sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CELEIROS CHEIOS, MAS A ALMA VAZIA?

Missa do 18º. dom. comum. Palavra de Deus: Eclesiastes 1,2; 2,21-23; Colossenses 3,1-5.9-11; Lucas 12,13-21.

        Seja muito, seja pouco, seja o suficiente, o fato é que o dinheiro está presente em sua vida. Como você o administra? Ou você já passou a ser administrado(a) por ele? Sejam muitos, sejam poucos, sejam o suficiente, o fato é que alguns bens estão presentes em sua vida. É você que possui seus bens ou são eles que possuem você?
           “A vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12,15). A vida de nenhum ser humano está garantida pela quantidade de bens que possui. Apesar dessa verdade bíblica, nós nos deixamos enganar por um mundo que, ilusoriamente, nos garante que a nossa felicidade, a nossa paz, a nossa realização, a nossa autoestima depende absolutamente dos bens que possuímos: quanto mais bens, mais felicidade; quanto menos bens, menos felicidade.
            No mundo em que vivemos sem dúvida nenhuma o dinheiro é necessário, assim como alguns bens são necessários. O problema levantado por Jesus no Evangelho não é o dinheiro ou os bens, mas a forma como lidamos com eles em nossa vida. “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância” (Lc 12,15). O dinheiro, os bens exercem fascínio sobre todos nós e facilmente nos levam à idolatria, ou seja, nos levam a acreditar que a garantia da nossa vida está neles e não em Deus. Por isso, a Palavra nos adverte: “a cobiça... é idolatria” (Cl 3,5).
            Este homem da parábola administrava seu dinheiro e seus bens unicamente em função de si. Para ele, os outros não existiam. Aqui é preciso que cada um se pergunte: Meu dinheiro é empregado somente para as minhas coisas, ou reservo uma parte dele para ajudar os outros, seja por meio da Igreja, seja por meio de alguma entidade beneficente? Até que ponto o meu coração não está voltado apenas para as coisas terrestres, esquecendo-me das coisas celestes? O apóstolo Paulo usa uma expressão forte: “Fazei morrer o que em vós pertence à terra...” (Cl 3,5). “Fazer morrer” significa não permitir que o dinheiro ou os bens materiais mandem em mim.
        Dias atrás o Papa Francisco afirmou que Deus está nos pedindo simplicidade.  Aos bispos e aos padres Francisco tem pedido que não entristeçam os pobres, que morem em casas simples e que andem em carros simples. Sem dúvida nenhuma, as palavras e o comportamento profético do Papa Francisco têm devolvido credibilidade à nossa Igreja perante o mundo. Muitos de nós concordamos plenamente com o nosso Papa, mas, se não queremos ser hipócritas, precisamos também rever nosso próprio estilo de vida, pois o Evangelho julgará a todos nós, e não somente aos ministros da Igreja.      
            Ainda falando do nosso Papa, há tempos atrás ele disse: “Eu nunca vi um caminhão de mudança atrás de um cortejo fúnebre”. Isso vem de encontro à pergunta de Jesus: “Quando pedirem de volta a sua vida, para quem ficará o que você acumulou?” (citação livre de Lc 12,20). Os bens que você acumula não têm o poder de impedir que você morra, e quando você morrer, não poderá levar consigo aquilo que acumulou. A única coisa que pode acompanhar você na morte e no seu encontro com Deus é o bem que você fez aos outros com o dinheiro que possuía.
     Dizem que existem pessoas tão pobres, mas tão pobres que a única coisa que elas possuem é dinheiro. Possuem muitos bens, mas não possuem amigos verdadeiros; experimentam muitos prazeres, mas não experimentam a verdadeira alegria; são capazes de construir muitas coisas materiais, mas não conseguem construir uma verdadeira família; são pessoas que têm os celeiros cheios, mas a alma vazia...
          Jesus nos convida a sermos ricos para Deus, a não nos fecharmos em nós mesmos, nos distanciando de quem necessita. Somos convidados a passar do vazio de quem vive somente para si, para a alegria de quem aprendeu a viver para os outros. Com o salmista, peçamos ao Senhor que nos ensine a viver os breves dias da nossa existência neste mundo com sabedoria (cf. Sl 90,12), administrando nosso dinheiro, nossos bens, segundo os valores do Evangelho.  
                                                             Pe. Paulo Cezar Mazzi

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