Missa do 2º.
dom. de Páscoa. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 5,12-16; Apocalipse 1,9-11a.12-13.17-19;
João 20,19-31.
Oito dias após
a Páscoa, Jesus Ressuscitado faz questão de se encontrar com Tomé, o discípulo
que impôs uma condição para crer na ressurreição: “Se eu não vir... não
acreditarei” (Jo 20,25). Como anda a sua fé? Você também costuma impor
condições para crer em Deus, para crer nas Suas promessas, na Sua palavra? Você
se identifica com Tomé, como um cristão que sustenta a sua vida apenas por
aquilo que vê, ou se identifica como um verdadeiro cristão, que sustenta sua
vida por aquilo que crê?
Estamos no
Ano da Fé, vivendo numa época em que inúmeros acontecimentos vão contra a nossa
fé, porque destroem todas as imagens que temos de Deus – o Deus que se revela na
Sagrada Escritura como Amor, Misericórdia, Bondade, Compaixão, Justiça, Providência...
Mas não são apenas determinados acontecimentos externos que agem contra a nossa
fé. A maneira como o próprio Deus se revela a nós também desafia a nossa fé,
quando Ele diz que é “um Deus que se esconde” (Is 45,15) ou quando Ele deixa
claro que Seus pensamentos e Seus caminhos não são os nossos (cf. Is 55,8).
Muitas
pessoas têm desistido de crer, seja por causa de certos acontecimentos
dolorosos, sofridos, absurdos, seja pela maneira como Deus é, misterioso,
inacessível, não enquadrado nos nossos esquemas, não cabível nas nossas
medidas, um Deus a Quem não podemos de forma alguma ver, no sentido de controlar,
mas apenas escutar, no sentido de obedecer. É por isso que a fé se
apresenta como algo que nos desafia. A fé, quando autêntica, me coloca no
espaço correto da relação com Deus, o espaço da obediência, não do controle.
“Se eu não
vir... não acreditarei” (Jo 20,25). Se Deus não Se revelar a mim como eu
espero, não terei mais fé n’Ele... Se Deus não remover todas as pedras do meu
caminho, não curar todas as minhas feridas, não eliminar todos os meus inimigos
e não responder a todas as minhas perguntas, não acreditarei mais n’Ele...
Esses exemplos bastam para perceber o quanto somos parecidos com Tomé, o quão
facilmente desistimos da nossa fé e passamos a trabalhar contra nós mesmos,
esquecendo-nos de que, sem a força da fé, “a vida facilmente se torna um arco
cuja corda está arrebentada e do qual nenhuma flecha pode ser lançada” (Henri
Nouwen, O sofrimento que cura, p.25).
Esta imagem
do arco que se tornou incapaz de lançar uma flecha – imagem de uma pessoa que
decidiu seguir pela vida sem a força da fé – contrasta com a imagem de Moisés, lembrado
como exemplo de fé para nós na carta aos Hebreus: “Foi pela fé que (Moisés)
deixou o Egito, sem temer o furor do rei (o exército do Faraó que se pôs a
persegui-lo), e resistiu, como se visse o Invisível” (Hb 11,27). A fé é isso:
você caminha na vida por aquilo que crê, não por aquilo que vê; você caminha na
vida como se visse o Invisível, resistindo às pancadas que leva, às ameaças que
sofre, não se deixando vencer por aquilo que tenta te convencer de que você
está caminhando na direção do nada.
Jesus hoje
diz a cada um de nós o que disse a Tomé: “Não sejas incrédulo, mas tenha fé”
(Jo 20,27). Mesmo diante de tantos acontecimentos que parecem enterrar na morte
tudo o que você faz em favor da vida, “não tenhas medo. Estive morto, mas agora
estou vivo para sempre. Eu tenho comigo as chaves da morte e da região dos
mortos” (Ap 1,17-18). Mesmo se você trancar a porta da sua vida para a fé,
mesmo se decidir morrer para a sua fé, Eu tenho as chaves e posso tirar você de
dentro da morte da sua fé. Ainda que você não possa Me ver, lembre-se de que “felizes
(são) os que creram sem terem visto” (Jo 20,29). Felizes os que, mesmo
enfrentando tribulações por causa da Palavra de Deus e do testemunho de fé em Mim,
perseveraram na sua fé (cf. Ap 1,9). Felizes os que, meditando a cada dia nos
Evangelhos, acreditaram em Mim e, crendo, receberam uma nova vida em Meu nome
(cf. Jo 20,31).
Com a nossa Igreja, coloquemo-nos diante de Jesus Misericordioso e clamemos: "Creio em Ti, Ressuscitado, mais que São Tome, mas aumenta na minh'alma o poder da fé! Guarda a minha esperança, cresce o meu amor. Creio em Ti, Ressuscitado, meu Deus e Senhor!"
Com a nossa Igreja, coloquemo-nos diante de Jesus Misericordioso e clamemos: "Creio em Ti, Ressuscitado, mais que São Tome, mas aumenta na minh'alma o poder da fé! Guarda a minha esperança, cresce o meu amor. Creio em Ti, Ressuscitado, meu Deus e Senhor!"
Pe. Paulo Cezar Mazzi
"Porque Ele vive, posso crer no amanhã.
ResponderExcluirporque Ele vive não estou só..."
Deus continue abençoando seu ministério Pe.Paulo, pois cada dia mais, me fortaleço com suas palavras.
Abçs
Hugo