quinta-feira, 12 de março de 2020

QUE RESPOSTAS TEMOS DADO À NOSSA SEDE MAIS PROFUNDA DE SENTIDO E DE VIDA?


Missa do 3º dom. quaresma. Palavra de Deus: Êxodo 17,3-7; Romanos 5,1-2.5-8; João 4,5-42.

            Sede: uma necessidade básica, fundamental, que exige ser satisfeita. Israel sente sede no deserto (cf. Ex 17,3); uma mulher samaritana vai ao poço de Jacó, por volta do meio dia, e encontra Jesus “sentado junto ao poço”, pois Ele contém em si uma água não apenas capaz de saciar temporariamente a sede, mas capaz de dar vida eterna a quem dela beber. E Jesus pede à mulher: “Dá-me de beber” (Jo 4,7). Esse pedido de Jesus é uma provocação à mulher samaritana e a nós: Do quê temos sede? Qual é o nosso anseio mais profundo? Que respostas temos dado à nossa sede?
A sede que o ser humano tem não é somente no sentido de satisfazer suas necessidades básicas ou de sobrevivência, como ter uma casa para morar, uma pessoa para amar, um emprego digno, um salário justo. Nós também temos sede de justiça, de paz, de respeito; temos sede de afeto, de amor, de proximidade e de intimidade; temos sede, sobretudo, de sentido de vida; enfim, temos sede de Deus: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te procuro. Minha alma tem sede de ti, minha carne te deseja com ardor, como terra árida, esgotada, sem água” (Sl 63,2). Neste mundo árido em que vivemos, de relacionamentos secos, sem afeto e sem profundidade, nós estamos procurando poços que nos ofereçam um pouco de água, isto é, estamos procurando por pessoas que sejam profundas e possam nos oferecer um pouco de água, um pouco de sentido.
Jesus disse à mulher samaritana: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva” (Jo 4,10). Jesus é o dom de Deus para todo ser humano; Ele é fonte de água viva, a única água capaz de saciar a sede mais profunda que o ser humano traz em si, mas muitos desconhecem o dom que Jesus é. Muitos continuam a beber de uma água que não sacia: a água do consumismo, das drogas, de uma sexualidade compulsiva e adúltera; a água do materialismo, de uma vida pautada na aparência, na vaidade, bebendo do vazio e sentindo-se sempre mais vazios. O suicídio não é um grito de desespero de quem não encontrou neste mundo água alguma que pudesse saciar sua sede de sentido de vida?   
“A mulher disse a Jesus: ‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la’. Disse-lhe Jesus: ‘Vai chamar teu marido e volta aqui’. A mulher respondeu: ‘Eu não tenho marido’” (Jo 4,16-17). Jesus é nossa fonte de água viva e nos oferece gratuitamente da sua água: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37); “Que o sedento venha, e quem o deseja, receba gratuitamente água da vida” (Ap 22,17). A única condição é reconhecer que a resposta que temos dado à nossa sede está errada; é uma resposta que não responde, uma compensação que não compensa, um vazio que não nos preenche, um remendo incapaz de cobrir o buraco que há em nossa alma.
“Eu não tenho marido” – eis a verdade daquela mulher samaritana. Ela já havia se casado cinco vezes, e o homem com quem morava agora não era seu marido. Todos esses homens foram uma tentativa daquela mulher preencher o seu vazio, mas ela continuava sentindo-se vazia. Quem é o nosso marido? Nosso marido é Deus; o Esposo da nossa alma é Cristo. Enquanto nosso coração não centrar-se em Deus e não deixar-se amar e curar por Ele, nós continuaremos a nos prostituir, a mendigar afeto, a nos vender por um pouco de carinho, de atenção e de segurança. Enquanto não nos abrirmos para que Deus possa derramar o seu amor em nossos corações (cf. Rm 5,5), nós continuaremos a beber de águas contaminadas, sujas, poluídas, que nos adoecerão sempre mais.   
“Então a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao povo: ‘Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?’” (Jo 4,28-29). Venham ver um homem que me ajudou a me encontrar com a verdade! Venham ver um homem que me libertou das minhas mentiras! Venham ver um homem que me convenceu a respeito dos meus erros, dos meus enganos, dos meus pecados! Venham ver um homem que me ajudou a dialogar com a minha sede e lhe dar uma resposta mais profunda! Venham ver um homem que não me julgou, nem me condenou, mas me acolheu na minha sede mais profunda de sentido de vida!
“Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: ‘Ele me disse tudo o que eu fiz’” (Jo 4,39). Muitas pessoas à nossa volta estão perdidas, desorientadas, sedentas. Como a mulher samaritana, somos chamados a conduzir essas pessoas para Jesus, a anunciar-lhes que Jesus é a fonte de água viva; só Ele tem a resposta para as nossas perguntas mais profundas. Nossa missão é sermos canais que possibilitem com que a água viva do Evangelho de Jesus chegue ao coração sedento das pessoas do nosso tempo, de modo que também elas possam dizer o que os samaritanos disseram àquela mulher: “(...) nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo” (Jo 4,42). Jesus é verdadeiramente o Esposo da nossa alma, o Salvador não somente dos judeus, não somente dos samaritanos, mas de toda pessoa que tem sede de vida e de salvação.

ORAÇÃO: “Assim como a corça suspira pelas águas correntes, assim suspira minha alma por vós, ó meu Deus! Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo!” (Sl 42,2-3). A ti, Senhor Jesus, “estendo meus braços, minha vida é terra sedenta de ti!” (Sl 143,6). Ó Jesus, tu és o Esposo da minha alma, eu te procuro. “Minha alma tem sede de ti, minha carne te deseja com ardor, como terra árida, esgotada, sem água” (Sl 63,2).
Diante da verdade do teu Evangelho, eu reconheço que tenho dado respostas erradas à minha sede de sentido, de afeto e de felicidade. Livra-me das minhas mentiras, Senhor! Tu és a única e verdadeira fonte de água viva para todo ser humano sedento de perdão, de libertação e de salvação. Derrama sobre nós a água vida do teu Espírito! 
Reconduz o nosso coração para o Pai e para o Seu infinito amor. Que todos nós possamos conduzir as pessoas do nosso tempo para Ti, a fim de que cada uma delas reconheça que Tu és verdadeiramente o Salvador do mundo, o único capaz de saciar a nossa sede de sentido e de vida. Amém.

Pe. Paulo Cezar Mazzi

2 comentários:

  1. Parabéns Pé. Paulo! Uma clara e objetiva explanação do Evangelho da Samaritana. Tenho certeza que sua palavras tocarão os corações de muitos como tocou o meu. Peço ao Pai que meu coração seja reconduzido para Seu infinito amor. Grata

    ResponderExcluir
  2. Querida Priscila, muito obrigado pela partilha! Deus te abençoe! Abraços!

    ResponderExcluir