Missa da Epifania do Senhor. Palavra de
Deus: Isaías 60,1-6; Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12.
Na noite de Natal, ouvimos o anúncio do
Evangelho: “Nasceu hoje para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11). O
dom já foi feito. A salvação de Deus já foi enviada aos homens. Mas, quem está
aberto a acolher o dom? Quem está disposto a caminhar ao encontro da salvação
que vem de Deus? A presença dos magos do Oriente neste evangelho serve de
questionamento para nós: o que adiante saber que nasceu para nós um Salvador,
se não estamos dispostos a caminhar até onde Ele está?
O tempo do Natal caminha para o seu término, e o
Evangelho de hoje nos fala desta procura dos magos do Oriente para saber onde Jesus
nasceu e como fazer para encontrá-lo. Dessa maneira, compreendemos que o Natal
é um mistério que permanece em aberto: Jesus, o Filho de Deus, nasceu como
Salvador de toda pessoa humana, mas essa salvação só se efetua na vida de quem
sai de si, de quem rompe com seu comodismo e se dispõe a caminhar ao encontro
daquele que pode nos dar a salvação.
Hoje
é a festa da Epifania do Senhor. Epifania significa “manifestação”. Na
noite de Natal ouvimos o apóstolo Paulo dizer que “a graça de Deus se
manifestou para a salvação de todos os homens” (Tt 2,11). Porque Deus “quer que todos os homens sejam salvos” (1Tm 2,4), Ele fala
ao coração de cada pessoa de um modo particular, convidando-a a se abrir à fé.
Foi assim que Ele se manifestou aos magos do Oriente por meio de uma estrela:
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o
lugar onde estava o menino” (Mt 2,9). Desse modo, pedimos a Deus que abra a
porta da fé ao coração de cada ser humano, para que reconheça e acolha a
salvação que seu Filho nos trouxe com o seu nascimento.
Na estrela que guiou os magos até Jesus está o convite da Palavra
de Deus para que cada um de nós viva de tal modo a ser um sinal que conduza as
pessoas a Jesus, que desperte nelas o desejo de conhecê-lo, amá-lo e segui-lo.
Como acabou de nos lembrar o profeta Isaías, “está a terra envolvida em
trevas, nuvens escuras cobrem os povos” (Is 60,2). Muitas pessoas hoje se
sentem perdidas, porque aquilo que pensavam ser luz em sua vida as mergulhou
numa profunda escuridão. Muitas luzes se apagaram, muitas esperanças se
frustraram e muitos não conseguem enxergar mais a sua própria luz. Deus nos
envia para esse mundo escuro, como enviou Isaías, para que possamos proclamar a
toda pessoa: “Levanta-te, (...) porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a
glória do Senhor, (...) sobre ti apareceu o Senhor” (Is 60,1-2).
A busca dos magos por Jesus é a busca do
coração humano por Deus. No coração de toda pessoa, até mesmo daquela que pensa
não crer em Deus, existe uma busca por Deus, uma busca pela Verdade, uma busca
por Sentido. Essa busca foi traduzida no salmo 27 com essas palavras: “Meu
coração diz a teu respeito: ‘Procura sua face!’ É tua face, Senhor, que eu
procuro, não me escondas a tua face” (Sl 27,8-9). Todo ser humano busca a Deus.
Em alguns, essa busca é consciente; em outros, ela é inconsciente. Quando a
pessoa não sabe interpretar a voz do seu coração, que procura por Deus, acaba
tentando calar essa voz com falsas respostas, como as drogas, o consumismo, o
ativismo, a compulsividade etc.
Muitos hoje desistiram de buscar a Deus,
porque o caminho da fé é muitas vezes árduo, um caminho que exige perseverança,
discernimento, um caminho feito não apenas de respostas, mas de muitas
perguntas. Mas o encontro dos magos com Jesus nos mostra que a nossa busca por
Deus nunca será inútil. Nas noites escuras da nossa fé, Deus sempre
providenciará uma estrela para nos guiar, até que possamos estar diante de seu
Filho, reconhecendo-O como nosso Salvador, como Aquele que o nosso coração
sempre buscou. Para Ele oferecemos o que temos de mais precioso: nosso ouro, aquilo que temos; nosso incenso, aquilo que desejamos;
nossa mirra, aquilo que somos.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
Nenhum comentário:
Postar um comentário