sábado, 2 de janeiro de 2016

A LUZ, QUANDO VERDADEIRA, CONDUZ PARA A ADORAÇÃO

Missa da Epifania (manifestação) do Senhor. Palavra de Deus: Isaías 60,1-6; Efésios 3,2-3a.5-6; Mateus 2,1-12.

            Onde há luz há vida, há presença. Se as luzes da casa estão acesas, significa que há alguém ali. A luz atrai, mas, às vezes, atrai para a morte; às vezes nós nos comportamos como moscas ao redor de uma luz que nos fascina, nos atrai, mas acaba por nos cegar e matar. Muitas crianças e adolescentes estão tendo insônia porque, antes de dormirem, ficam muito tempo expostos à luz da tela do celular... Que tipo de luz está presente em sua vida? Que tipo de luz te atrai, te seduz? Em torno de qual luz você tem girado? É uma luz que te cega ou que realmente te faz ver/enxergar?
            Diz o salmista, a respeito de Deus: “Com a tua luz nós vemos a luz” (Sl 36,10). Só na luz de Deus, que é a Verdade, você pode ver/enxergar a sua própria luz, a sua própria verdade. Assim, entendemos que a verdadeira luz é aquela que não só nos faz ver o que está à nossa volta, mas também enxergar o que há dentro de nós. Nós precisamos estar sob a luz que é Deus, para que possamos nos ver como realmente somos, para nos darmos conta do que em nós é luz e do que em nós ainda é escuridão.
            Este é o convite do profeta à cidade de Jerusalém: “Levanta-te, acende as luzes... Está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória se manifesta sobre ti” (Is 60,1-2). Levante-se! Reaja! Tome posição diante dos acontecimentos! Não aceite que as trevas te encubram! Acenda a sua luz! Seja uma luz para os outros! Mesmo que a política, a economia, o mercado estejam envolvidos em trevas, e nuvens escuras cubram cidades, escolas, locais de trabalho, igrejas etc., seja luz para a sua casa, para as pessoas com as quais você convive no dia a dia! Viva sob a luz que é Deus, e sua luz se acenderá sobre os outros.   
            Os magos do Oriente disseram, a respeito do nascimento de Jesus: “Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,2). Nós devemos ser uma luz, uma estrela que conduza as pessoas para a adoração. Jesus disse à samaritana que o Pai procura adoradores que O adorem em espírito e verdade (cf. Jo 4,23). O Pai não procura fanáticos cegos que enriqueçam seus líderes religiosos. O Pai também não procura fanáticos cegos que alimentem a violência religiosa, a chamada “guerra santa”. O Pai procura pessoas que, livre e conscientemente, se deixem conduzir pelo Espírito Santo e pela Verdade do Evangelho, que é Cristo.
            O Pai procura adoradores. Mas, o que é adorar? Ao encontrarem Jesus nos braços de Maria, os magos “ajoelharam-se diante dele e o adoraram” (Mt 2,11). A adoração nunca é uma atitude forçada ou superficial. Ela acontece naturalmente, quando a presença de Deus nos invade de tal modo que caímos de joelhos, reconhecendo a nossa miséria, o nosso nada. O apóstolo Paulo afirma que a adoração é consequência da escuta da Palavra por parte da pessoa: “os segredos do seu coração serão desvendados; ela se prostrará com o rosto no chão, adorará a Deus e proclamará que Deus está realmente no meio de vós” (1Cor 14,25). 
            Todo sacerdote tem essa importante tarefa de ser uma estrela que conduz o povo a ele confiado à verdadeira adoração ao único Deus, tomando cuidado com a tentação sempre presente do altar se tornar um palco para o show do eu. Quanto mais ostentação, quanto mais arreios, quanto mais o sacerdote chama a atenção do povo para si mesmo, menos chance de haver verdadeira adoração. Quanto menos penduricalhos, quanto menos ritualismo, quanto mais interioridade da Palavra, melhor. Só ela pode abrir o coração para a adoração ao verdadeiro Deus.   
            Ao adorarem Jesus, o rosto visível da misericórdia do Pai, os magos ofereceram-lhe ouro, incenso e mirra. O ouro significa o que você tem de mais precioso; o incenso, o que você tem de mais sagrado; a mirra, o que você tem de mais humano, sua dor mais intensa, sua ferida mais profunda. Deus não nos pede nada. Também não adianta nada estarmos caídos de joelhos diante d’Ele, quando o nosso coração está prostrado diante de algo ou de alguém que se tornou muito mais significativo para nós do que o próprio Deus. Revisemos se temos sido uma estrela que aponta para Deus e conduz as pessoas para a verdadeira adoração. Revisemos se temos ofertado a Deus de todo o coração o que temos de mais precioso, de mais sagrado e de mais humano... Que a nossa permanência diária sob a Sua luz possa nos ajudar a voltar a enxergar a nossa verdadeira luz... 

Pe. Paulo Cezar Mazzi

2 comentários:

  1. Parabéns padre Paulo... Já passei seu blog para várias amigas...porque VC tem o dom da palavra

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    1. Rogéria, muito obrigado pelo incentivo. Você também está ajudando a fazer a semente do Evangelho chegar a muitos outros "terrenos". Deus a abençoe! Pe. Paulo.

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