A
expressão “braço curto” diz respeito a pessoas preguiçosas, que não gostam de
trabalhar. Eu não sei muito bem como está essa questão nas igrejas evangélicas,
mas ela começa a se tornar preocupante em nossa Igreja. Uma possível explicação
para esse tipo de atitude é que cada geração é, em certa medida, fruto da sua
época. Não são poucos os pais que sofrem com esse comportamento dentro de casa:
o filho cresceu acostumado a não fazer nada, ou a fazer apenas o mínimo; cresceu
achando que os outros existem para servi-lo e ele está convencido de que veio
ao mundo exatamente para isso: para ser servido. Em muitos casos, os pais são
diretamente responsáveis por esta visão distorcida que o filho tem da vida: ele
foi ou tem sido criado assim.
Mas,
uma vez que eu não tenho gabarito para fazer análises psicológicas ou
sociológicas a respeito da geração “nem-nem” – nem trabalha, nem estuda –
entendo que nós temos uma indicação muito clara da Palavra de Deus para quem
quer que ache normal – e, quem sabe, muito conveniente – ser uma pessoa “braço
curto”: “Quem não quer trabalhar também
não deve comer” (2Ts 3,10). Perceba que o apóstolo Paulo não diz “quem não pode trabalhar”; ele diz “quem não quer trabalhar”. Dizendo de outra
maneira, quem se acha no direito de viver como parasita, quem vive fazendo
corpo mole no trabalho precisa levar um choque de realidade: seu “ganho” deverá
ser proporcional ao seu trabalho; se a pessoa não quer arregaçar as mangas, que
a ela não sejam dados recursos para que continue a ter a vida boa que tem.
Jesus
diz que você conhece uma árvore pelos frutos que ela produz (cf. Mt 7,16-20).
Como é o padre da sua igreja? Ele trabalha? O trabalho dele se reduz a celebrar
missas, ou ele também procura atender as pessoas que procuram por ele e
fazer-se presente, o quanto possível, na dor das pessoas (doença, luto,
conflito familiar etc.)? Quantas vezes ao longo do ano ele sai “de férias”,
alegando que precisa “descansar”? A “presença geográfica” dele se restringe à
casa paroquial e à igreja Matriz, ou ele também procura fazer-se presente na
periferia da paróquia? Já que, infelizmente, o nosso trabalho pastoral como
padres é gasto, em sua maior parte do tempo, na administração de sacramentos – embora
a evangelização peça de nós muito mais do que isso – como o padre da sua igreja
dispensa tais sacramentos: como quem o faz com o coração voltado para Deus? Como
quem dá o melhor de si no que está fazendo ou como quem precisa se livrar logo
disso para ter tempo de se dedicar às coisas que realmente lhe dão satisfação,
como assistir TV, navegar na internet, sair para bater papo com os amigos,
ficar teclando no celular etc.?
O
conselho bíblico “Quem não quer trabalhar também não deve comer” (2Ts 3,10)
também se aplica ao dízimo. O dízimo é um dinheiro sagrado que você doa para ajudar
nas necessidades da Igreja, seja no seu serviço de evangelização, seja na sua
assistência aos pobres. Acontece que o padre é o administrador da paróquia e a
última palavra a respeito de como o dinheiro do dízimo deve ser gasto vem dele.
Ora, “o que se exige dos administradores é que cada um seja fiel” (1Cor 4,2). O
padre da sua igreja pode ser considerado um “administrador fiel”? Ele, para dar
o exemplo, também contribui com o dízimo? De que maneira ele administra o
dinheiro do dízimo? Com o quê ele gasta esse dinheiro?
Ainda
sobre essa questão, se você já contribui ou pretende contribuir com o dízimo,
procure se informar como são realizados o recolhimento, a soma e o depósito
bancário do dízimo que entra na paróquia. Desconfie de padres que concentram
essas funções em suas mãos ao invés de confiá-las a um grupo de pelos menos
dois ou três leigos. Enfim, se o padre da sua igreja é “braço curto” ou um
administrador suspeito, procure saber se na sua paróquia existe o grupo dos
Vicentinos ou algum outro grupo que trabalha diretamente na assistência aos
pobres. Destine seu dízimo a eles. Se não houver nenhum grupo neste sentido, destine
seu dízimo a entidades beneficentes da sua cidade que cuidam de idosos, de crianças
órfãs, de dependentes químicos, de pessoas com algum tipo de deficiência etc. Lembre-se:
“Quem não quer trabalhar também não deve comer” (2Ts 3,10). Não confie mais o seu
dízimo às mãos de padres “braço curto”.
O pastor que não cuida e alimenta seu rebanho em pouco tempo não o terá mais. Parabéns, Pe.Paulo pelo belo texto e exemplo é por ser esse pastor misericordioso que sempre se mostrou.
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