sexta-feira, 14 de agosto de 2020

O TEMPO DO COMBATE É TAMBÉM O TEMPO EM QUE A PODEROSA MÃO DE DEUS NOS SOCORRE

 Missa da Assunção de Maria. Palavra de Deus: Apocalipse 11,19a; 12,1-6a.10ab. 1Coríntios 15,20-26.28; Lucas 1,39-56

           

            Qual será o ponto final da história terrena de cada um de nós? O ponto final da história terrena de Jesus foi a sua ascensão ao céu, a sua subida, a sua elevação até junto de Deus Pai. Pelo fato de Maria estar unida ao seu Filho desde o momento da concepção, passando por sua vida pública e terminando na cruz, nossa Igreja acredita que, no momento da sua morte, Maria foi assunta, isto é, foi elevada em corpo e alma ao céu. Por que “em corpo e alma” e não somente “em alma”? Porque o corpo de Maria foi um corpo sem a mancha do pecado, preparado por Deus desde toda a eternidade para gerar seu Filho Jesus. “Sendo Maria a ‘cheia de graça’, sem sombra alguma de pecado, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus” (Missal dominical).

            Mas o que o dogma (afirmação de fé) da Assunção de Nossa Senhora tem a nos dizer? Esse dogma aponta para a “meta final da redenção: a glorificação da humanidade em Cristo. Maria chama hoje os cristãos a se considerarem inseridos na história da salvação e destinados a conformar-se a Cristo na glória... É a mãe que nos espera e convida a caminhar para o reino de Deus” (Missal dominical). Desse modo, podemos entender que o ponto final da nossa história terrena é a nossa glorificação em Cristo. Embora já tenhamos sido salvos por Jesus, nós somos, enquanto Igreja, aquela Mulher grávida que grita em dores de parto. Somos homens e mulheres grávidos de sonhos e de esperanças. Trabalhamos e lutamos diariamente para gerar justiça, reconciliação e libertação para a humanidade, mesmo sabendo que no mundo em que vivemos age o dragão do mal, tentando devorar aquilo que com tanto esforço geramos.  

            Maria nos convida a confiar na intervenção de Deus na história humana. Justamente porque “sua misericórdia se estende de geração em geração, sobre aqueles que o temem” (Lc 1,50), Deus volta seus olhos para os pequenos e humilhados, como “olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1,47). Agindo com a força do seu braço, Ele salva o Filho que nasceu em meio a grandes dores de parto, impedindo que o dragão do mal o devore (cf. Ap 12,5). Isso significa que, se o maligno nos persegue e nos ataca por sermos cristãos, devemos saber que pertencemos a Deus e, justamente no momento mais crítico, onde o mal parece estar muito próximo da vitória, ali Deus intervém e nos salva como seu povo. Portanto, essa imagem do Apocalipse quer nos tornar conscientes de que o mundo sempre será para nós, cristãos, o lugar do combate, da ameaça, de uma fidelidade custosa, o tempo em que o mal parece prevalecer nos seus ataques, mas, sobretudo, é o tempo em que a poderosa mão de Deus nos socorre, nos protege e nos impede de sermos alcançados pelo mal.

            Neste terceiro domingo do mês vocacional, lembramos e rezamos pelas vocações religiosas, por tantas mulheres e tantos homens que escolheram não se casar por amor ao Reino de Deus (cf. Mt 19,12). A vocação à vida consagrada é um chamado a amar: “amar a Deus acima de todas as criaturas (de todo coração, de toda a alma e com todas as forças) para amar com o coração e a liberdade de Deus cada criatura, sem se ligar a nenhuma e sem excluir alguma, amando em particular quem é mais tentado a não se sentir amável ou, de fato, não é amado” (Amedeo Cencini, Virgindade e Celibato hoje). Numa época em que o amor foi reduzido a uma busca egoísta de afeto para preencher as próprias carências, a mulher religiosa e o homem religioso testemunham o amor de Deus, que escolheu amar preferencialmente aqueles que o mundo não ama.  

Também hoje, celebra-se em muitas paróquias e comunidades o encerramento da Semana da Família. De maneira bela e profunda, o Papa Francisco encerra a sua Exortação Apostólica sobre “A alegria do amor” afirmando que “nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar... Deixemos de pretender das relações interpessoais uma perfeição, uma pureza de intenções e uma coerência que só poderemos encontrar no Reino definitivo... Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! Aquilo que se nos promete é sempre mais. Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida” (AL 325).

 

ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA

 

“Jesus, Maria e José, em Vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor, confiantes, a Vós nos consagramos. Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém” (Papa Francisco).

 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

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