Missa
da Assunção de Nossa Senhora. Palavra de Deus: Apocalipse 11,19a;
12,1.3-6a.10ab; 1Coríntios 15,20-27a; Lucas 1,39-56.
Hoje, em todo o Brasil, se encerra a
Semana Nacional da Família. Toda família nasce de um encontro marcado pelo amor.
Mesmo que nem sempre se trate de um amor maduro, responsável, que ama até o
fim, o fato é que toda família começa assim: um homem ama uma mulher, uma
mulher ama um homem, e os dois dão início a uma família.
Para muitas famílias, porém, o encontro
se transformou em desencontro, o amor se transformou em desamor. Enquanto uns,
apesar disso, decidiram se manter juntos como família, outros, assim que
deixaram de sentir felizes, decidiram romper o vínculo e tentar a felicidade de
outra forma. No entanto, todos têm uma família na origem da sua existência e é
por ela que nós rezamos hoje.
Nesta festa da Assunção, da elevação de
Maria em corpo e alma ao céu, nossa família é convidada a olhar para aquilo que
Deus fez em Maria e professar a nossa fé no Seu amor salvífico em favor de toda
família. Desse modo, o livro do Apocalipse nos coloca diante de dois sinais:
uma mulher, revestida de sol, grávida, e um Dragão, cor de fogo, pronto para
devorar seu Filho, logo que nascesse. Qual sinal nos fala mais? Com qual sinal
se identifica a nossa família?
Ao citar a tendência que os meios de
comunicação têm de disseminarem as notícias sobre os escândalos e de ignorarem
as notícias sobre a santidade de pessoas que constroem a Igreja, o Papa
Francisco lembrava que uma árvore que cai faz mais barulho e chama mais a
atenção do que um bosque que cresce silenciosamente. Nós estamos tão habituados
com as notícias de desestruturação da família que acabamos por desacreditar que
vale a pena trabalhar em favor da família.
Para muitos de nós, o sinal do Dragão
fala mais alto do que o sinal da mulher grávida. Não há dúvida que, assim como
a mulher do Apocalipse, a nossa família é perseguida pelo Dragão que hoje vem a
nós na forma de violência, doença, desemprego, drogas, infidelidade, mal uso da
televisão e da internet, descuido com o diálogo entre o casal e entre pais e
filhos etc. Nos esquecemos, ou quem sabe deixamos de acreditar, que Deus ama a
nossa família e pode intervir em favor dela, se nos abrirmos à sua Palavra, se
nos deixarmos guiar pelo seu Espírito. Esse Dragão pode ser vencido por Deus, e
para tanto, nossa família precisa diariamente se refugiar em Deus.
O encontro de Maria com Isabel também
tem algo de importante a comunicar à nossa família. Aquela que proclamamos hoje
como Assunta, elevada em corpo e alma ao céu, sempre soube subir as estradas da
vida para ajudar quem precisava. Sempre que, a exemplo de Maria, encontramos um
tempo para servir, para trabalhar em favor das pessoas, das famílias, estamos
nos elevando ao céu, estamos mais perto de Deus. Além disso, a presença e a
saudação de Maria fizeram com que Isabel e sua casa ficassem cheias do Espírito
Santo, de modo que a criança pulasse de alegria no ventre de Isabel.
O ventre de muitas famílias está
habitado pela tristeza, pela solidão, pelo abandono e pelo isolamento. As
nossas famílias se isolam não somente umas das outras; também se isolam dentro
de casa: raramente ou nunca se senta junta para almoçar ou jantar, e – fenômeno
sempre mais crescente – cada um se isola no seu quarto, diante do seu
computador. O motivo é um só: evitar o necessário diálogo, o confronto com os
próprios sentimentos. O preço que se paga com esse isolamento costuma ser
bastante alto: ansiolíticos e anti-depressivos, bebida e drogas, e, em alguns
casos, suicídio.
O Evangelho convida cada um de nós a
levar a presença de Deus, sua Palavra, seu amor, seu Espírito a alguma casa, a
alguém, para que a alegria volte a habitar naquela casa, naquele coração. A
saudação de Maria nos convida a converter os muros que construímos, para nos
isolar das pessoas, em pontes que nos reaproximem delas. O que estamos
comunicando às pessoas com nossas palavras e atitudes está fazendo com que elas
sintam a presença do Espírito Santo em nós?
“Feliz aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu” (Lc 1,45). O que o Senhor promete à nossa família hoje? Sua Palavra
nos diz que “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram...
Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão” (1Cor
15,20.22). Pela fé em Jesus Cristo, nossa família está destinada à
ressurreição. Toda semente de fidelidade, de amor, de sacrifício em favor da
nossa família não ficará sem germinar. Mesmo que sintamos a ameaça do Dragão
que ronda a nossa casa, devemos prosseguir confiantes, na certeza do socorro de
Deus em nosso favor e na vitória de Jesus Cristo em favor da família humana,
pois, “é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos
debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Cor
15,25-26).
Unidos a Maria, mãe da fé, que a nossa família
se alegre em Deus, nosso Salvador, na certeza de que o Todo-poderoso sempre
olhará para a nossa pequenez e fará grandes coisas em nosso favor, demonstrando
a força de Seu braço na vida de toda família que crê.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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