Missa
do 6º. dom. comum. Palavra de Deus: Eclesiástico 15,16-21; 1Coríntios 2,6-10; Mateus
5,17-37.
É muito comum você encontrar, na
internet, manifestações contrárias às igrejas e às religiões, mas não
contrárias a Deus. Algumas pessoas, por exemplo, postam no seu Face afirmações do tipo: “Eu quero Deus;
não quero religião, nem igreja, nem doutrina”. Pessoas rejeitam religiões,
igrejas e doutrinas porque rejeitam proibições.
Quando Jesus iniciou sua pregação,
muitas pessoas se encantaram com Ele, pela forma como falava de Deus. Mas,
diante da expectativa de que Jesus tivesse vindo anunciar um Deus sem doutrina,
cuja Palavra não nos proíba de nada, Jesus esclareceu: “Não pensem que vim para
abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno
cumprimento” (Mt 5,17). Jesus não veio nos apresentar um Deus que nunca nos
diga “Não; isso não pode, isso não deve!” Ele veio nos esclarecer o motivo pelo
qual Deus às vezes nos diz: “Não; isso não pode, isso não deve!” E o motivo
está em educar a nossa liberdade de escolha:
“Diante de ti, ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes
estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele
receberá aquilo que preferir” (Eclo 15,17-18).
A Palavra de Deus existe para nos
ensinar a escolher a vida e não a morte, a felicidade e não a infelicidade. Quem
se afasta da Palavra sente Deus cada vez mais distante de si. Consequentemente,
não experimenta a presença, o amor e a salvação de Deus em si. Quem se aproxima
da Palavra, sente Deus cada vez mais próximo de si. Consequentemente,
experimenta a presença, o amor e a salvação de Deus em si (cf. Mt 5,19-20).
A Palavra diz: “Não matarás!”, mas Jesus
aprofunda o sentido de “matar”: quando nos enchemos de cólera, ou nos deixamos
dominar pela raiva, ou ainda agredimos as pessoas com palavras, isso também é “matar”
(cf. Mt 5,22). Se vamos a uma igreja buscar a nossa comunhão com Deus, essa
comunhão só se dará depois que tivermos nos reconciliado com a pessoa de quem
estávamos distantes. Em outras palavras, quem toma a decisão de viver distante
do outro não tem como sentir Deus perto de si (cf. Mt 5,23-24). E se você
decide que só vai se reconciliar com a pessoa depois que ela “pagar o último
centavo” do que lhe deve, saiba que é você quem ficará preso no seu
ressentimento, e dali não sairá até que não beba a última gota do veneno do seu
ressentimento (cf. Mt 5,26).
A Palavra diz: “Não cometerás adultério”,
mas Jesus chama a atenção para a dinâmica do desejo em nós. Um homem não escolhe
sentir desejo por uma mulher, e vice-versa. O desejo está inscrito em nossa
natureza humana. O problema é quando distorcemos o desejo em posse: “eu quero
tal pessoa para mim!”; “tal pessoa tem que ser minha!” O problema não está em
você sentir desejo por alguém, mas em permitir “ser arrastado” por esse desejo,
de forma que ele destrua a sua família e/ou a família da outra pessoa (cf. Mt
5,27-28).
Uma pergunta: Você sabe quem conhece os seus desejos? Além de Deus, de você
mesmo(a) e do seu coração, também o seu celular, o seu computador, o provedor
da sua internet, além de uma infinidade de espiões que vigiam seus passos toda
vez que você navega na internet. Uma outra pergunta, em relação à forma como
você lida com seus desejos: Você é uma
pessoa “fácil”? Ao denunciar a infidelidade do povo de Israel para com
Deus, o profeta Jeremias disse: “Quem quiser procurar você não terá
dificuldade, ele o(a) encontra no seu mês” (Jr 2,24). A expressão “no seu mês”
se refere à época do cio. No campo da sexualidade, as tentações normalmente encontram
dificuldade em vencer você, ou você já se tornou para elas apenas “café pequeno”?
Ainda em relação à forma de lidar com
nossos desejos, Jesus diz que, se preciso for, devemos arrancar nosso olho ou
cortar nossa mão. Em outras palavras, precisamos aprender a dizer “não” a nós
mesmos, convencidos de que é muito melhor perder uma ocasião de prazer do que
estragar nossa vida, nosso relacionamento, nossa família, por causa daquele
momento de prazer (cf. Mt 5,29-30).
Por fim, a Palavra de Deus nos convida a perceber se a nossa palavra humana tem crédito ou não diante dos outros: “Que o seu ‘sim’ seja sim, e o seu ‘não’, não” (Mt 5,37). Jesus nos ensina a sustentar aquilo que dizemos, a sermos coerentes, a vivermos de acordo com aquilo que falamos, sem a necessidade de “jurar”, pois uma pessoa que precisa jurar, na verdade tem uma palavra fraca, não digna de crédito. Que essas indicações do Evangelho nos ajudem a purificar a nossa liberdade de escolha de todo egoísmo de nossa parte e também da “tirania do prazer”, imposta pela sociedade em que vivemos.
Por fim, a Palavra de Deus nos convida a perceber se a nossa palavra humana tem crédito ou não diante dos outros: “Que o seu ‘sim’ seja sim, e o seu ‘não’, não” (Mt 5,37). Jesus nos ensina a sustentar aquilo que dizemos, a sermos coerentes, a vivermos de acordo com aquilo que falamos, sem a necessidade de “jurar”, pois uma pessoa que precisa jurar, na verdade tem uma palavra fraca, não digna de crédito. Que essas indicações do Evangelho nos ajudem a purificar a nossa liberdade de escolha de todo egoísmo de nossa parte e também da “tirania do prazer”, imposta pela sociedade em que vivemos.
Pe. Paulo Cezar Mazzi
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