Missa da Santíssima Trindade. Palavra de
Deus: Êxodo 34,4b-6.8-9; 2Cor 13,11-13; Jo 3,16-18.
Na matemática dos homens, 1 + 1 = 2, mas
na matemática de Deus, 1 + 1 = 3. Existe o Pai, existe o Filho, e o amor ou a
comunhão que une o Pai ao Filho e o Filho ao Pai se chama Espírito Santo.
Nós só tomamos consciência das três
Pessoas divinas no Novo Testamento, como Paulo acabou de mencioná-las: “A graça
do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós”
(2Cor 13,13). Porém, desde o Antigo Testamento, desde o início da Sagrada
Escritura, Deus fala de Si mesmo usando o plural e não o singular. Por exemplo,
ao criar o ser humano, Deus diz: “Façamos
o homem à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gn 1,26). Da mesma
forma, quando visita Abraão, Deus aparece na figura de três homens (cf. Gn 18,1-16).
Na música “Índios”, o grupo Legião
Urbana cantava: “Quem me dera ao menos
uma vez entender como um só Deus ao mesmo tempo é três...”. Mais importante
do que “entender” o que a Igreja chama de “mistério” da Santíssima Trindade, trata-se
de compreender o que esse “mistério” tem a dizer para a nossa vida hoje. 1 + 1
= 3: existo eu, existe você e existe o nosso relacionamento. A partir do
momento em que eu e você começamos a construir um relacionamento, a questão não
é mais saber o que convém a mim ou o que convém a você, mas o que convém ao
nosso relacionamento. Se alguma coisa parece ser conveniente apenas a mim, ou apenas
a você, mas não é conveniente para o nosso relacionamento, ela, na verdade, não
é conveniente.
O Pai ama o Filho, e no Filho ama toda a
humanidade: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que não
morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Jesus, por sua
vez, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
E, como celebramos em Pentecostes, “o amor de Deus foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Dizendo de outra
maneira, por amor a nós, o Pai nos deu o Filho como nosso Salvador. O Filho,
por sua vez, nos deu o Espírito Santo como Consolador. O Espírito Santo, por
sua vez, nos coloca em comunhão de amor com o Pai e o Filho. Quem crê nesse
amor e se deixa amar experimenta a vida eterna, mas quem não crê e não se deixa
amar, experimenta a solidão eterna.
A comunhão de amor entre o Pai, o Filho
e o Espírito Santo contrasta com a solidão e o individualismo do mundo moderno.
Ao tentarem criar comunhão com outras pessoas, muitos se frustraram, se
machucaram, foram traídos, se desencantaram, e acabaram por se isolar, por medo
de novas desilusões. Na última quinta-feira se comemorou o dia dos namorados.
Muitos meninos dizem que hoje não há menina que “preste”, enquanto muitas
meninas dizem o mesmo em relação aos meninos. Em meio a esse mútuo desencanto,
algumas pessoas decidiram pautar sua vida pelo lema “melhor sozinho do que mal
acompanhado”, enquanto outras se identificaram com as palavras de Erasmo
Carlos, na música “Mesmo que seja eu”: Filosofia
é poesia, é o que dizia minha avó: “Antes mal acompanhada do que só”. Você
precisa de um homem pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu.
Muitos relacionamentos fracassaram ou
estão fracassando porque cada um dos parceiros está buscando apenas aquilo que
convém para si, e não para o seu relacionamento. O mundo em que vivemos nos
ensina a sermos pessoas egocêntricas: “EU quero ser feliz”, “EU vou atrás da
MINHA felicidade”. Além disso, como vivemos dentro da cultura do BEM ESTAR,
desaprendemos a lidar com a dor, nos esquecendo de que amar dói, como disse
Madre Teresa de Calcutá: “O amor, para ser verdadeiro, tem de doer.
Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é preciso dar até que isso nos
machuque”.
“Quando ainda era noite” Moisés levantou-se e “subiu ao monte Sinai” (Ex 34,4). Ao mesmo tempo, “o Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés” (Ex 34,5). É assim que acontece a nossa comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito nós: nós subimos a Eles, por meio da oração, e Eles descem a nós. Estando na presença de Deus, “Moisés curvou-se até o chão” (Ex 34,8). Diante do quê ou de quem nos curvamos, ou estamos curvados? Curvar-se significa admitir a nossa pequenez diante de um mistério que nos ultrapassa. Ali, prostrado por terra na presença de Deus, Moisés disse: “Peço-te, caminha conosco... perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua” (Ex 34,9). Hoje nos curvamos diante do mistério da Santíssima Trindade e pedimos que, apesar das nossas falhas e pecados quanto ao amor, quanto aos nossos relacionamentos, sejamos acolhidos como propriedades do Pai, do Filho e do Espírito Santo, nas mãos dos Quais podemos ser curados das nossas feridas e libertos das amarras do nosso egocentrismo.
“Quando ainda era noite” Moisés levantou-se e “subiu ao monte Sinai” (Ex 34,4). Ao mesmo tempo, “o Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés” (Ex 34,5). É assim que acontece a nossa comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito nós: nós subimos a Eles, por meio da oração, e Eles descem a nós. Estando na presença de Deus, “Moisés curvou-se até o chão” (Ex 34,8). Diante do quê ou de quem nos curvamos, ou estamos curvados? Curvar-se significa admitir a nossa pequenez diante de um mistério que nos ultrapassa. Ali, prostrado por terra na presença de Deus, Moisés disse: “Peço-te, caminha conosco... perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua” (Ex 34,9). Hoje nos curvamos diante do mistério da Santíssima Trindade e pedimos que, apesar das nossas falhas e pecados quanto ao amor, quanto aos nossos relacionamentos, sejamos acolhidos como propriedades do Pai, do Filho e do Espírito Santo, nas mãos dos Quais podemos ser curados das nossas feridas e libertos das amarras do nosso egocentrismo.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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