Missa do 5º.
dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 58,7-10; 1Coríntios 2,1-5; Mateus
5,13-16.
# SOMOSTODOSCHAPE. Muito
provavelmente você viu em algum lugar esta afirmação, por ocasião da tragédia
com o avião da Chapecoense, e compartilhou da ideia. Existem muitas diferenças
entre os povos, as raças, as culturas e as religiões: diferenças quanto ao
aspecto físico, à língua, à maneira de entender a vida e à maneira de se
conceber Deus. Mas nós, que vivemos na era da globalização, temos nos
acostumado a ver essas diferenças diminuírem, se diluírem, se apagarem, de tal
forma que elas até mesmo parecem deixar de existir. As pessoas são diferentes,
mas a globalização faz com que hoje todos sejam alcançados pelas mesmas
notícias, seduzidos pelas mesmas propagandas, doutrinados pelas mesmas ideias,
de modo que, embora sejamos diferentes quanto ao aspecto físico, à linguagem, à
visão de mundo, à fé e a tantas outras coisas, todos hoje estamos adotando um
estilo de vida paganizado, ou seja, um estilo de vida onde a nossa FÉ só pode
ser vivida e manifestada de modo que ela NÃO DESTOE DO CONJUNTO.
No mundo globalizado em que vivemos
está proibido ser SAL da terra e LUZ do mundo. #SOMOSTODOSMCDONALDS,
#SOMOSTODOSCOCACOLA, #SOMOSTODOSREDEGLOBO,
#SOMOSTODOSAFAVORDOABORTO,
#SOMOSTODOSGAYSOUAFAVORDACULTURAGAY, e assim por diante. Numa sociedade onde os
valores se corrompem e a vida perde rapidamente o sabor, você está proibido de
ser o sal que preserva da corrupção e que dá sabor/sentido à vida. Numa época
em que as pessoas se habituaram a viver na escuridão, como cegos que se deixam conduzir
por outros cegos, sem questionar para onde estão sendo conduzidos, você está
proibido de ser luz que destoa dessa escuridão e sinaliza para Aquele que é a
verdadeira luz: Jesus Cristo.
Nós, cristãos, não somos melhores do
que ninguém. Somos limitados, falhos e passíveis de erro, como qualquer outro
ser humano. Mas, na visão de Jesus, nós, cristãos, discípulos Seus, SOMOS uma
PRESENÇA DIFERENCIADA na sociedade humana. Jesus nos quer exatamente assim:
fiéis à nossa essência de SAL e LUZ, pessoas que estão no mundo sem ser do
mundo, pessoas que comunguem das alegrias e das esperanças, das dores e dos
sofrimentos humanos, fazendo ecoar, principalmente com a nossa conduta diária,
a alegria do Evangelho. Portanto, não deixe que o seu sal se estrague ou que
sua luz se apague por você aderir ao paganismo do mundo moderno. Aprenda a
analisar tudo o que lhe é proposto e a ficar somente com aquilo que contribui
para que o sabor e a luz do Evangelho de Cristo permaneçam vivos dentro de você
e sejam comunicados àqueles que deles tanto necessitam. Lembre-se de que você,
como sal e luz, é uma missão neste mundo. Não renuncie a esta missão só para
não destoar na onda de degradação em que vive o nosso mundo.
Da mesma forma como o sal deve ser
colocado na comida e a luz deve iluminar os que estão no ambiente, a nossa
PRESENÇA cristã é necessária FORA das nossas igrejas. Da mesma forma como não
tem sentido pescar em aquário, não tem sentido dar testemunho da nossa fé
somente dentro da igreja. É no seio da família, no local de trabalho, no
ambiente de estudo, na vida cotidiana e, sobretudo, nas periferias existenciais
– situações onde se encontram pessoas expostas à degradação física,
psicológica, moral e espiritual –, é ali que o nosso sal e a nossa luz são
necessários. O problema é o medo, a timidez, o sentimento de inferioridade, a
acomodação, a preguiça espiritual e, mais do que tudo, o não querer destoar
para não ser rejeitado ou criticado que nos atrofia e nos fecha em nós mesmos; é
isso o que faz com que permaneçamos com a nossa consciência anestesiada, cuidando
da única ovelha que ficou conosco ao invés de ir atrás das 99 que se
extraviaram.
O profeta Isaías nos recorda que a
nossa primeira forma de estar na sociedade como sal e luz é a maneira como
vivemos: “Reparta o pão com o faminto... Quando você encontrar um nu, cubra-o, e
não despreze aquele que é humano como você... Se você (...) deixar os hábitos
autoritários e a linguagem maldosa; se você acolher de coração aberto o
indigente e prestar todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a sua luz
e sua vida obscura será como o meio-dia” (Is 58,7.8.9.10). Por outro lado, o
apóstolo Paulo nos convida a viver a nossa vocação de sal da terra e luz do
mundo a partir da nossa fraqueza (cf. 1Cor 2,1-5). As nossas falhas,
imperfeições e limitações não são um impedimento ao anúncio do Evangelho, mas
são como que frestas por meio das quais a luz de Cristo pode passar e chegar
àqueles para os quais devemos ser um Evangelho vivo.
Enfim, quanto mais pessoas ao seu
redor aderem consciente ou inconscientemente ao #SOMOSTODOSPAGÃOS, que você
possa manter viva a sua consciência de ser fiel à própria essência, não somente
cuidando do sal e da luz que é, mas inserindo-se no seio da humanidade de forma
que a sua PRESENÇA DIFERENCIADA ajude a devolver gosto e sentido à vida das
pessoas, contribuindo também para que elas possam aderir livremente Àquele que
veio como luz para iluminar todo ser humano (cf. Jo 1,9): Jesus Cristo.
Pe. Paulo
Cezar Mazzi
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPadre Paulo, a sua reflexão é significativa no sentido de sermos a diferença positiva. Agora, vejo a sua comparação infeliz. #SomosTodosChape teve todo um sentido de solidariedade ao invés de seguir a onda de uma globalização da informação. Acredito que se usasse outro exemplo seria mais feliz no comentário da liturgia deste final de semana. Abraço.
ResponderExcluirSim, Evandro. De fato, eu quis mostrar o efeito da globalização mas, neste caso, foi um efeito positivo, de solidariedade. Obrigado pela observação.
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