Missa da Páscoa do Senhor. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 34a.37-43; Colossenses 3,1-4; João 20,1-9.
Mas Jesus ressuscitou para que? “Cristo
morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). Isso
significa que Cristo é o Senhor de tudo o que em nós ainda está vivo e também
de tudo o que já morreu em nós. Além disso, devemos saber que, “quer vivamos,
quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14,8). Não pertencemos à morte; não
pertencemos a este mundo, no qual sofremos muitas tribulações, mas pertencemos
àquele que venceu este mundo!
Eis a razão pela qual nós hoje cantamos
com o salmista: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele
exultemos!” (Sl 118,24). Jesus ressuscitou para que, não obstante as
dificuldades que temos que enfrentar nesta vida terrena, nos alegremos e
exultemos porque Ele, o Ressuscitado, está agora diante da face do Pai, dia e
noite, intercedendo por nós (cf. Hb 9,24). “Este é o dia que o Senhor fez para
nós” (Sl 118,24), dia que durará cinquenta dias, porque inaugura na Igreja o
Tempo Pascal, o qual se encerrará com a festa de Pentecostes, Tempo no qual o
Ressuscitado aparecerá aos seus discípulos, comprovando a sua ressurreição, e
os preparará para receber o dom do Espírito Santo, garantia da nossa futura
ressurreição (cf. Ef 1,13-14; 4,30; Rm 8,11).
Como somos chamados a viver neste Tempo
Pascal? “Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo,
sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas
terrestres” (Cl 3,1-2). Sempre precisamos estar cientes de que vivemos num
mundo que não olha para o alto, que reduz a fé em Deus a uma busca de felicidade
somente aqui e agora, um mundo que não crê na recompensa por uma vida justa
(cf. Sb 2,22). Mergulhados na luta pela sobrevivência e afastados da realidade
social por meio da indústria da distração (canais de streaming, mundo digital e
realidade virtual), nós facilmente perdemos o foco e esquecemos a meta a qual
fomos chamados: aspirar às coisas celestes, desejar o céu, viver como cidadãos
do céu e não como pessoas mundanas e terrenas.
Se é verdade que cada vez mais pessoas
deixam de crer em Deus, em seu Filho ressuscitado e na Igreja, é porque muitos
de nós, cristãos, vivemos como pagãos, buscando somente o que é terreno. E se
nós mesmos não sentimos a presença do Ressuscitado junto a nós, esquecendo a
sua promessa: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt
28,20), é porque também nos esquecemos de que a nossa vida de homens e mulheres
destinados à ressurreição “está escondida com Cristo, em Deus” (Cl 3,3). O
Espírito Santo, garantia da nossa ressurreição, habita em nós como a vida de
uma árvore habita escondida dentro de uma semente. Não é apenas o mundo que não
enxerga a ressurreição em nós; nós mesmos não a vemos, e muitas vezes não a
sentimos pulsar dentro de nós. E isso acontece porque ainda não aceitamos esta
verdade: “Não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem;
pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2Cor 4,18). Só
pode sentir a promessa da ressurreição em sua vida quem sabe que “caminhamos
pela fé e não pela visão” (2Cor 5,7).
O Evangelho nos indica o primeiro
sinal da ressurreição de Jesus: o túmulo vazio. Ele está vazio porque Jesus derrotou
a morte. Na verdade, a morte de Jesus esvaziou todos os túmulos, como ele mesmo
afirma: “Eu sou o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos
dos séculos e tenho comigo as chaves da morte e da região dos mortos” (citação
livre de Ap 1,18). Neste Tempo Pascal, somos chamados a deixar Jesus esvaziar
os nossos túmulos, a devolver vida ao que deixamos que morresse em nós, a amar
a nossa vida escondida ao invés de sofrermos a angústia de não sermos
reconhecidos pelo mundo, a deixar a Palavra do Ressuscitado aquecer o nosso
coração (cf. Lc 24,32) devolvendo-lhe a chama da fé, e a comungar a sua
presença real na Eucaristia, para que nossos olhos se abram (cf. Lc 24,31) e
possamos dizer, como os apóstolos: “Verdadeiramente o Senhor ressuscitou!” (Lc
24,34).
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
Obrigada pelas belas verdades contidas em sua reflexão.
ResponderExcluirFeliz e abençoada Páscoa!
Muito obrigado, querida Leocádia! Deus a abençoe!
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