Missa
do 11º. dom. comum. Palavra de Deus: Ezequiel 17,22-24; 2Coríntios 5,6-10;
Marcos 4,26-34.
“Não julgue o dia pelo que você colheu,
mas pelo que semeou” (Robert Loius Stevenson). Como você avalia a sua vida
profissional? E a sua vida afetiva? E a sua espiritualidade? Como você avalia o
seu trabalho voluntário na Igreja ou na sociedade? Como você avalia o seu
esforço em formar seu filho ou em tornar o seu ambiente de trabalho mais justo
e humano? Ao escrever “A alegria do Evangelho”, o Papa Francisco fez um alerta:
“A ânsia moderna de chegar a resultados imediatos faz com que os agentes
pastorais não tolerem facilmente tudo o que signifique alguma contradição, um
aparente fracasso, uma crítica, uma cruz” (n.82). Quanto mais reduzimos a
avaliação da nossa vida à obtenção de resultados imediatos, mais infelizes e
frustrados no sentimos.
Muitos terrenos estão vazios, ociosos,
sem nenhuma plantação, ou estão tomados pelo mato por um simples motivo: quem
cuidava do terreno desistiu de semear. E por que desistiu? Porque se cansou de
esperar; porque se deixou contaminar pela praga do imediatismo, da pressa, da
ansiedade, da busca constante de resultados imediatos. Muitos abandonaram o
terreno da sua espiritualidade por não suportar as demoras de Deus; por
esquecer que a oração vale por si mesma e não pelo fruto que ela porventura
possa produzir naquele que reza.
O coração do Evangelho de hoje se
encontra nessas palavras: “O reino de Deus é como quando alguém espalha a
semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando
e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. A terra, por si mesma, produz
o fruto...” (Mc 4,26-28). O que Jesus está nos dizendo é: confie! Confie na
fecundidade da graça de Deus! Confie na ação do Espírito Santo! Confie na força
do Evangelho! Tenha esperança em Deus: Ele agirá e fará a semente da Sua
palavra germinar e frutificar em você, apesar da sua fragilidade humana!
Nesta comparação que Jesus faz, fica
claro que há algo que depende absolutamente de nós, assim como há algo que
depende absolutamente de Deus. A você cabe acolher a semente da Palavra em si e
também lançá-la no coração das outras pessoas. A Deus cabe fazer germinar e
crescer a semente lançada. Depois que a semente foi lançada, a você cabe
confiar, esperar e permitir que Deus faça em você, e no coração de quem você
lançou a semente da Palavra, a obra de frutificar, confiando que é Ele, e
somente Ele, quem dá o crescimento (cf. 1Cor 3,7).
Entre um dia e outro dia existe sempre
uma noite. Durante a noite dormimos, nos desarmamos, nos entregamos. Deus nos
convida a dormir e a confiar que, enquanto dormimos, Ele faz a obra: “Na conversão
e na calma estava a vossa salvação, na tranquilidade e na confiança estava a
vossa força” (Is 30,15). Quem desiste de confiar em Deus e se deixa consumir
pela ansiedade, não experimenta a paz: “Os ímpios são como um mar agitado que
não pode acalmar-se, cujas águas revolvem sargaço e lodo. ‘Para os ímpios não
há paz’, diz o meu Deus” (Is 57,20).
Cada um de nós precisa cuidar da semente
que é. Cada um de nós precisa ser fiel à sua fecundidade enquanto semente de
Deus lançada no terreno da humanidade. Assim como o “grão de mostarda” (cf. Mc
4,31-32), podemos ser a menor de todas as sementes. Mesmo assim, devemos nos
lançar à terra, devemos fazer de nós um dom para os outros, um dom para a
humanidade: “O dom de nós mesmos é necessário” (Papa Francisco, A alegria do Evangelho
n.279). É dos nossos pequenos gestos, das nossas pequenas atitudes que podemos
fazer brotar o amor, a justiça, o respeito e a paz onde fomos semeados. Além
disso, como cristãos, ‘somos chamados a acompanhar as pessoas em todos os seus processos,
por mais duros e demorados que sejam, suportando as longas esperas, cuidando do
trigo e não perdendo a paz por causa do joio’ (citação livre de A alegria do
Evangelho n.24).
Que a luz do Espírito Santo nos faça
enxergar e nos alegrar pelas sementes que lançamos a cada dia no terreno da
nossa vida pessoal, comunitária e social, livrando-nos de cair na armadilha do desânimo
e do pessimismo só porque ainda não estamos vendo os frutos das sementes
lançadas.
Para
a sua oração pessoal: EU SOU UM JARDIM (Adriana)
https://www.youtube.com/watch?v=EXQxu0zIRxk Pe. Paulo Cezar Mazzi
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