Missa do 1º dom. do advento. Palavra de
Deus: Isaías 2,1-5; Romanos 13,11-14a; Mateus 24,37-44.
O Tempo do Advento, que hoje iniciamos,
é composto por quatro semanas. Nas duas primeiras, fortalecemos a nossa esperança
diante da segunda vinda de Jesus, com poder e glória; nas duas últimas, fazemos
a memória da sua primeira vinda, na fragilidade da carne humana, como afirma o
Prefácio do Advento I: “Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez
para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação.
Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude
os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos”.
Um profeta nos ajuda a viver o Tempo do
Advento: Isaías. Ele é, por excelência, “o profeta da espera”. Toda a sua
profecia está direcionada para a vinda de Cristo, o qual restaurará todas as
coisas. E aqui está a primeira profecia de Isaías: “Acontecerá, nos últimos
tempos” (Is 2,2). Isaías levanta o véu que cobre os nossos olhos e nos impede
de enxergar para além do momento presente. Ele nos revela o que acontecerá: Cristo
virá para nos ensinar, e o seu ensinamento provocará uma transformação em nós: “transformarão
suas espadas em arados e suas lanças em foices: não pegarão em armas uns contra
os outros e não mais travarão combate” (Is 2,4).
Diante dessa transformação de pessoas
agressivas em pessoas que promovem a paz, podemos nos perguntar como anda a
nossa agressividade, a nossa impaciência e a nossa baixa tolerância. Sempre é
bom lembrar que nós não escolhemos sentir agressividade, raiva, ódio,
nervosismo – há situações específicas que despertam essas coisas em nós. Mas é
nossa responsabilidade escolher a forma de lidar com isso. Se, na noite de
Natal, o profeta Isaías proclamará que o menino que nasceu para nós é “o
príncipe da paz” (Is 9,5), precisamos, desde agora, reconhecer todo tipo de
agressividade que nos habita e permitir que Jesus opere uma transformação
interior dos nossos instintos, para que este Natal não seja uma mentira em
nossa vida. Portanto, acolhamos o convite do profeta: “Deixemo-nos guiar pela
luz do Senhor” (Is 2,5).
O Tempo do Advento nos convida a olhar
para frente: “agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a
fé” (Rm 13,11). O Cristo que nos alcançou no passado, por meio do Evangelho,
está à nossa frente: “Cristo foi oferecido uma vez por todas para tirar os
pecados da multidão; Ele aparecerá uma segunda vez (...), àqueles que o esperam
para lhes dar a salvação” (Hb 9,28). Essa segunda vinda de Cristo é chamada no
Novo Testamento de “Dia”, “Dia do Senhor Jesus”: “O dia vem chegando:
despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,12).
Na missa do dia de Natal, o Evangelho
nos recordará que “nele (em Jesus Cristo) estava a vida, e a vida era a luz dos
homens” (Jo 1,4). Se nessa época do ano muitas casas são enfeitadas com “luzes
de Natal”, tais luzes nos lembram do nosso compromisso de vivermos como filhos
da luz e não das trevas. Concretamente, isso significa não nos comportarmos
como pagãos: nada de comer exageradamente, beber exageradamente, levar vida
sexual desregrada, viver em brigas (de novo, a agressividade) e com rivalidades
(cf. Rm 13,13). Essa palavra do apóstolo Paulo nos revela o quanto o final do
ano é uma época onde o paganismo escancara a sua face.
Acolhamos agora a palavra de Jesus, no
Evangelho: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé (...): todos
comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé
entrou na arca. E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos”
(Mt 24,37-39). A questão principal está aqui: eles nada perceberam até que veio
a destruição. Esse é retrato do nosso mundo. A indústria da distração foi
criada para não percebermos o que está acontecendo à nossa volta. Nós buscamos
nos desligar da realidade mergulhando em vídeos, filmes, séries etc., enquanto
os grandes bilionários seguem firmes no seu propósito insano de enriquecimento
sem limites à custa da destruição do Planeta.
A vinda de Jesus não será precedida por
nada de espetacular porque, na verdade, ele vem todos os dias e nos visita nas
mais diversas situações. Quem espera por algo grandiosamente impactante, para
só então mudar suas atitudes, vai morrer por situações desastrosas criadas por si mesmo. Mas, atenção! Essa destruição não se refere a todos, como Jesus
acabou de afirmar: “Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e
o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e
a outra será deixada” (Mt 24,40-41). Ser levado significa ser salvo; ser
deixado significa ser condenado à destruição que a própria pessoa ajudou a
provocar. Portanto, a salvação passa por uma escolha livre e consciente de cada um.
Eis o apelo final de Jesus: “ficai
atentos!” (Mt 24,42); “ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o
Filho do Homem virá” (Mt 24,44). Toda pessoa que decide separar um tempo diário
para meditar e rezar percebe os sinais da vinda de Jesus na sua vida
particular. Ela não será surpreendida, por causa da sua preparação diária
para o encontro com o seu Esposo e Salvador.
Pe.
Paulo Cezar Mazzi
Oração
do Advento
Para
Te acolher, Senhor Jesus, para preparar nossa terra, para crer em Ti, nosso
grande Senhor e Salvador, não há nada de extraordinário a fazer: basta ter um
coração sincero e sem máscaras. Basta ter um olhar de acolhida e ternura para
com toda pessoa que encontramos no dia a dia. Basta colocar nos lábios o
sorriso e a alegria. Basta abrir as mãos para dar e repartir. Basta ser
atencioso e fiel à Tua Palavra. Basta amar, sem colocar condições. Basta ouvir
o Teu apelo e decidir mudar de vida, Senhor! Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário