos convida a rever a nossa
forma de enxergar a ação de Deus em nossa história. Ela não se dá de forma
espetacular ou grandiosa, mas acontece na rotina das pequenas coisas do nosso
dia a dia. A imagem do grão de mostarda, a menor de todas as sementes, quer
corrigir em nós a imagem que temos de Deus. Se nós damos importância ao grande,
Deus valoriza o pequeno; se nós queremos nos sentir fortes, Deus se encontra naquilo
que é fraco; se nós deixamos de ter pequenas atitudes para melhorar a nossa
vida porque achamos que elas são insuficientes e não servem para nada, Deus nos
mostra que as mudanças que desejamos não acontecem justamente porque não damos
os pequenos passos que poderíamos dar; desse modo, a nossa vida não tem como
sair do lugar.
Cada um de nós tem minúsculas sementes
de mostarda guardadas dentro de si, esperando para serem lançada no chão da
nossa vida. Jesus nos convida a lançar essas sementes, a confiar e a esperar,
na certeza de que o Pai está agindo constantemente no coração de quem não se
cansa de fazer o bem, de trabalhar e lutar por uma vida melhor, por uma Igreja
melhor e também por uma humanidade melhor. Em suma, não nos esqueçamos dessa
verdade bíblica: “Os que semeiam entre lágrimas, colherão com alegria” (Sl
126,5).
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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