Missa
de Cristo Rei. Palavra de Deus: Daniel 7,13-14; Apocalipse 1,5-8; João
18,33b-37.
Sem ela você não tem paz. Quanto
mais distante dela, menos alegria você sente. Por ignorá-la, muitos fazem mal a
si mesmos e aos outros. Por desconhecê-la, muitos vivem presos a situações de
dor e de sofrimento desnecessários. Só ela cura; só ela liberta; só ela pode
nos devolver paz, alegria e liberdade interior. Do quê estamos falando? Da Verdade;
Verdade com “V” maiúsculo, porque não se trata da minha ou da sua verdade,
mas da Verdade em si.
Jesus
acabou de nos dizer: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da
verdade” (Jo 18,37). A Verdade é tão necessária em nossa vida, que o apóstolo
Paulo chega a afirmar que Deus “quer que todas as pessoas sejam salvas e
cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Por outro lado, o desconhecimento
da Verdade é tão prejudicial ao ser humano que Deus afirma pelo profeta Oséias:
“Meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento” (Os 4,6). Quando você
desconhece a sua verdade como pessoa e como filho(a) de Deus, corre o risco de
ter atitudes que causam destruição para si, para os outros, para a sociedade e
para o Planeta. Por desconhecerem a Verdade sobre si mesmos, muitos aderem à
violência e às drogas. Por não suportarem a Verdade sobre si mesmos, muitos se
refugiam na bebida ou num comportamento autodestrutivo.
Mas, o que é a Verdade? O próprio Jesus disse
que Ele é a Verdade (cf. Jo 14,6). Em que sentido? Jesus é a Verdade a respeito
de Deus e a Verdade a respeito do ser humano. Sendo verdadeiramente Deus, Jesus
corrige nossas imagens distorcidas de Deus. Sendo verdadeiramente homem, ele
corrige a imagem distorcida que possamos ter de nós mesmos e dos outros. Por
isso, ele disse: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).
É possível que você passe uma vida inteira preso(a) a uma imagem errada de Deus,
de si mesmo(a) ou dos outros, sofrendo, carregando algum tipo de culpa, de condenação
ou de rejeição, fazendo mal a si mesmo(a) e aos outros, simplesmente por desconhecer
a Verdade. Essa é a importância da Verdade: só ela nos liberta da culpa que nos
adoece e do medo que nos paralisa e nos aprisiona.
Se
pudéssemos usar uma imagem para representar a Verdade, ela seria como uma água
cristalina dentro de nós. Mas sobre esta água foi construída uma camada de
concreto que não nos deixa ter acesso a ela. Quem construiu essa camada de
concreto? Uma parte fomos nós mesmos, para nos “defender” da Verdade que
desmascara as nossas ilusões; a outra parte foram pessoas ou o “mundo”, que nos
dizem quem devemos ser e como devemos nos comportar, se quisermos
ser reconhecidos como alguém que tem
valor.
Essa
camada de concreto pode ser quebrada, para que possamos ter acesso a essa água
cristalina da Verdade? Sim, mas não sem esforço, não sem dor, não sem
sofrimento, não sem uma certa “violência”. Normalmente, essa camada de concreto
se quebra quando tomamos a coragem de encarar uma terapia, ou quando sofremos
um choque na vida (doença, acidente, perda) que nos faz “acordar”; é quando nos
damos conta de que não podemos mais continuar a sobreviver na mentira, isto é,
na superfície de Deus e de nós mesmos. Se quisermos verdadeiramente viver,
precisamos começar a mergulhar na Verdade de Deus a nosso respeito, Verdade que
se encontra no profundo de nós mesmos.
Jesus
disse: “Todo aquele que é da verdade escuta (obedece) a minha voz (na
consciência e no coração)” (Jo 18,37). O problema é que eu possa escutar, mas decidir não obedecer. Eu posso me encontrar com a Verdade, mas não me deixar convencer por ela. Porém, eu
devo ter consciência de que tudo na vida tem um preço. Quem decide não mexer na
sua camada de concreto e manter-se distante da Verdade, paga um preço. Quem
decide o contrário, paga outro preço. O importante é recordar esta afirmação
bíblica: “Nós nada podemos contra a verdade, mas só temos poder a favor dela”
(2Cor 13,8). Em outras palavras, eu só me sinto forte, só experimento alegria e
paz, quando vivo e me comporto em sintonia com a Verdade. Quanto mais distante
dela, mais angústia, mais medo, mais falta de paz e mais sofrimento psíquico me
acompanham.
Oração:
Pai, Tu és chamado “o Deus da Verdade” (Is 65,16). Coloco diante de Ti todas as
imagens erradas que tenho a Teu respeito, bem como a respeito de mim, dos
outros e da vida, e Te peço: “Guia-me com a tua verdade, ensina-me, pois tu és
o meu Deus salvador” (Sl 25,5). “Envia tua luz e tua verdade: elas me guiarão”
(Sl 43,3). “Que Deus envie sua graça e verdade!” (Sl 57,4). Compreendo que o
melhor que tenho a fazer é parar de fugir da Verdade e deixar-me encontrar,
curar e libertar por ela. Só nela eu tenho “poder”; só nela eu consigo me manter
em pé diante dos ventos contrários da vida; só nela eu encontro verdadeiramente
paz, alegria e liberdade. Peço Tua Verdade, Senhor, para a consciência e o
coração de cada pessoa, sobretudo para aqueles que, por desconhecê-la, estão
fazendo o mal a si mesmos, aos outros e ao mundo. Que a Tua Verdade liberte os
que estão aprisionados em todo tipo de sofrimento e de injustiça provocados por
aqueles que, por meio da religião, da economia e da política, ignoram a Verdade
sobre Ti e sobre o ser humano. Concede-nos escuta obediente à voz de Teu Filho
Jesus Cristo, que veio nos trazer “a Palavra da verdade” (Ef 1,13) que nos
liberta e nos salva. Amém!
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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