quinta-feira, 13 de março de 2014

NOSSAS PALAVRAS E NOSSAS ATITUDES TRANSFIGURAM?

Missa do 2º. dom. da quaresma. Palavra de Deus: Gênesis 12,1-4a; 2Timóteo 1,8b-10; Mateus 17,1-9.

            Você convive com diversas pessoas, e também se relaciona com um número muito maior delas pela internet. Entre essas pessoas que fazem parte da sua convivência ou dos seus contatos pela internet, quais delas colaboram com a sua transfiguração? Quais colaboram com a sua desfiguração? Diariamente você vê imagens, lê notícias, ouve músicas, entra em contato com novos pensamentos e novas ideias. De tudo isso que você recebe, o quê te transfigura? O quê te desfigura?
            Sim, você pode perguntar: como posso saber quando alguma coisa ou alguém me transfigura ou me desfigura? Tudo aquilo que afasta você da sua verdade e da luz que é Deus, te desfigura; tudo aquilo que aproxima você da sua verdade e da luz que é Deus, te transfigura.  
            Em todo segundo domingo da Quaresma, o Evangelho nos coloca diante da transfiguração de Jesus, porque ela é uma antecipação da Páscoa, razão de ser da nossa caminhada quaresmal. A transfiguração de Jesus é uma antecipação e uma garantia da nossa ressurreição. Enquanto caminhamos neste mundo, nos deparamos com a cruz, seja a nossa, seja a dos outros, e a cruz, por um momento, joga uma sombra escura sobre a nossa vida, como que nos desfigurando. No entanto, a transfiguração de Jesus purifica o nosso olhar e nos ajuda a enxergar a glória de Deus, a luz da Sua presença, a verdade do Seu amor junto a nós, junto a toda pessoa que faz sua experiência de cruz.
  A leitura do Gênesis, narrando a vocação de Abrão, nos revela como a transfiguração começa a se dar em nós: nós temos que sair! Deus disse a Abrão: “Sai da tua terra... e vai para a terra que eu vou te mostrar” (Gn 12,1). A vida de Abrão estava parada, interrompida, envelhecida: ele iria morrer sem terra e sem filhos. A vida de Abrão estava desfigurada, mas Deus lhe lançou um desafio: ‘Sai! Rompe com as tuas velhas seguranças, confie em mim; Eu vou te indicar o caminho; Eu vou ampliar o horizonte da tua existência; Eu vou fazer de você um grande povo e uma grande bênção para a humanidade!’ (citação livre de Gn 12,2-3).  
  Abrão, não tendo nenhuma garantia da parte de Deus de que cumpriria Suas promessas, confiou, teve fé, obedeceu e “partiu, como o Senhor lhe havia dito” (Gn 12,4a). Aqui não só a vida de Abrão, mas a própria história da humanidade começou a se transfigurar, porque aqui começou a história da salvação. Portanto, a transfiguração começa na sua vida quando você confia na Palavra do Senhor, que lhe convida a sair, a partir, a sofrer “por causa do evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (2Tm 1,8b), este Evangelho por meio do qual Jesus Cristo faz “brilhar a vida e a imortalidade” (2Tm 1,10) para todo aquele que nele crê.
 “Sai da tua terra...” (Gn 12,1). Uma das insistências do Papa Francisco em relação a nós, que somos Igreja, é sair: “sair em direção aos outros para chegar às periferias humanas... Saiamos, saiamos para oferecer aos outros a vida de Jesus Cristo!... Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e pela comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 46 e 49). Para que a Igreja possa oferecer aos outros a vida de Jesus Cristo, ela precisa de você, precisa que você abrace a sua vocação, a exemplo do que Abrão fez.
 Já que mencionamos o Papa Francisco, que no dia 13 último completou seu primeiro ano de pontificado, é inegável que suas palavras e suas atitudes têm transfigurado o rosto da nossa Igreja. Contudo, alguém disse que enquanto nós apenas admirarmos o Papa Francisco, a nossa Igreja não vai mudar. Mas, a partir do momento em que nós fizermos o que o Papa Francisco tem nos ensinado, aí então a nossa Igreja mudará.
 A transfiguração de Jesus também nos faz entender que as nossas palavras e nossas atitudes podem transfigurar ou desfigurar as pessoas com as quais convivemos e o meio no qual nos encontramos. Há muita gente perto de nós desfigurada por doenças, conflitos, dificuldades; desfiguradas pelos vícios, pela violência, pela tristeza, pela falta de fé ou pela solidão...  Assim como uma nuvem luminosa envolveu os discípulos e, do meio da nuvem, a voz do Pai disse: “Este é o meu Filho amado... Escutai-o!” (Mt 17,5), assim nossa presença pode fazer com que essas pessoas sintam Deus perto delas e entrem em contato com a palavra de Jesus, Aquele que é a garantia da nossa futura e definitiva transfiguração.
 Nesta segunda semana da Quaresma, assumamos uma atitude concreta de nos fazer presente junto a alguém que se encontra desfigurado, e levemos a essa pessoa a luz da transfiguração de nosso Senhor Jesus. Se de fato for impossível estar junto dessa pessoa, tenhamos momentos profundos de oração por ela...


P.S. Se você deseja tomar uma atitude concreta de transfiguração, a Cáritas Brasileira, órgão da nossa Igreja, está socorrendo as vítimas da guerra civil na Síria. Segundo a Cáritas, “mais de 320 mil pessoas já foram atendidas, com alimentos, água, serviços de saúde, roupas e abrigos. No entanto, mais de 9 milhões de pessoas precisam urgentemente de nossa caridade”. No site da Cáritas, você encontra orientações de como ajudar: www.caritas.org.br

                                                             Pe. Paulo Cezar Mazzi

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