Missa do 3º dom.
quaresma. Palavra de Deus: Êxodo 17,3-7; Romanos 5,1-2.5-8; João 4,5-42.
Sede: uma necessidade básica,
fundamental, que exige ser satisfeita. Israel sente sede no deserto (cf. Ex
17,3); uma mulher samaritana vai ao poço de Jacó, por volta do meio dia, e encontra
Jesus “sentado junto ao poço”, pois Ele contém em si uma água não apenas capaz
de saciar temporariamente a sede, mas capaz de dar vida eterna a quem dela
beber. E Jesus pede à mulher: “Dá-me de beber” (Jo 4,7). Esse pedido de Jesus é
uma provocação à mulher samaritana e a nós: Do quê temos sede? Qual é o nosso
anseio mais profundo? Que respostas temos dado à nossa sede?
A
sede que o ser humano tem não é somente no sentido de satisfazer suas
necessidades básicas ou de sobrevivência, como ter uma casa para morar, uma
pessoa para amar, um emprego digno, um salário justo. Nós também temos sede de
justiça, de paz, de respeito; temos sede de afeto, de amor, de proximidade e de
intimidade; temos sede, sobretudo, de sentido de vida; enfim, temos sede de
Deus: “Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te procuro. Minha alma tem sede de ti,
minha carne te deseja com ardor, como terra árida, esgotada, sem água” (Sl
63,2). Neste mundo árido em que vivemos, de relacionamentos secos, sem afeto e
sem profundidade, nós estamos procurando poços que nos ofereçam um pouco de
água, isto é, estamos procurando por pessoas que sejam profundas e possam nos
oferecer um pouco de água, um pouco de sentido.
Jesus
disse à mulher samaritana: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te
pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”
(Jo 4,10). Jesus é o dom de Deus para todo ser humano; Ele é fonte de água
viva, a única água capaz de saciar a sede mais profunda que o ser humano traz
em si, mas muitos desconhecem o dom que Jesus é. Muitos continuam a beber de
uma água que não sacia: a água do consumismo, das drogas, de uma sexualidade
compulsiva e adúltera; a água do materialismo, de uma vida pautada na
aparência, na vaidade, bebendo do vazio e sentindo-se sempre mais vazios. O
suicídio não é um grito de desespero de quem não encontrou neste mundo água
alguma que pudesse saciar sua sede de sentido de vida?
“A
mulher disse a Jesus: ‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede
e nem tenha de vir aqui para tirá-la’. Disse-lhe Jesus: ‘Vai chamar teu marido
e volta aqui’. A mulher respondeu: ‘Eu não tenho marido’” (Jo 4,16-17). Jesus é
nossa fonte de água viva e nos oferece gratuitamente da sua água: “Se alguém tem
sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37); “Que o sedento venha, e quem o deseja,
receba gratuitamente água da vida” (Ap 22,17). A única condição é reconhecer
que a resposta que temos dado à nossa sede está errada; é uma resposta que não
responde, uma compensação que não compensa, um vazio que não nos preenche, um
remendo incapaz de cobrir o buraco que há em nossa alma.
“Eu
não tenho marido” – eis a verdade daquela mulher samaritana. Ela já havia se
casado cinco vezes, e o homem com quem morava agora não era seu marido. Todos
esses homens foram uma tentativa daquela mulher preencher o seu vazio, mas ela
continuava sentindo-se vazia. Quem é o nosso marido? Nosso marido é Deus; o Esposo
da nossa alma é Cristo. Enquanto nosso coração não centrar-se em Deus e não
deixar-se amar e curar por Ele, nós continuaremos a nos prostituir, a mendigar
afeto, a nos vender por um pouco de carinho, de atenção e de segurança.
Enquanto não nos abrirmos para que Deus possa derramar o seu amor em nossos
corações (cf. Rm 5,5), nós continuaremos a beber de águas contaminadas, sujas,
poluídas, que nos adoecerão sempre mais.
“Então
a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao povo: ‘Vinde ver um
homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?’” (Jo
4,28-29). Venham ver um homem que me ajudou a me encontrar com a verdade!
Venham ver um homem que me libertou das minhas mentiras! Venham ver um homem
que me convenceu a respeito dos meus erros, dos meus enganos, dos meus pecados!
Venham ver um homem que me ajudou a dialogar com a minha sede e lhe dar uma
resposta mais profunda! Venham ver um homem que não me julgou, nem me condenou,
mas me acolheu na minha sede mais profunda de sentido de vida!
“Muitos
samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da
mulher que testemunhava: ‘Ele me disse tudo o que eu fiz’” (Jo 4,39). Muitas
pessoas à nossa volta estão perdidas, desorientadas, sedentas. Como a mulher
samaritana, somos chamados a conduzir essas pessoas para Jesus, a anunciar-lhes
que Jesus é a fonte de água viva; só Ele tem a resposta para as nossas perguntas
mais profundas. Nossa missão é sermos canais que possibilitem com que a água
viva do Evangelho de Jesus chegue ao coração sedento das pessoas do nosso
tempo, de modo que também elas possam dizer o que os samaritanos disseram
àquela mulher: “(...) nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o
salvador do mundo” (Jo 4,42). Jesus é verdadeiramente o Esposo da nossa alma, o
Salvador não somente dos judeus, não somente dos samaritanos, mas de toda pessoa
que tem sede de vida e de salvação.
ORAÇÃO:
“Assim como a corça suspira pelas águas correntes, assim suspira minha alma por
vós, ó meu Deus! Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo!” (Sl
42,2-3). A ti, Senhor Jesus, “estendo meus braços, minha vida é terra sedenta
de ti!” (Sl 143,6). Ó Jesus, tu és o Esposo da minha alma, eu te procuro. “Minha
alma tem sede de ti, minha carne te deseja com ardor, como terra árida,
esgotada, sem água” (Sl 63,2).
Diante
da verdade do teu Evangelho, eu reconheço que tenho dado respostas erradas à
minha sede de sentido, de afeto e de felicidade. Livra-me das minhas mentiras,
Senhor! Tu és a única e verdadeira fonte de água viva para todo ser humano
sedento de perdão, de libertação e de salvação. Derrama sobre nós a água vida
do teu Espírito!
Reconduz o nosso coração para o Pai e para o Seu infinito amor.
Que todos nós possamos conduzir as pessoas do nosso tempo para Ti, a fim de que
cada uma delas reconheça que Tu és verdadeiramente o Salvador do mundo, o único
capaz de saciar a nossa sede de sentido e de vida. Amém.
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
Parabéns Pé. Paulo! Uma clara e objetiva explanação do Evangelho da Samaritana. Tenho certeza que sua palavras tocarão os corações de muitos como tocou o meu. Peço ao Pai que meu coração seja reconduzido para Seu infinito amor. Grata
ResponderExcluirQuerida Priscila, muito obrigado pela partilha! Deus te abençoe! Abraços!
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