sexta-feira, 9 de agosto de 2013

ONDE ESTÁ SEU CORAÇÃO?

Missa do 19º. dom. comum. Palavra de Deus: Sabedoria 18,6-9; Hebreus 11,1-2.8-12; Lucas 12,32-48.

       “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12,34). Biblicamente falando, o coração representa o centro de cada um de nós, o eixo em torno do qual nos movemos na vida, aquilo que para nós enche a vida de sentido. Onde está o seu coração, neste momento? Hoje é o dia dos pais. Onde está o coração o seu coração de pai? Onde está o coração dos pais hoje em dia? Hoje iniciamos a Semana da Família. Onde está o coração da nossa família? Quem ou o quê está sendo o tesouro, o coração da nossa casa?
        O livro da Sabedoria fala do coração dos nossos pais na fé, os homens e as mulheres do Antigo Testamento que guardavam no coração uma promessa: a promessa que seriam libertos por Deus da escravidão do Egito. “Sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18,6). Quando o seu coração não guarda dentro dele nenhuma promessa de Deus, quando ele segue pela vida desconhecendo as promessas de libertação e de salvação de Deus para todo aquele que crê, você não tem como se conservar intrépido, isto é, você é facilmente derrubado pelo medo, pelo desânimo, pela falta de fé. Além disso, “a noite da libertação... foi esperada... como salvação” (Sb 18,6.7). Você sabe esperar em Deus e nas promessas d’Ele? Seu coração está agora habitado pela esperança ou pelo desespero?
           Jesus não quer que sigamos pela vida com o nosso coração tomado pelo medo, mas habitado pela confiança, porque o Pai quer nos dar o seu Reino. Depois de nos ter alertado para o perigo da ganância e ter nos conscientizado que a nossa vida não depende dos bens que possuímos (evangelho de domingo passado), Jesus nos convida a uma revisão dos nossos valores: “Vendei os vossos bens e dai esmola... Fazei... um tesouro no céu que não se acabe” (Lc 12,33).
Embora os bens deste mundo encham os nossos olhos e fascinem o nosso coração, não podemos nos esquecer de que estamos esperando pelo nosso Senhor, que é o único e verdadeiro Bem da nossa vida. Ele voltará na hora em que menos imaginarmos, e quando Ele chegar, verificará se administramos com fidelidade e prudência o bem maior que nos confiou, que é a nossa fé. Por isso, é importante voltarmos à pergunta inicial: Onde está o seu coração? Na terra ou no céu? No provisório ou no definitivo? Nos homens ou em Deus?
Estamos no Ano da Fé. Olhemos para o coração dos nossos pais na fé, Abraão e Sara. Antes de falar deles, a carta aos Hebreus nos fala sobre a fé: “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem” (Hb 11,1). A fé lhe dá condições de esperar porque enche o seu coração de esperança. Sem a fé, você nada espera e também nada possui. A fé é convicção: apesar de você não poder ver concretamente Deus presente e agindo em sua vida, você tem a convicção de que Ele está ali, e cuidará de você na medida em que se confiar aos cuidados d’Ele por meio da sua fé. Assim, você pode declarar: “O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria. No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!” (Sl 33,18-20.22).
            “Pela fé, Abraão obedeceu” à Palavra de Deus “e partiu, sem saber para onde ia” (Hb 11,8). A fé não exige que Deus lhe mostre para onde Ele quer lhe conduzir, mas confia que, para onde Ele quer conduzi-lo e a forma de conduzi-lo, será sempre o melhor para você. “Pela fé”, Abraão “residiu como estrangeiro”, “morando em tendas”, enquanto “esperava pela cidade” que tem Deus “por alicerce e construtor” (Hb 11,9-10). A fé faz você aceitar o provisório na sua vida (morar em tendas), enquanto espera que o que Deus está preparando de definitivo para você esteja pronto. “Pela fé”, Sara, idosa e estéril, “se tornou capaz de ter filhos”, porque confiou no “autor da promessa” (Hb 11,11). A fé não se apoia na sua capacidade humana, naquilo que você pode fazer, mas em Deus, que pode fazer brotar água da rocha, que pode transformar um coração de pedra num coração de carne, que pode fazer surgir a vida num ventre que aos olhos humanos já morreu há muito tempo. 
           Por fim, pela fé “de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão” imensa como as estrelas do céu e como a areia das praias do mar (cf. Hb 11,12). Hoje, este “homem já marcado pela morte” pode ser você, pai, já marcado pela morte do seu vigor físico, da sua fidelidade em relação à sua família, da sua alegria e do sentido da sua vida... Hoje, este “homem marcado pela morte” pode ser a sua família, já marcada pela morte chamada “separação”, “desentendimento”, “falta de diálogo e de perdão”, “perda de sentido de continuar”... Seja onde for que a morte já tenha lhe marcado, a vida pode surgir intensa e abundante se você tiver fé; se, pela fé, você permitir que Deus possa se fazer presente ali. “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12,34). Onde você cultivar o guardar o tesouro da fé, ali o seu coração voltará a viver em plenitude.
                    
                     Pe. Paulo Cezar Mazzi

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