Missa do 21. dom. comum. Palavra de Deus: Isaías 22,19-23; Romanos 11,33-36; Mateus 16,13-20.
Muitos
de nós, cristãos, procuramos por Jesus porque esperamos encontrar nele
respostas para a nossa vida. No passado, muitos cristãos se colocaram no seguimento
de Jesus porque esperavam algo dele. Mas Jesus entende que, de tempos em
tempos, é importante fazermos uma parada em nosso caminho de fé e nos deixarmos
questionar: Quem ele é para nós? O que esperamos dele? Por que nos
identificamos como cristãos? Se hoje muitas pessoas desistem de seguir Jesus, por
que nós continuamos a segui-lo? Se muitas pessoas decidiram sair da Igreja, por
que nós continuamos a pertencer a ela?
Todas
as vezes que a pessoa de Jesus Cristo é vulgarizada, ridicularizada ou atacada
por alguém, sobretudo na mídia, assim como todas as vezes que a Igreja Católica
ou mesmo o cristianismo é criticado ou combatido por alguém, Jesus volta a nos
perguntar: “E pra você, quem eu sou?”. Ao nos perguntar isso, ele está nos convidando
a revisar o nosso relacionamento com a sua pessoa: nosso cristianismo é um seguimento
cego ou irracional de doutrinas religiosas ou é um relacionamento pessoal e
profundo com a pessoa do Filho do Deus vivo?
O
apóstolo Paulo afirmava: “Sei em quem coloquei a minha fé” (2Tm 1,12). Nós ainda
hoje colocamos a nossa fé em Jesus Cristo? Apesar de ele ultrapassar nossos
esquemas e nossos conceitos e nem sempre corresponder às nossas expectativas,
nós continuamos a colocar nele a nossa fé? Apesar dos escândalos, dos contratestemunhos
de alguns católicos e das falhas humanas da Igreja que Jesus fundou sobre os
apóstolos, nós continuamos a dizer “creio na Igreja Católica”?
Diante
da pergunta: “E para vocês, quem eu sou?”, Pedro respondeu: “Tu és o Cristo
(Messias), o filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Jesus é o Messias prometido por
Deus ao seu povo. Ele é o Filho do Deus vivo, habitando entre nós. Ele é o Salvador
do mundo (cf. Jo 4,42). Ele é o nosso Médico (cf. Mt 9,12). Ele é a Verdade (cf.
Jo 14,6). Ele é fonte de Água viva (cf. Jo 4,10; 7,37-38). Ele é o Pão vivo
(cf. Jo 6,35.51). Ele é a Porta (cf. Jo 10,9). Ele é a Luz do mundo (cf. Jo
8,12). Ele é o verdadeiro Pastor (cf. Jo 10,11.14). Ele é a Videira verdadeira
(cf. Jo 15,1). Ele é a Ressurreição e a Vida (cf. Jo 11,25). Todas essas
respostas, nós as encontramos nos Evangelhos. Mas a questão principal é: Jesus está
no centro da nossa vida? Ele é a pessoa com a qual nos relacionamos todos os
dias?
“Feliz
és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso,
mas o meu Pai que está no céu” (Mt 16,17). Só o Pai pode nos revelar seu Filho:
“Ninguém vem a mim (crê em mim), se o Pai que me enviou não o atrair” (Jo 6,44).
Só a graça do Pai pode atrair nosso coração, nossos afetos e nossos pensamentos
para a pessoa de Jesus Cristo. Portanto, crer em Jesus não é uma questão de
mera vontade ou esforço humano, mas uma graça concedida pelo Pai, uma moção
interior do Espírito Santo: “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no
Espírito Santo” (1Cor 12,3). Sem uma experiência interior com a pessoa de Jesus
Cristo, aos poucos deixaremos de ser cristãos, porque isso não terá mais
sentido para nós.
Jesus
é o Salvador do mundo. Eu tenho consciência de que preciso ser salvo? Jesus é o
Médico dos corpos e das almas. Eu me reconheço doente? Eu permito que ele me cure?
Jesus é a Verdade. Eu permito que sua Verdade revele o mal que as minhas mentiras
me causam? Jesus é fonte de Água viva. Eu busco essa fonte todos os dias, para
saciar minha sede de sentido de vida? Jesus é o Pão vivo. Eu tenho fome desse
Pão? Eu alimento minha fé? Jesus é a Porta. Eu me esforço por entrar pela Porta
estreita do Evangelho? Jesus é a Luz do mundo. Eu desejo caminhar sob a sua
luz? Jesus é o verdadeiro Pastor. Eu me deixo conduzir por sua voz em minha
consciência? Jesus é a Videira verdadeira. Eu procuro permanecer ligado a esse
tronco, para receber dele a seiva do Espírito Santo todos os dias? Jesus é a
Ressurreição e a Vida. Eu creio nele para além da dor da morte? Eu me apoio
nele diante da dor da perda de pessoas que eu amo?
Se
nós reconhecemos ou não quem Jesus é, isso não muda nada nele, mas pode mudar
tudo em nossa vida. Santo Agostinho afirmava: “Quando você se afasta do fogo,
ele continua aceso e aquecendo, mas você se esfria. Quando você se afasta da
luz, ela continua brilhando, mas você se cobre de escuridão. O mesmo acontece quando
você se afasta de Deus”. Podemos também entender que não responder quem Jesus é
para nós não vai mudar nada no que ele é, mas vai fazer nossa fé perder o
sentido com o passar do tempo, porque, como vimos, da resposta a essa pergunta
depende o nosso relacionamento com ele. Tenhamos, portanto, a coragem de nos
confrontar com essa pergunta, para que ela atualize a nossa fé e dê um sentido novo
e mais profundo ao nosso relacionamento com Jesus.
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
Muito significativa a reflexão proposta... De encorajamento para o confontar-se para uma fé autêntica em maturidade. Bom domingo caríssimo Pe Paulo
ResponderExcluirMuito obrigado! Grande abraço, querido irmão!
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