Missa da Ascensão do Senhor. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 1,1-11; Efésios 1,17-23; Marcos 16,15-20.
Celebramos
hoje a Ascensão, a subida de Jesus ao céu. Deus Pai “manifestou sua força em
Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos
céus” (Ef 1,20). Diante desta revelação bíblica, fica a pergunta: O que é mais
importante para nós, discípulos de Jesus: tê-lo junto a nós, na terra, ou tê-lo
junto ao Pai, no céu? Aparentemente, o mais importante seria ter Jesus conosco
na terra. No entanto, para nós é muito mais importante que Jesus esteja junto
ao Pai no céu, como Ele mesmo afirmou: “É do interesse de vocês que eu parta
(para o céu), pois, se eu não for, não virá a vocês o Espírito Santo. Se eu for
(para o céu), o enviarei a vocês” (Jo 16,7). Portanto, a celebração da Ascensão
(subida ou elevação) de Jesus ao céu nos remete diretamente para a festa que
celebraremos no próximo domingo: Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo!
A
importância de Jesus subir ao céu e não permanecer conosco fisicamente na terra
aparece também em dois textos da carta aos Hebreus: Cristo “é capaz de salvar
definitivamente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que ele
vive para sempre para interceder por eles” (Hb 7,25); “Cristo... entrou no
próprio céu, a fim de comparecer, agora, diante da face de Deus a nosso favor”
(Hb 9,24). Eis o motivo da nossa alegria e da nossa esperança na subida de
Jesus ao céu: Ele está lá diante do Pai intercedendo por nós; está lá em nosso
favor, para nos salvar definitivamente, colocando-nos no coração do Pai!
Há
algo que precisa ser esclarecido para nós: a nossa compreensão do que seja o
céu. Embora o céu, materialmente falando, esteja infinitamente distante da
terra, o fato de Jesus “subir ao céu” significa não um distanciamento infinito
de nós, mas uma extensão do seu poder sobre toda a terra e sobre todo ser
humano. Aquele que está no céu tem poder sobre todos os poderes que atingem os
seres humanos na terra. Exatamente por isso, Jesus afirmou aos seus discípulos,
antes de subir ao céu: “Todo poder me foi dado no céu e sobre a terra” (Mt
28,18). Isso significa que nada do que nos atinge na terra está acima do poder
de Jesus de nos salvar. Nenhuma força terrena está acima da força redentora de
Jesus, a quem o Pai concedeu o poder sobre todo ser humano (cf. Jo 17,2)!
No
domingo de Páscoa, o apóstolo Paulo nos convidou a “buscar as coisas do alto
onde Cristo está sentado à direita do Pai” (Cl 3,1). Em qual momento do nosso
dia a dia nós nos voltamos para o céu ou nos ocupamos com “as coisas do alto”?
Quantos de nós, apesar de nos considerarmos cristãos, vivemos na prática como
homens e mulheres meramente mundanos? Quem de nós se lembra do céu? Quem de nós
tem consciência de que não é um cidadão do mundo, mas um cidadão do céu? Quem
de nós se recorda dessa Palavra: “A nossa cidade está nos céus, de onde também
esperamos ansiosamente como Salvador o Senhor Jesus Cristo, que transfigurará
nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso, pela força que lhe
dá poder de submeter a si todas as coisas” (Fl 3,20-21)?
Os
Atos dos Apóstolos nos afirmaram: “Esse mesmo Jesus que vos foi levado para o
céu, virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,11). Essa
verdade deve estar no horizonte da nossa existência humana. Nossa vida caminha
para o encontro definitivo com o nosso Salvador! Nosso corpo, exposto a tudo
aquilo que fere o nosso mundo, está destinado a ser transformado num corpo
glorioso no céu. Enquanto cristãos, nós somos membros do Corpo de Cristo, que é
a Igreja, cuja Cabeça já se encontra no céu e cujos membros do Corpo estão igualmente
destinados ao céu. É por isso que nossa Igreja afirmou, na oração inicial: “Ó
Deus todo-poderoso, a Ascensão do vosso Filho, já é nossa vitória... Membros de
seu Corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória”.
São
muitas as pessoas do nosso tempo cuja vida perdeu o horizonte. Tornou-se uma
vida sem esperança, “uma terra que perdeu de vista o céu”, uma vida incapaz de
transcendência. É daí que nasce a nossa missão. Antes de subir ao céu, Jesus
confiou uma missão aos seus discípulos: serem suas testemunhas em todos os
lugares, em todos os tempos, a todas as pessoas, até os confins da terra (cf.
At 1,8): “Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura!” (Mc
16,15). O Evangelho que somos chamados a anunciar deve sê-lo com a nossa vida,
com a nossa conduta, antes de mais nada; se for preciso, usaremos de palavras,
como disse São Francisco de Assis. O Evangelho que somos chamados a anunciar é,
segundo o apóstolo Paulo, “força de Deus para a salvação de todo aquele que
crê” (Rm 1,16). O Evangelho que temos a missão de anunciar não é um texto
bíblico, mas uma Pessoa: Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, perdão para
quem está no pecado, cura para quem está enfermo; luz para quem está no escuro;
libertação para quem está preso; ressurreição para quem está morto. Que o
Espírito Santo nos capacite sempre mais para esta missão!
Neste
dia das Mães, além de orarmos por todas as mães, colocando-as no colo de Deus -
"Como a uma pessoa que a sua mãe consola, assim eu consolarei vocês"
(Is 66,13) - elevamos nossa súplica por todos os atingidos pela tragédia no Rio
Grande do Sul, um típico exemplo do que ocorre quando os filhos, por causa do
dinheiro, matam a própria mãe (Terra). Como muito bem pontuou o jornalista
ambiental André Trigueiro, "(O Governador Eduardo) Leite não tem culpa da
intensidade das chuvas, mas elas encontraram caminho aberto para a destruição,
a partir do afrouxamento das leis ambientais promovido por Eduardo Leite em seu
primeiro ano de governo". Catástrofes ambientais não são decididas no céu,
mas preparadas na terra, pela ganância dos próprios homens.
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
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