quinta-feira, 18 de outubro de 2012

SUAS ATITUDES EVANGELIZAM?


Missa do 29º. dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 53,10-11; Hebreus, 4,14-16; Marcos 10,35-45.

Diga-me como você se comporta no seu dia a dia e eu te direi no quê ou em quem você crê. Estamos no Ano da Fé. A fé vem da pregação, vem do anúncio da palavra de Cristo (cf. Rm 10,17). Mas, como muitas pessoas estão fora do alcance da pregação das diversas igrejas, a fé pode nascer ou morrer no coração das pessoas a partir daquilo que elas veem em nós, que nos dizemos “cristãos”. Por isso, é importante termos consciência de que as nossas atitudes no dia a dia comunicam para as pessoas em quem ou no quê nós cremos.
Olhemos para a atitude de Tiago e João. Jesus havia acabado de ser claro com os discípulos a respeito do sofrimento de cruz que o aguardava em Jerusalém (cf. Mc 10,32-34), sofrimento que também atingiria os discípulos. Em reação a isso, Tiago e João fazem o seguinte pedido a Jesus: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda quando estiveres na tua glória!” (Mc 10,37).    
Assim como Tiago e João, nós queremos a glória, a vitória, o triunfo! Dentro das nossas igrejas, até podemos ter uma atitude de simplicidade, de humildade e de serviço, mas quando estamos fora, agimos a partir da nossa ambição, da nossa mesquinhez e do nosso egoísmo. Aqui se revela a nossa falta de fé: nós não cremos na força da cruz, não cremos no valor do serviço, nós cremos naquilo que o mundo crê: na glória dos homens.
Por isso, Jesus também diz a nós o que disse a Tiago e João: “Vocês não sabem o que estão pedindo” (Mc 10,38). Vocês estão caminhando na contramão do meu Evangelho. Vocês são chamados a trabalhar pela salvação da humanidade, mas a ambição pessoal e a disputa pelo poder distanciam vocês de quem sofre, de quem mais precisa ouvir o anúncio da minha salvação. Vocês se esquecem de que, antes de experimentarem a glória da ressurreição, precisam enfrentar a escuridão da cruz; antes de experimentarem a glória da exaltação, precisam se confrontar com a dor da humilhação; antes de experimentarem a alegria de serem reconhecidos por Deus, vocês precisam suportar ser ignorados e desprezados pelos homens
A atitude de Tiago e João teve repercussão nos demais discípulos: eles ficaram indignados, mas essa indignação tinha como pano de fundo a inveja. Cada um deles tinha a mesma ambição: estar à direita ou à esquerda de Jesus na sua glória. Sabendo disso, Jesus os reuniu todos e lembrou-lhes de como funciona o mundo do poder: dominação, trapaça, mentira, concorrência desleal, corrupção, difamação e até mesmo crimes encomendados. E o alerta que Jesus fez aos discípulos faz hoje para nós: “Mas, entre vocês não deve ser assim: quem quiser ser grande seja servo de vocês; e quem quiser ser o primeiro seja o escravo de todos. Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc 10,43-45).
Você ocupa um lugar na sociedade, por mais simples que seja esse lugar. Você convive diariamente com outras pessoas. Como é a sua postura diante dessas pessoas: a de alguém que está ali para servir, ou a de alguém que sempre busca ser servido? Você é alguém que faz tudo para “estar na glória”, para ser visto, elogiado, admirado e temido pelos outros, ou é alguém que faz tudo para se configurar a Jesus Cristo, que veio para servir e não ser servido? Suas atitudes são um anúncio vivo do Evangelho, favorecendo a fé na pessoa de Jesus Cristo, ou são uma espécie de anti-Evangelho, colaborando para que as pessoas à sua volta desacreditem de Jesus e da sua mensagem?  
            Hoje é o Dia Mundial das Missões. Nosso Papa nos lembra da urgência da missão, uma vez que aumenta cada vez mais o número dos que não conhecem Jesus Cristo. Por isso, todos devem trabalhar para que Cristo seja anunciado em toda parte, com atenção particular pelos que estão longe, que ainda não conhecem Cristo. O seu Evangelho, nos lembra o Papa, é sempre atual, penetra no coração e é capaz de dar respostas às inquietações mais profundas de cada homem.
Além de colaborarmos com a coleta para as missões, nas missas desse final de semana, rezemos pela África, um Continente ferido pela seca, pela AIDs, pelas epidemias, pelas guerras... Rezemos pela América, o Continente com o maior número de cristãos, mas também o mais desigual, o mais injusto, que agride a natureza, não respeita as pessoas e visa unicamente o lucro... Rezemos pela Oceania, um Continente marcado pelo desemprego, pela criminalidade e, pelo isolamento e pelas distâncias entre as comunidades cristãs... Rezemos pela Europa, o Continente envelhecido pela diminuição da natalidade, marcado por graves crises econômicas e que perde cada vez mais a sua fé em Deus... Rezemos, por fim, pela Ásia, o Continente mais povoado do planeta, onde os cristãos são apenas 9% da população e onde muitos se declaram ateus. 
                            Pe. Paulo Cezar Mazzi 

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