Missa do 32. dom. comum. Palavra de Deus: Sabedoria 6,12-16; 1Tessalonicenses 4,13-18; Mateus 25,1-13.
A sua
vida hoje é o que você esperava dela? Talvez, a maioria das pessoas responda “não”
a essa pergunta. No entanto, a vida é como ela é, e não como nós gostaríamos
que ela fosse. Certamente, alguns ou muitos dos nossos sonhos ainda não foram
concretizados, assim como algumas das nossas metas ainda não foram alcançadas. Mas,
pior do que ainda não termos realizado nosso sonho ou alcançado nossa meta, é não
termos nenhum sonho, nenhuma meta. Pior do que não termos nossa esperança
realizada é caminharmos na vida sem nenhuma esperança. Uma pessoa sem esperança
é alguém que não espera nada, nem da vida, nem dos outros, nem de Deus, nem de
si mesma, e quem não espera nada simplesmente morreu por dentro.
Jesus
não nos quer mortos por dentro; ele não nos quer desprovidos de esperança. No seu
Evangelho ele pergunta pela nossa esperança; não só se temos esperança, mas
como estamos alimentando nossa esperança. Através da parábola das dez virgens
que esperam pelo noivo, Jesus pergunta a nós, sua Igreja, se ainda esperamos
por ele, nosso Esposo; se ainda mantemos no horizonte da nossa fé a certeza de
que ele está vindo ao encontro de cada um de nós, conforme a promessa: “Ele virá...
para aqueles que o esperam para lhes dar a salvação” (Hb 9,28).
Seja
para aqueles que ainda esperam por ele, seja para aqueles que desistiram de
esperar, Jesus virá para todos, mas só celebrarão com ele a festa de casamento
aqueles que estiverem com suas lâmpadas acesas, símbolo bíblico da fé. Quando
começaram a esperar pelo noivo, as lâmpadas das dez virgens estavam acesas, mas
a chama das lâmpadas era alimentada com óleo, da mesma forma como nosso celular
é alimentado por uma bateria. Como o noivo demorou, o óleo que havia na lâmpada
foi consumido e, para se manter a lâmpada acesa, foi preciso usar a reserva de
óleo. Eram “dez” as virgens, número que simboliza a humanidade. Cinco virgens –
chamadas “previdentes” – tinham levado essa reserva, mas cinco não – chamadas “imprevidentes”.
A humanidade se divide em pessoas que se responsabilizam pela sua salvação e pessoas
que não se responsabilizam.
O
nosso problema não está na fé (lâmpada acesa), mas numa fé que não é alimentada
pela esperança (reserva de óleo). A grande maioria das pessoas cristãs um dia teve
fé em Jesus; um dia sentiu sua lâmpada interior acesa! Mas essa chama inicial não
suportou a demora do Senhor, uma demora que faz parte do Seu mistério. Por mais
que tenhamos fé em Deus, não podemos controlá-Lo, não podemos enquadrá-Lo nas
nossas expectativas: Ele virá e se manifestará em nossa vida quando Ele quiser,
quando for a hora certa, e não quando esperamos que Ele venha. Essa impossibilidade
de controlar Deus e de fazê-Lo “funcionar” pela força da nossa fé faz com que
nossa lâmpada consuma todo o seu óleo e se apague.
Jesus
nos ensina que a fé não pode sobreviver sem esperança. Pode ser que a resposta
para as nossas perguntas e a cura para as nossa feridas não sejam tão rápidas
quanto imaginamos, quanto esperamos, e aí, se não estivermos preparados para esperar
pelo Senhor, nossas lâmpadas se apagarão por falta de óleo; numa palavra, nossa
fé perderá o sentido por falta de esperança. Uma vida sem oração e sem contato
com a Palavra de Deus é como uma lâmpada cuja reserva de óleo se esvazia a cada
dia, sem ser abastecida, ou como um celular cuja bateria se descarrega a cada
momento.
Porque
o Senhor demora, porque Deus é mistério e não pode ser controlado por nós, nossa
esperança precisa ser exercitada, até se tornar uma esperança incansável. Quem
não cuida, não alimenta, não cultiva e não protege sua esperança torna-se uma
pessoa triste, apática, negativa e pessimista perante a vida; é como uma
lâmpada sem óleo, uma pessoa sem vida interior. Cuidar da fé e alimentar a
esperança é responsabilidade de cada um de nós. O marido não pode fazê-lo pela
esposa, nem a esposa pelo marido; os pais não podem fazê-lo pelos filhos, nem
os filhos pelos pais.
Nossa
época é marcada pelo excesso de cobrança externa e pela falta de cuidado interno.
As mesmas pessoas que vivem cobrando que fora delas haja luz não se dão ao trabalho
de cultivar sua luz interior. São pessoas que assumiram o papel de parasitas:
se acostumaram a se alimentar da energia dos outros. Para elas vale a
advertência do Evangelho: as virgens previdentes não puderam emprestar óleo às
outras, pois cada lâmpada tem que ter sua própria reserva de óleo, assim como
cada celular tem que ter sua própria bateria. Tendo que improvisar de última
hora, as virgens imprevidentes, que foram à cidade comprar óleo, perderam o
momento em que o noivo chegou e não puderam entrar na festa.
Eis,
portanto, a advertência de Jesus: ninguém pode viver da fé do outro, nem da
esperança do outro. A salvação é responsabilidade individual. Manter a fé e a
esperança vivas, alimentadas, cuidadas e protegidas dentro de nós é responsabilidade
nossa. Embora não saibamos o dia e a hora em que Jesus virá, sabemos que cada
dia e cada hora que passa nos aproxima do encontro com ele. O futuro desse
encontro é confiado às nossas mãos (óleo = responsabilidade).
ORAÇÃO: Senhor
Jesus, teu Evangelho me chama a esperar por Ti com minha lâmpada acesa, com
minha fé viva. A atitude da espera exige de mim perseverança na fé; exige que
minha fé se desdobre em esperança. Apresento a Ti minha reserva de óleo, minha
esperança provada e cansada, uma esperança que necessita ser reavivada.
Reaviva
em mim a graça do teu Espírito! Renova minha fé e fortalece minha esperança! Eu
creio e confio na Tua promessa de vir para dar a salvação àqueles que não desistiram
de esperar-Te. “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos! Peço-vos perdão para
os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam!”.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Maravilhoso..... Que Jesus vos de sabedoria para continuar a nos alimentar com essas reflexões.
ResponderExcluirMuito obrigado! Amém!
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