Missa do 29º. dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 53,10-11;
Hebreus, 4,14-16; Marcos 10,35-45.
Diga-me como você se comporta no seu dia a dia e eu te
direi no quê ou em quem você crê. Estamos no Ano da Fé. A fé vem da pregação,
vem do anúncio da palavra de Cristo (cf. Rm 10,17). Mas, como muitas pessoas
estão fora do alcance da pregação das diversas igrejas, a fé pode nascer ou
morrer no coração das pessoas a partir daquilo que elas veem em nós, que nos
dizemos “cristãos”. Por isso, é importante termos consciência de que as nossas
atitudes no dia a dia comunicam para as pessoas em quem ou no quê nós cremos.
Olhemos para a atitude de Tiago e João. Jesus havia acabado
de ser claro com os discípulos a respeito do sofrimento de cruz que o aguardava
em Jerusalém (cf. Mc 10,32-34), sofrimento que também atingiria os discípulos.
Em reação a isso, Tiago e João fazem o seguinte pedido a Jesus: “Deixa-nos
sentar um à tua direita e outro à tua esquerda quando estiveres na tua glória!”
(Mc 10,37).
Assim como Tiago e João, nós queremos a glória, a vitória,
o triunfo! Dentro das nossas igrejas, até podemos ter uma atitude de
simplicidade, de humildade e de serviço, mas quando estamos fora, agimos a
partir da nossa ambição, da nossa mesquinhez e do nosso egoísmo. Aqui se revela
a nossa falta de fé: nós não cremos na força da cruz, não cremos no valor do
serviço, nós cremos naquilo que o mundo crê: na glória dos homens.
Por isso, Jesus também diz a nós o que disse a Tiago e
João: “Vocês não sabem o que estão pedindo” (Mc 10,38). Vocês estão caminhando
na contramão do meu Evangelho. Vocês são chamados a trabalhar pela salvação da
humanidade, mas a ambição pessoal e a disputa pelo poder distanciam vocês de
quem sofre, de quem mais precisa ouvir o anúncio da minha salvação. Vocês se
esquecem de que, antes de experimentarem a glória da ressurreição, precisam enfrentar a escuridão da cruz; antes de experimentarem a glória
da exaltação, precisam se confrontar
com a dor da humilhação; antes de
experimentarem a alegria de serem reconhecidos
por Deus, vocês precisam suportar ser ignorados
e desprezados pelos homens.
A atitude de Tiago e João teve repercussão nos demais
discípulos: eles ficaram indignados, mas essa indignação tinha como pano de
fundo a inveja. Cada um deles tinha a mesma ambição: estar à direita ou à
esquerda de Jesus na sua glória. Sabendo disso, Jesus os reuniu todos e
lembrou-lhes de como funciona o mundo do poder: dominação, trapaça, mentira,
concorrência desleal, corrupção, difamação e até mesmo crimes encomendados. E o
alerta que Jesus fez aos discípulos faz hoje para nós: “Mas, entre vocês não
deve ser assim: quem quiser ser grande seja servo de vocês; e quem quiser ser o
primeiro seja o escravo de todos. Porque o Filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Mc
10,43-45).
Você ocupa um lugar na sociedade, por mais simples que seja
esse lugar. Você convive diariamente com outras pessoas. Como é a sua postura
diante dessas pessoas: a de alguém que está ali para servir, ou a de alguém que
sempre busca ser servido? Você é alguém que faz tudo para “estar na glória”,
para ser visto, elogiado, admirado e temido pelos outros, ou é alguém que faz
tudo para se configurar a Jesus Cristo, que veio para servir e não ser servido?
Suas atitudes são um anúncio vivo do Evangelho, favorecendo a fé na pessoa de
Jesus Cristo, ou são uma espécie de anti-Evangelho, colaborando para que as
pessoas à sua volta desacreditem de Jesus e da sua mensagem?
Hoje é o Dia Mundial das Missões.
Nosso Papa nos lembra da urgência da missão, uma vez que aumenta cada vez mais
o número dos que não conhecem Jesus Cristo. Por isso, todos devem trabalhar
para que Cristo seja anunciado em toda parte, com atenção particular pelos que
estão longe, que ainda não conhecem Cristo. O seu Evangelho, nos lembra o Papa,
é sempre atual, penetra no coração e é capaz de dar respostas às inquietações
mais profundas de cada homem.
Além de colaborarmos com a coleta para as missões, nas missas desse
final de semana, rezemos pela África,
um Continente ferido pela seca, pela AIDs, pelas epidemias, pelas guerras...
Rezemos pela América, o Continente
com o maior número de cristãos, mas também o mais desigual, o mais injusto, que
agride a natureza, não respeita as pessoas e visa unicamente o lucro... Rezemos
pela Oceania, um Continente marcado
pelo desemprego, pela criminalidade e, pelo isolamento e pelas distâncias entre
as comunidades cristãs... Rezemos pela Europa,
o Continente envelhecido pela diminuição da natalidade, marcado por graves
crises econômicas e que perde cada vez mais a sua fé em Deus... Rezemos ,
por fim, pela Ásia, o Continente mais
povoado do planeta, onde os cristãos são apenas 9% da população e onde muitos
se declaram ateus.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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