quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

VOCÊ É UMA MISSÃO

Missa do 2º. dom. comum. Isaías 49,3.5-6; 1Coríntios 1,1-3; João 1,29-34.

            Por que você nasceu? Por que você existe? Segundo a Biologia, no momento da ejaculação 300 milhões de espermatozóides correm para fecundar o óvulo, mas somente um consegue, o que significa que você foi uma escolha da vida entre trezentos milhões de outras possibilidades. Então, por que a vida escolheu você e não outra pessoa? A resposta a essa pergunta nos é oferecida hoje pela Palavra de Deus: “Ele (o Senhor)... me preparou desde o ventre materno para ser seu servo” (Is 49,5). No princípio de tudo, no princípio da existência de cada um de nós não está o acidente, o acaso, a coincidência, mas o desejo de Deus, a escolha que Ele fez de cada um de nós. Ele nos escolheu para uma missão.
            Quando o Papa Francisco escreveu “A Alegria do Evangelho”, teve a felicidade de usar uma expressão maravilhosa: “Eu sou uma missão nesta terra e por isso estou neste mundo” (EG 273). Você nasceu não apenas porque tem uma missão; você é uma missão; sua existência neste mundo é única e vai deixar uma marca única de Deus para a humanidade. Deus escolheu você para ser um servo Seu. Perceba que a palavra “servo” se repetiu três vezes na primeira leitura. Para os tempos atuais, não é uma palavra simpática, mas vista de maneira negativa, depreciativa. No entanto, aos olhos de Deus ela se reveste de um importante significado: ser servo é ser escolhido e preparado para a missão de reconduzir as pessoas para a verdade, para a luz, para a libertação, para a salvação.      
            Fica fácil perceber que a palavra “servo” se encontra dentro da palavra “serviço”. Jesus é, por excelência, o “Servo” do Pai e quis que nós seguíssemos o seu exemplo, ao dizer: “Eu estou no meio de vocês como aquele que serve” (Lc 22,27). No entanto, no mundo atual, muitas pessoas desenvolveram a habilidade de perverter o “serviço” em “cargo” (poder). Desse modo, na nossa e em outras igrejas, muitos ambicionam cargos, mas poucos desejam servir. Essa ambição frequentemente se apresenta travestida de “amor à Igreja”, quando, na verdade, é amor ao próprio ego, amor a uma necessidade doentia de ocupar um cargo, de sentir-se superior, de servir-se dos outros para realizar o seu projeto pessoal de vida.     
            Por decepção com as pessoas ou com o mundo; por cansaço, por esgotamento ou por não ver “resultados” em sua missão, infelizmente muitos deixaram de servir; se tornaram pessoas até mesmo amargas, descrentes, desencantadas em relação à própria missão. Se você às vezes se sente assim, medite sobre essas palavras da Santa Madre Teresa de Calcutá: “O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra. Construa assim mesmo... O bem que você faz hoje, pode ser esquecido amanhã. Faça o bem assim mesmo. Dê ao mundo o melhor de você,
mas isso pode não ser o bastante. Dê o melhor de você assim mesmo. Veja você que, no final das contas, é tudo entre você e Deus. Nunca foi entre você e os outros”.
            Os textos bíblicos de hoje também nos colocam diante de outro servo de Deus: o apóstolo Paulo. Ele tinha a consciência de ser chamado a ser apóstolo pelo próprio Deus e não por uma ambição pessoal ou pela escolha dos homens. E ele nos disse uma coisa muito importante: nós, cristãos, fomos chamados pelo mesmo Deus a uma vida de santidade, santidade que significa pertencer a Deus e não ao mundo; santidade que significa procurar pautar a nossa vida pelo Evangelho e não pelo “todo mundo faz isso”.
            Por fim, o Evangelho nos coloca diante do testemunho de João Batista em relação a Jesus. Esse testemunho nos lembra que a nossa missão é ser, com todos os nossos limites e imperfeições, um sinal que aponta constantemente para Jesus Cristo, ajudando com que as pessoas do nosso tempo se encontrem com “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). O problema é que designar Jesus como “Cordeiro” não diz muito ao nosso mundo atual. Por isso, temos que recordar que, assim como o cordeiro pascal esteve presente no momento em que os hebreus foram libertos da escravidão do Egito (cf. Ex 12,1-28), assim Jesus é o Cordeiro que nos faz realizar a nova e definitiva Páscoa, a passagem da escravidão, onde deixamos de viver submetidos ao domínio do pecado, para uma vida que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus, Espírito que sustentou Jesus em sua missão e que hoje sustenta a nós, discípulos Seus.  
            Se o pecado ainda se faz presente no coração de cada um de nós e nas estruturas da nossa sociedade, é porque a nossa luta contra ele segue como uma tarefa diária, como diz a carta aos Hebreus: “(...) deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida marcada para nós. Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa” (Hb 12,1-2). Renovemos a nossa adesão ao Espírito Santo, com O qual Jesus nos batizou. Retomemos a cada dia a consciência da missão viva que somos como pessoas e a fidelidade ao serviço que o Senhor nos chamou a realizar, para que a Sua salvação chegue aos confins da terra (cf. Is 49,6).

Para a sua oração pessoal: Coração adorador (Banda Dom)


Pe. Paulo Cezar Mazzi

Um comentário:

  1. Serviu muito pra mim não dia de hoje ....Estou meio desanimado com o trabalho de coordenador na minha paroquia....

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