Missa
do 3º. dom. da quaresma. Palavra de Deus: Êxodo 17,3-7; Romanos 5,1-2.5-8; João
4,5-42.
Todos nós temos sede, e a nossa sede
não é somente de água. Alguns têm sede de justiça, de dignidade e de paz;
outros têm sede de afeto, de amor e de perdão; alguns têm sede da verdade e de
liberdade; outros têm sede de uma chance, de uma oportunidade... Mais do que
tudo, o ser humano tem sede de Deus: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”
(Sl 42,3). “Minha alma tem sede de ti, meu corpo te deseja com ardor, como
terra árida, esgotada, sem água” (Sl 63,2).
Algumas vezes, a sede é um apelo do
Espírito Santo em nós, para que sejamos mais profundos, para que busquemos a
verdade. Outras vezes, a sede é uma denúncia do mesmo Espírito, para que
reconheçamos que abandonamos Aquele que é a única fonte de água viva e
construímos para nós cisternas rachadas, que não conseguem conter água (cf. Jr
2,13-14). Mas pode ser ainda que estejamos com sede porque descuidamos da nossa
fonte interior e ela secou: secou em nós o amor, a compreensão, o diálogo;
secou em nós a fé, a esperança, a alegria de viver e de trabalhar pelo
Evangelho.
O descuido com a nossa fonte
interior pode fazer com que ela se torne seca, árida e dura como uma rocha. É
possível que o coração de muitos de nós esteja assim. Mas Deus disse a Moisés: “Eu
estarei lá, (...) sobre o rochedo... Ferirás a pedra e dela sairá água para o
povo beber” (Ex 17,6). Quando nos tornamos secos, áridos e endurecidos por
dentro, precisamos ser “feridos”, sacudidos, tocados firmemente pela Palavra de
Deus, para que a nossa fonte interior seja desobstruída. Você já parou para analisar
o que pode estar obstruindo a sua fonte interior?
A sede indica também o nosso
esgotamento. Precisamos nos reabastecer. A questão é: de que forma você se
reabastece? De qual poço você tem bebido? Onde você procura saciar a sua sede? Você
tem bebido uma água que não te sacia? A água que você bebe é suja, contaminada?
Jesus havia dito à samaritana: “Quem beber da água que eu lhe der, esse nunca
mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que
jorra para a vida eterna” (Jo 4,14). Quando ela, então lhe pediu: “Senhor,
dá-me dessa água...” (Jo 4,15), Jesus lhe respondeu: “Vai chamar teu marido e
volta aqui” (Jo 4,16). E a mulher reconheceu diante de Jesus que o homem com
quem vivia não era o seu marido.
Assim como essa samaritana, nós queremos
encontrar, sem muito trabalho, uma água que sacie rapidamente a nossa sede;
queremos que Deus nos dê respostas para as nossas perguntas, remédios para as
nossas dores, cura para as nossas doenças, libertação para os nossos problemas.
Mas quem de nós está disposto a corrigir aquilo que na sua vida está errado, em
desacordo com a Palavra de Deus, em oposição à Sua verdade? Quem de nós tem
coragem de reconhecer que a sua cisterna está rachada, que precisamos abandoná-la
e nos voltar de verdade para o Deus vivo, o único que é Fonte de Água Viva, o
único capaz de saciar a nossa sede mais profunda?
A falta de chuva que atingiu o Sul e
o Sudeste, neste início de ano, é consequência do desmatamento da Amazônia. Estão
previstas consequências graves para nós. Há um receio quanto ao racionamento de
água, mas quem toma a atitude de parar de desperdiçar água? Há um olhar para o
céu e pedir chuva, mas quem toma a atitude de plantar uma árvore? Há uma
preocupação quanto ao risco de um “apagão”, mas quem toma a atitude de
economizar energia? Enquanto não mudarmos nossas atitudes de esgotamento dos recursos
da natureza, vamos sofrer cada vez mais os seus efeitos.
A água da nossa fonte interior
precisa ser descontaminada do veneno do nosso egoísmo. A nossa consciência
precisa ser sacudida pela verdade do Evangelho, como aconteceu com a samaritana,
que disse: “Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz” (Jo 4,29), o
que, traduzido para o nosso contexto, poderia significar: “Venham ver um homem
que me disse o que eu precisava escutar, que me fez reconhecer minhas atitudes
erradas e me convenceu de que, ou eu mudo, ou a minha fonte interior secará de
vez”.
O testemunho daquela mulher fez com que muitos samaritanos abraçassem a fé em Jesus, de modo que eles mesmos lhe disseram: “Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo” (Jo 4,42). Deixemos com que do nosso interior jorre o testemunho do Evangelho para saciar a sede que as pessoas que convivem conosco têm do Deus vivo e da vida eterna. Desobstruamos a fonte do nosso testemunho cristão, retirando de cima dela o medo, a covardia, o comodismo, a desculpa da falta de tempo para servir a Deus. Há muitas pessoas nos pedindo, de forma consciente ou inconsciente: “Dá-me de beber”. Ofereçamos-lhes a água viva do Evangelho que lava, purifica, refresca e revigora as forças do coração humano.
O testemunho daquela mulher fez com que muitos samaritanos abraçassem a fé em Jesus, de modo que eles mesmos lhe disseram: “Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o salvador do mundo” (Jo 4,42). Deixemos com que do nosso interior jorre o testemunho do Evangelho para saciar a sede que as pessoas que convivem conosco têm do Deus vivo e da vida eterna. Desobstruamos a fonte do nosso testemunho cristão, retirando de cima dela o medo, a covardia, o comodismo, a desculpa da falta de tempo para servir a Deus. Há muitas pessoas nos pedindo, de forma consciente ou inconsciente: “Dá-me de beber”. Ofereçamos-lhes a água viva do Evangelho que lava, purifica, refresca e revigora as forças do coração humano.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir