sexta-feira, 5 de junho de 2015

O ESPÍRITO SANTO, O MAU ESPÍRITO E A NOSSA LIBERDADE DE ESCOLHA

Missa do 10º. dom. comum. Palavra de Deus: Gênesis 3,9-15; 2Coríntios 4,13–5,1; Marcos 3,20-35.

        Existem duas vozes em nossa consciência: a voz do Espírito de Deus e a voz do espírito do mal. A qual delas você dá ouvidos? Existem dois impulsos em nosso coração: o impulso que vem do Espírito Santo e o impulso que vem do mau espírito. Qual deles você segue? Deus criou você livre, e na sua liberdade você pode escolher por quem quer se deixar conduzir: se pelo Espírito de Deus ou se pelo espírito do mal. Essa escolha, além de dever ser feita todos os dias, deve ser feita também em vários momentos do dia.
Eva escolheu obedecer à voz do mal e, depois de pecar, teve que admitir: “A serpente me enganou...” (Gn 3,13). Como diz a sabedoria popular, “O pecado promete, mas não entrega a felicidade”. Adão aceitou a sugestão do mau espírito e, depois de ter desobedecido a Deus, teve que admitir: “Ouvi tua voz... e fiquei com medo, porque estava nu; e me escondi” (Gn 3,10). Porque Adão se deixou conduzir pelo mau espírito, seu amor por Deus se transformou em medo, a acolhida que ele tinha para com sua própria nudez se transformou em vergonha, e ao invés de se deixar encontrar por Deus, passou a se esconder d’Ele.  
       A pergunta que Deus fez à consciência de Adão hoje é dirigida a cada um de nós: “Onde você está?” (Gn 3,9) O que você está fazendo da sua vida? Como está usando a sua liberdade? Em que situação você se encontra? Quem você está permitindo que habite a sua casa interior? Você ainda se pertence, ou já pertence a um “estranho”? As coisas mais importantes da sua vida estão seguras em suas mãos ou estão sendo saqueadas pelo maligno (cf. Mc 3,27)? A casa (a vida) de muitas pessoas hoje está sendo saqueada pelo maligno, porque deixaram de obedecer à voz de Deus e decidiram correr atrás de uma falsa promessa de felicidade. Desse modo, elas se tornaram pessoas “assaltadas por dentro”. Julgam-se livres porque se livraram das “amarras” de Deus, da Igreja, da religião, da moral, mas não se dão conta de que estão amarradas ao mal e sendo saqueadas por ele a todo instante.
         Jesus sempre escolheu viver segundo o Espírito de Deus: “O Espírito do Senhor está sobre mim...” (Lc 4,18). Toda a sua vida foi vivida na obediência ao Espírito Santo. Assim, todas as curas e libertações que Ele operou em favor das pessoas se deram graças à unção do Espírito Santo n’Ele: “Se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12,28). No entanto, o Evangelho de hoje nos revela que, além de seus familiares não entenderem a sua maneira de agir, os mestres da lei o acusavam de expulsar os demônios usando o poder do próprio príncipe dos demônios (cf. Mc 3,22), ao que Jesus respondeu: “Como é que satanás pode expulsar a satanás?” (Mc 3,23).
      Existe hoje uma grande propaganda em favor de satanás, patrocinada – o que é muito contraditório – por alguns supostos pregadores do Evangelho. De cada dez palavras que falam (ou gritam?) em suas igrejas, sete se referem ao demônio. Ora, não há dúvida de que o demônio existe. Mas o perigo aqui é atribuir tudo a ele, como se o ser humano fosse um mero fantoche que o maligno toma em suas mãos e manipula como quer. Se tudo o que existe de errado e de injusto na sociedade é obra do maligno, onde está a nossa responsabilidade como construtores da sociedade humana?
         Quando Jesus prometeu enviar o Espírito Santo, disse: “... quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado...” (Jo 16,8). É a partir dessas palavras que podemos entender por que Jesus disse que “quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado” (Mc 3,29). O Espírito Santo é o “Espírito da Verdade” (cf. Jo 14,17; 15,26; 16,13). Quando Ele me convence a respeito da mentira do meu pecado e me oferece a graça da conversão e da salvação pelo sacrifício de Cristo na cruz, mas eu rejeito tal oferta, seja porque não me considero necessitado de conversão e de salvação, seja porque não quero romper com a mentira do meu pecado, eu estou rejeitando o perdão de Deus. Consequentemente, estou me condenando a um pecado eterno (leia Hebreus 10,26-31).
Ao final dessa reflexão, precisamos voltar a nos fazer algumas perguntas: Em Deus “se encontra o perdão, (...) toda graça e copiosa redenção. Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa” (Sl 130,4.7-8). Eu continuo a me esconder de Deus, ou tenho deixado me encontrar pelo Seu perdão? Sou um cristão que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus (cf. Rm 8,14), ou um cristão que cada vez mais tem resistido ao Espírito Santo (cf. At 7,51)? Vem, Espírito de Deus, fazer a grande conversão. Vem, Espírito de Deus, pela poderosa intercessão do nosso Senhor. Liberta e restaura os corações, derrama a efusão em todos nós, envolva-nos em tuas grandes asas, aquece-nos e queima com teu fogo! Vem, Espírito Santo, vem (Espírito Santo, vem), desfaz toda a impureza. Vem, Espírito Santo, vem (Espírito Santo, vem), derrama teus santos dons! (Agnus Dei, Vem, Espírito de Deus).

https://www.youtube.com/watch?v=syfCoXIQ8xw 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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