Missa da Assunção de Nossa Senhora. Palavra de Deus: Apocalipse
11,19a.; 12,1.3-6a.10ab.; 1Coríntios 15,20-27a; Lucas 1,39-56.
A vida é feita de
lutas, de batalhas. Batalha-se para conquistar a pessoa amada, para fazer um
curso superior, para conseguir um lugar no mercado de trabalho. Batalha-se pela
família, pela manutenção do vínculo conjugal, pela educação dos filhos.
Batalha-se pela própria santificação, pela superação de um vício, pelo
rompimento com uma situação de pecado. Batalha-se contra uma doença, mas também
batalha-se pela expansão do tráfico de drogas, pela expansão do próprio poder sobre
os outros, pela destruição daqueles que são considerados inimigos. Batalha-se,
sobretudo, pelo dinheiro e pelo poder. As batalhas são inúmeras: algumas
justas, dignas, plenas de sentido; outras injustas, desumanas, sem nenhum
sentido.
João também nos
fala de uma batalha que começa no céu e depois passa para a terra: a batalha
entre uma mulher e um dragão. A mulher é a Igreja, o Povo de Deus; o dragão é o
diabo (cf. Ap 12,9). Enquanto a mulher é apresentada “revestida de sol”,
símbolo da luz divina (cf. 1Jo 1,5; Sl 104,2; Is 60,20), o dragão é descrito
como “cor de fogo”, símbolo da morte (“assassino desde o princípio” – Jo 8,44).
O objetivo do dragão é devorar o filho que a mulher vai dar à luz (cf. Ap
12,4).
O que pode uma
mulher contra um dragão? O que podem as nossas famílias contra as drogas e a
violência? O que pode uma pessoa contra uma doença grave? O que pode um povo contra
uma guerra motivada por interesses econômicos ou pelo fanatismo religioso? O
que podem os recursos naturais contra a nossa cultura do desperdício? O que
pode a consolidação da identidade sexual de uma criança, que se dá de 0 a 3
anos de idade, contra a cultura gay? O que pode o ideal de amar até o fim
contra a cultura do descartável?
O constante aumento
do mal no mundo não é sinal de que nós nada podemos contra o dragão, mesmo
porque a mensagem de Ap 12 é uma só: o dragão é um eterno derrotado – derrotado por
Jesus (vs.4-6), pelo arcanjo Miguel (vs.7-8), pelos que creem em Jesus (v.11) e
pela própria terra (v.16). Seu único poder consiste em derrubar “a terça parte
das estrelas do céu”, ou seja, derrubar os cristãos menos firmes, seduzir e
arrastar atrás de si algumas pessoas, sobretudo por meio da tentação do
dinheiro e do poder. Portanto, o alastramento do mal no mundo nada mais é do
que os gritos de desespero de um dragão que sabe que está próximo da sua
derrota definitiva.
Na
sua primeira carta, o apóstolo Pedro diz: “Eis que o vosso adversário, o diabo,
vos rodeia como leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na
fé, sabendo que a mesma espécie de sofrimento atinge os vossos irmãos
espalhados pelo mundo” (1Pd 5,8-9). A fé é a nossa resistência, o nosso escudo,
a nossa arma para não sermos devorados pelo dragão. Por isso, Isabel disse a
Maria: “Feliz aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu” (Lc 1,45). A fé nos faz experimentar o poder de Deus em nós e nas
nossas famílias. Se Maria disse: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu
favor” (Lc 1,49) é porque antes havia dito: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se
em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38). É pela nossa fé e nossa obediência à
Palavra do Senhor que permitimos que Deus faça grandes coisas em nosso favor e
em favor da nossa família.
Ao celebrarmos a Assunção, a elevação de
Maria em corpo e alma ao céu, estamos reafirmando a nossa fé nesta promessa
bíblica: se é verdade que “todos morrem”, também é
verdade que “em Cristo todos reviverão”. Ele vai destruir todo poder do mal e colocar
todos os seus inimigos debaixo de seus pés. “O último inimigo a ser destruído é
a morte”, subentendendo-se também o dragão, seu autor (cf. 1Cor 15,22.24-26). Se
agora estamos associados ao combate de Jesus contra o maligno, é para que depois
estejamos associados à sua ressurreição quando, como aconteceu com Maria,
formos elevados ao céu, meta final da nossa redenção, da nossa glorificação com
Cristo.
P.S.
Reflexão alternativa:
“Não sou escravo
de ninguém. Ninguém senhor do meu domínio. Sei o que devo defender... Quase
acreditei na sua promessa, e o que vejo é fome e destruição! Perdi a minha sela
e a minha espada. Perdi o meu castelo e minha princesa... Existem os tolos e
existe o ladrão. E há quem se alimente do que é roubo, mas vou guardar o meu
tesouro, caso você esteja mentindo... Olha o sopro do dragão!... Esta é a terra-de-ninguém.
Sei que devo resistir. Eu quero a espada em minhas mãos!... Não me entrego sem
lutar. Tenho ainda coração; não aprendi a me render: que caia o inimigo então!...
Tudo passa, tudo passará... E nossa história não estará pelo avesso assim, sem
final feliz. Teremos coisas bonitas pra contar! E até lá, vamos viver. Temos
muito ainda por fazer! Não olhe pra trás. Apenas começamos. O mundo começa
agora. Apenas começamos...”
(Legião Urbana, Metal contra as nuvens)
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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ResponderExcluirQue belíssimo Blog! Caríssimo Pe. Paulo, acredito que o sr deveria escrever um livro com suas homilias para ficarem registradas...
ResponderExcluirDeus continue te abençoando...
Um fraterno abraço
Paulo André
*Obs: na missa deste domingo usamos a música "O Cantico de Maria" do ministério Adoração e Vida, ficou mto bom tbm...