sexta-feira, 19 de julho de 2013

ACOLHER AQUELE CUJO AMOR PODE NOS TRANSFORMAR

Missa do 16º. dom. comum. Palavra de Deus: Gênesis 18,1-10a.; Colossenses 1,24-28; Lucas 10,38-42.

    Você gostaria que Deus estivesse mais presente na sua vida? Você gostaria que Ele abençoasse os seus projetos, sua vida afetiva, e tornasse mais fecundo o seu trabalho? Você gostaria que Deus livrasse você dos seus inimigos e lhe protegesse do mal? Deus pode fazer tudo isso e muito mais, mas, para isso, Ele precisa ser acolhido por você, como foi acolhido por Abraão (1ª. leitura), e também como Jesus foi acolhido por Maria (Evangelho).
      Abraão acolheu Deus sem saber, e O acolheu com generosidade e gratuidade, sem esperar nenhuma recompensa pelo que estava fazendo. Acolhendo aqueles três homens, Abraão, sem o saber, deixou Deus entrar num espaço maior e mais profundo da sua vida, e ali, naquele espaço, recebeu a bênção que tanto esperava: a cura da esterilidade de Sara e a promessa do nascimento de um filho.
     Este texto de Gênesis nos coloca algumas perguntas: Você acolhe Deus no seu dia a dia? De que maneira? Até onde você permite que Ele entre na sua vida? Você é uma pessoa mesquinha ou generosa no tempo que permite a Deus entrar no seu dia a dia, por meio da oração?
       Da mesma forma como Abraão acolheu a visita de Deus, Marta e Maria acolheram Jesus em sua casa, com a diferença que Marta continuou “ocupada com muitos afazeres”, enquanto que “Maria sentou-se aos pés do Senhor, e escutava sua palavra” (Lc 10,39). Tanto a visita de Deus a Abraão, como a visita de Jesus a Marta e Maria não se deram no Templo, durante uma celebração, mas no cotidiano de suas vidas. Para nós, que gostaríamos de ter uma experiência mais profunda de Deus e de perceber Sua presença de forma mais significativa em nossa vida, a Palavra está nos dizendo que o nosso cotidiano é o lugar onde Deus nos visita e se manifesta de muitas formas, mas talvez não esteja sendo percebido por causa da nossa constante agitação e dispersão.
       “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária” (Lc 10,41-42). Para que e para quem andamos preocupados e agitados? No seu dia a dia, você se ocupa com muitas coisas, mas será que se ocupa com o mais necessário? A questão não é o que você tem a fazer todos os dias, mas como você o faz: se confiando em Deus ou se contando apenas consigo mesmo(a). Até mesmo se você trabalha para Deus, é preciso se lembrar de que o Reino é dom (depende de Deus) e tarefa (depende de você), não só uma coisa, não só outra.
       Pessoas do tipo “Marta” vivem sempre ocupadas porque, dessa forma, se sentem importantes e até insubstituíveis. Cedo ou tarde, elas se esgotam e adoecem. Na verdade, sempre que agimos contra aquilo que a nossa alma precisa, adoecemos. Nossas doenças são o sinal de que estamos desrespeitando aquilo que a nossa alma sabe ser o mais necessário para nós.
      “Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10,42). Assim como Marta, Maria também tinha suas ocupações, mas ela “escolheu” naquele momento sentar-se aos pés de Jesus e escutar a sua palavra. Apesar de tantas ocupações, de tantas solicitações, você pode e deve “escolher”; você deve saber o que priorizar, perceber o que é mais necessário a ser feito.  
     O dia de cada um de nós começa e termina cheio, mas a atitude de Maria nos diz que podemos viver o nosso dia de uma outra maneira. Antes de olhar para as tarefas, para os problemas daquele dia, olhe para o Senhor. Antes de se encontrar com qualquer outra pessoa, encontre-se com o Senhor. O seu primeiro contato não deve ser nem mesmo com os que estão em sua casa, mas com o Senhor, que quer ser o hóspede da sua alma. Antes de você sair de casa e começar a ouvir reclamações, pedidos, ou seja lá o que for, ouça o Senhor. Enfim, como você espera que o seu dia seja bem sucedido, se você começou a vivê-lo contando apenas com sua própria força? 
      Todos os dias o Senhor visita a humanidade, e procura uma casa onde entrar, um coração onde ficar, oferecendo o Seu “incansável amor, que procura a quem transformar e transforma a quem encontrar” (Walmir Alencar)... 

                                 Pe. Paulo Cezar Mazzi

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